quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Respostas

Sim, o francês mala sem alça e sem noção ligou no dia seguinte. Ou melhor, enviou um torpedo.

Pra piorar a historia, com erros de ortografia de francês que até eu notei.

E não, eu não sai com ele.

Next, please! :))

domingo, 7 de dezembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! – Parte III

Ok, imagino que vocês não agüentam mais ouvir (ou melhor, ler) sobre o Beaujolais e devem estar pensando: “puxa vida, mas a Rachel não tem nada diferente para contar?”

Mas o que acontece é que o Beaujolais foi realmente muito celebrado por aqui este ano (quando eu digo por aqui, leia-se “por mim e pelas minhas amigas”) e tenho que contar como foi o terceiro dia de festa. Mas prometo que é o ultimo post sobre o Beaujolais! (pelo menos este ano)

Acontece que a Karine, uma ex-colega de trabalho (ex porque ela saiu do Grupo, mas continua minha amiga!) tem um amigo produtor de vinho na região do Beaujolais. E este amigo, assim como todos os outros produtores, todos os anos faz uma tarde de degustação do tal vinho (aquele-que-vocês-não-querem-mais-nem-ouvir-falar).

Então la fomos nos, Karine, Sandrine e eu, no sabado à tarde, degustar o vinho do produtor local.
Estava um frio do cão, ou melhor, um frio de pato, como eles dizem por aqui (un froid de canard!). Saindo de Lyon, estava fazendo 5°C, mas conforme iamos avançando em direção ao Beaujolais, a temperatura ia caindo, caindo, até que chegou a -1°C. E quando chegamos la, imaginem o que aconteceu? Começou a nevar!!!

Gente, eu nunca tinha visto neve na vida. Alias, esta é uma das coisas que quando eu falo aqui, ninguém acredita (entre outras, ninguém aqui acredita também quando eu digo que não tomo café e que nunca coloquei um cigarro na boca, mas enfim, isto é assunto para outro post...). Claro que ja vi neve de longe, tipo sobrevoando os Alpes ou a Cordilheira dos Andes (nossa, ficou meio metida esta frase). Mas nunca tinha visto neve caindo e nunca tinha tocado na neve antes. De modo que, quando vi os primeiros floquinhos de neve caindo, branquinhos e parecendo algodão (ok, concordo que a comparação entre neve e algodão deve estar entre os top 10 dos clichês a serem evitados num texto, mas vendo a neve ali, não me veio outra coisa à cabeça), fiquei boba e parecia uma criança. Não parava de dizer: “estou vendo neve pela primeira vez, que lindo!”.

Enfim, passado o abobamento inicial, estava um frio de pato la fora e entramos no galpão la do produtor para beber vinho e ficar mais quentinhas...
A idéia era apenas tomar um vinhozinho, conversar um pouco e ir embora... Pois é, mas chegamos la às três da tarde e saimos mais de nove da noite! Imaginem a quantidade de “vinhozinho” que tomamos.

Ao contrario dos vinhos que haviamos tomado nos outros dias, os vinhos que provamos neste produtor eram muito bons. So que eu não pude exagerar, até porque estava dirigindo e tinha que pegar estrada de volta, e meu figado agradeceu. O coitadinho não estava agüentando mais!

Além dos vinhos, havia também muita comida. Paezinhos, tortas, pizzas... Hummm, estava tudo muito bom e, o que é melhor ainda, tudo de graça! Claro que os produtores de vinho fazem tudo isto porque depois a gente acaba comprando umas garrafas, mas não pude deixar de pensar se no fim das contas o negocio é mesmo rentavel para eles...

Bom, mas a parte mais engraçada da historia é que, entre vinhos, comidinhas e conversas, acabamos conhecendo um monte de gente. E, entre este monte de gente, um carinha francês se engraçou comigo. Começamos a conversar e tal e ele pegou meu numero de telefone. Até ai, tudo bem. So que o cara começou a beber, beber, beber e beber e dai ficou muito bêbado e muito chato! Sabe aqueles bêbados mala sem alça mesmo? Não parava de me seguir, ficava repetindo vinte vezes a mesma coisa e eu tentando me esquivar... Agora, o pior estava por vir: os amigos dele foram embora e o largaram la (o cara é tão mala que nem os amigos agüentaram) e quem teve que leva-lo para casa no fim das contas? Euzinha aqui...

Detalhe que onde o cara morava não era nem um pouco meu caminho, e eu não estava nem um pouco a fim de levar o mala sem alça para casa, mas como antes dele ficar bêbado, eu tinha dito que o levaria embora, não tinha como larga-lo la (é, eu sei, eu sou uma boa pessoa. Meu pedacinho do céu esta quase garantido!).

Pois agora é que vem o melhor da historia: assim que entrou no carro, o mala capotou! Dormiu mesmo, com a cabeça caindo pra frente e tudo! So faltou babar... E eu la, desesperada pois não tinha a minima idéia de onde o cara morava. Moral da historia: passei o caminho inteiro cutucando o cara e falando para ele acordar e me indicar o caminho... Ninguém merece!
Recapitulando a historia, caso o surrealismo da situação tenha passado desapercebido: menino conhece menina numa degustação de vinho. Menino se interessa pela menina. Menina até que acha o menino bonitinho. Menino pega o telefone da menina. Menino bebe que nem um pau d’agua e dorme no carro da menina.

Não, gente. Fala sério. E so comigo que acontecem estas coisas, né? So rindo mesmo... Depois que eu digo que a minha vida é surreal, ninguém acredita!

Pequena enquete agora, para meninos e meninas: caso vocês fossem o menino em questão, teriam coragem de ligar para a menina no dia seguinte, depois de ter pago o king kong de dormir no carro dela? Mandem suas respostas através dos comentarios, please!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! – Parte II

Sexta-feira. O alarme do meu celular toca às 7 da manhã, mas eu so levanto às 8.

Opa, opa, opa! Perai! Por que ta tudo girando? Por que minha cama não para de mexer? Vou me levantando aos poucos, ponho os pés no chão e tento ficar de pé, mas não consigo. A impressão que eu tenho é que ainda estou bêbada, mesmo depois de ter dormido. Alias, a impressão que tenho é que estou mais grogue do que estava quatro horas atras, quando fui dormir. Talvez não seja so impressão.

Também, que idéia de ir degustar o novo Beaujolais depois de um dia de trabalho, três horas de dança e sem ter comido nada!

O mundo gira, a cabeça doi e estou super enjoada. Agora entendi porque dizem que este vinho não é bom. E agora também posso integrar a lista dos que dizem que ressaca de vinho é a pior que existe.

O mais curioso de quando se acorda assim é que, ao mesmo tempo em que você ja esta atrasado e precisa fazer tudo correndo, você não consegue, porque o mundo esta girando e parece que tem alguém constantemente chacoalhando a sua cabeça. E então você tem que fazer tudo muito, mas muito lentamente e acaba se atrasando mais ainda.

Finalmente, consegui levantar e me arrumar. Até que estava orgulhosa de mim mesma pois, passado o mal estar inicial, estava conseguindo me manter em pé e a minha cara até que não estava tão mal assim. Nem parecia que eu estava de ressaca.

Quando cheguei no trabalho, tive a confirmação de que a Lei de Murphy foi criada com base na minha vida. Ou na vida de alguém tão zicado quanto eu. Porque a primeira pessoa que eu encontro, logo no estacionamento, é a minha chefe. Até ai, tudo bem. Como eu disse antes, minha cara até que estava enganando. O problema foi quando ela me disse: “Bonjour!” e, quando eu fui responder, descobri que a minha voz não estava saindo!

Até então, eu não tinha notado que havia um problema com a minha voz. Acabei me dando conta, neste exato momento, que este é um inconveniente de morar sozinho... Como você não fala com ninguém de manhã em casa (e eu não costumo falar sozinha), você chega ao trabalho achando que ta tudo bem com a sua voz e, quando alguém te diz bom dia, você paga aquele micão, porque o seu bom dia sai meio roco, meio fanho, meio desengonçado! Acho que vou começar a trocar umas idéias comigo mesma de manhã...

Dai a minha chefe me pergunta: “Você esta doente?”. Ao que eu respondo: “Não, esta tudo bem, é que ontem eu fiz a festa, fui degustar o Beaujolais e hoje acordei assim”. Não, eu não sou idiota. Claro que poderia ter mentido e dito que tinha acordado com dor de garganta. Mas o problema é que no meu departamento não ha nenhuma possibilidade de guardar um segredo, nenhuminha, por mais remota que seja. La, tudo se sabe, tudo se fica sabendo. E, como eu fui para o Beaujolais com uma amiga do trabalho, com certeza todo mundo ia ficar sabendo depois. Não é por acaso que eu trabalho na “Comunicação Interna”. Mentir para a chefe no estacionamento so ia piorar as coisas... Dai minha chefe riu e disse que estava feliz por ver que a brasileirinha tinha se integrado tão rapidamente à vida boêmia em Lyon... Que beleza, agora minha chefe acha que eu sou uma pinguça!

Bom, mas não preciso nem dizer que meu indice de produtividade no trabalho este dia chegou bem proximo de zero, né?

O pior foi que, além da Sandrine, outra amiga do trabalho também tinha festejado o Beaujolais na noite anterior (mas não com a gente) e também estava de ressaca. Resultado: passamos a manhã conversando sobre os excessos da noitada, a que horas chegamos em casa, qual o melhor remédio para ressaca e coisa e tal. Alias, a solidariedade entre bêbados é uma coisa tocante. De verdade. Porque esta outra menina, logo que ficou sabendo que eu estava mal, veio me oferecer um remedinho para a ressaca. Fiquei emocionada.

Até que chegou meio-dia. E fomos almoçar no escritorio de um fornecedor que havia convidado nosso departamento inteiro para o almoço. E imaginem por que o fornecedor nos convidou para
almoçar? Para degustar o novo Beaujolais, é claro!!!

Dai que meu estômago ja estava virado, mas tive que tomar mais Beaujolais no almoço (ia ser muita falta de educação recusar!). Mas sabem que depois do almoço até fiquei melhor? Acho que a teoria do “nada melhor para curar a ressaca do que continuar bebendo” tem seu fundo de verdade! E ela tem uma versão em francês: “Soigner le mal par le mal”, que seria mais ou menos “Curar o mal com o mal”. Bonito isso, não?

Bom, fizemos três horas de almoço e voltamos para o escritorio. Pura formalidade, claro, porque depois de chegar de ressaca de manhã, tomar mais vinho ao meio-dia e voltar do almoço às três da tarde, quem é que ia trabalhar depois?

Eu não via a hora que chegasse às cinco e meia para eu ir embora... Mas o duro é que nesta mesma noite ia ter um jantar da comunidade de expatriados que eu conheci pela internet. Trata-se de um grupo de estrangeiros que moram em Lyon e que se encontram uma vez por mês. E eu estava muito a fim de ir, apesar de estar muito cansada. Agora, adivinhem por que o encontro tinha sido marcado para esta data e o que a gente ia comemorar? Ganha um doce quem adivinhar!

No fim das contas, mesmo morrendo de sono, fui para o jantar e até que foi bem bacana. Mas desta vez não bebi nada. Não agüentava mais ver vinho na minha frente e, além de tudo, tinha que me preservar para o dia seguinte, o terceiro dia de Beaujolais!