sexta-feira, 24 de abril de 2009

Um piscar de olhos e... ja estaremos em junho!

Minha agenda a partir de amanhã e durante todo o proximo mês esta meio lotada... Sabe aquela coisa “tudo ao mesmo tempo agora?”. Pois é...

Vejamos:

Este fim de semana: viagem para Portugal, onde vou encontrar meus amigos Gle e Dan e ainda conhecer Lisboa! Acabei de falar com o Gle por telefone, ele estava no free shop do aeroporto de Guarulhos. Tão surreal pensar que vou dormir (pouco), acordar, ir para o aeroporto, pegar um vôo de duas horas e ja encontra-los! Daqui a algumas horinhas apenas! O mundo parece realmente pequeno pensando assim...

Fim de semana que vem (2 e 3 de maio): minha ex-chefinha querida vem para a França e vai passar o fim de semana na minha casa. Muitas comprinhas e fofocas à vista!

Fim de semana seguinte: na sexta-feira, dia 8 de maio, que é feriado aqui na França, vou para Genebra buscar o Gle e a Dan, passar o dia com eles e trazê-los para Lyon... Isto é que é traslado VIP! Vamos passar o sabado aqui e, no domingo, eles vão para Paris. Ja falei para eles que o negocio é ficar em Lyon, não tem nada pra fazer em Paris, haha, mas eles não acreditaram neste meu argumento furado!

No outro fim de semana, o do dia 16 e 17, vai rolar uma feijoada na casa da Flavia, uma brasileira super bacana que eu conheci aqui (e que, ainda por cima, é da Mooca, meeeeu! Como assim, não tô entendendo? A gente era vizinha em São Paulo, meeeeeu!).

Um fim de semana depois, olha que maximo: feriadão de quatro dias (de 21 a 24/05). Talvez role uma viagenzinha ao sul da França, mas nada confirmado ainda...

Bom, e no meio destes fins de semana tão agitados, semanas de trabalho não menos agitadas. O mundo ta caindo na minha cabeça de tanto trabalho ultimamente!

Enfim, estou muito feliz por ter todas estas visitas e viagens este mês! Vai ser muito bacana ver tanta gente querida e sair apertando todo mundo!

So queria dizer que vou fazer o maximo para tentar ir atualizando o blog (inclusive para contar as aventuras deste fim de semana em Portugal), mas se eu der uma “leve” sumida este mês, vocês me perdoam, né?

Agora deixa eu ir porque preciso terminar de arrumar minha mala e dormir um pouquinho... Ja são quase 11 da noite e u vou ter que acordar às 4 da manhã para ir ao aeroporto...

Até a volta!

Fui!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mistério...

Outro dia estou la eu de manhã, dirigindo meu carrinho em direção ao trabalho. Quando ja estava quase chegando, paro em um semaforo e começo a observar melhor o carro que estava à minha frente. Um carrinho pequeno, verde, quadradinho (não me perguntem que carro era porque eu sou muito ruim para isto!). Dentro do carro, uma motorista. E um cachorro. Grande. Não me perguntem a raça, porque eu também sou muito ruim para isto. Mas era um cachorro grande.

O semaforo fica verde. O carro à minha frente continua o seu caminho e eu atras... De repente me dou conta de que o carro entrou no estacionamento da empresa onde eu trabalho. Estranho isso...

O carro estaciona. Eu estaciono ao lado.

O cachorro começa a latir dentro do carro ao lado e a motorista começa a gritar com ele: “Sera que da para você ficar quieto e não chamar a atenção?”. E, em seguida, toma o cuidado de deixar as janelas entreabertas, fecha a porta do carro e vai trabalhar.

Sim, ela é uma funcionaria do Grupo. Sim, o cachorro ficou no carro. Sim, muitissimo bizarro tudo isto.

Eu chego no meu escritorio meio perplexa e comento com o pessoal. Alguns deles me dizem que também ja viram a tal mulher chegar com o cachorro no carro e que faz algumas semanas que ela faz isso. Ao que parece, duas ou três vezes por dia, ela vai até o carro, tira o cachorro, passeia com ele um pouquinho (no estacionamento da empresa), da agua para ele e o prende de novo no carro.

E eu me pergunto: o que faz uma pessoa em sã consciência fazer isto com o pobre do cachorro? Deixa-lo o dia inteiro preso dentro de um carro (que ainda por cima é minusculo), debaixo de sol, no estacionamento da propria empresa onde trabalha? Com certeza ela deve ter um bom motivo. Sei la, não deve ter onde deixar o cachorro, mas continuo achando tudo isto muito esquisito... O pior foi ela falando para o cachorro ficar quieto, senão ia chamar a atenção (porque, tipo assim, ela acha que o simples fato de ter um cachorro preso dentro do carro no estacionamento de uma empresa não é o suficiente para chamar a atenção?).

Enfim, apesar de todo mundo do meu departamento ja tê-la visto, ninguém sabe quem ela é e em que setor trabalha. So sabemos que a Gerente de Serviços Gerais (responsavel por tudo o que se refere ao prédio, às instalações e equipamentos), também não sabe quem é a mulher, mas esta louca para descobrir e ir tirar a historia a limpo... Enfim, não sei se descobriremos mais sobre esta historia bizarra, mas queria dividir meu espanto com vocês... E, é claro, se eu souber de algo mais, aviso!

Trago esta rosa, para te dar...

Chegou a primavera! (ok, ok, isso foi ha mais de um mês e este post esta um pouquinho atrasado, mas abafa o caso...).

E eu aprendi um ditado novo em francês:

“En avril, ne te découvre pas d’un fil; en mai, fais ce qu’il te plait”

Tradução: “En abril, não te descubra de nem um fio; em maio, faça o que quiser”

O que isto quer dizer?

Quer dizer o seguinte:

“Olha, seu mané, não é porque ja passou o baita frio de janeiro e fevereiro e que tem feito dias lindos e ensolarados aqui que você pode ir se empolgando não... Ta achando que ta onde? Num pais tropical? Nãnãninãnão!”

Aqui é a Zoropa. E na Zoropa, o povo passa frio na primavera. Porque, ao acordar pela manhã e ver pela janela o baita solão que esta la fora, o povo se empolga e ja vai tirando a roupa (enfim, colocando menos roupa).

E dai passa frio o resto do dia. Porque, vejam bem, a média de temperatura por aqui tem sido de 15°C, mas teve dia que fez 9°C...

Primavera? Tem certeza?

E eu estou entrando em desespero com todas as lojas ja vendendo roupas e sapatos de verão. VERÃO! Você entra nas lojas e so vê sandalias, chinelos, rasteirinhas... Escuta, meu povo, eu ainda tô usando botas! Tudo bem que as lojas sempre vendem coisas da estação seguinte, mas entrar numa loja e ver rasteirinhas quando a temperatura la fora não passa de 15°C é um pouco estranho...

Mas como eu tenho que ajudar a fazer girar a roda da economia mundial (sou super consciente do meu papel econômico-social), outro dia fiz o sacrificio de comprar uma sandalia linda que eu vi em promoção (pois é, as coisas são tão precoces aqui, que o verão nem chegou e as sandalias ja estão em promoção!). So que esta me dando um aperto no peito ver minha linda sandalinha no armario e pensar que so vou conseguir usa-la daqui a no minimo dois meses... Ai, ai, ai... Falta muito pro verão?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Buziaczki

Acho que ja comentei em algum post aqui que a Anna, assistente do departamento onde eu trabalho, é polonesa. Bem, ela veio para a França pequenininha, com 9 aninhos, então é praticamente uma francesa também, mas ela ainda tem familia na Polônia e fala polonês com os pais dela.

Dai que a bonitinha aqui resolveu que seria bacana aprender algumas palavras/expressões em polonês. Sim, porque como se ja não bastasse o fato de às vezes eu ainda me atrapalhar em francês, estar esquecendo o português e o meu inglês estar indo para o saco dada a influência do sotaque francês, agora inventei de aproveitar para aprender umas coisinhas em polonês. Coisa basica.

Não se trata de um curso nem nada parecido. O que acontece é que de vez em quando peço para a Anna me ensinar alguma coisa em polonês.

Começamos com o basico: bom dia.

Perai, quem foi que disse “basico” ai? Sim, porque seria basico. Se não fosse polonês... Vejam so, bom dia em polonês é dzien dobry (pronuncia-se “djéndôbre”). Facil, não?

Aula numero dois: tchau.

Do widzenia.

Como é que é?

Pronuncia-se “dovizzenha”. Perai, Anna, isto parece italiano. Imaginem so o Antonio Fagundes naquela novela dos Berdinazzi contra os Mezenga dizendo “dovizzenha!”. Nao da certinho?

- Ah, Rachel, mas tem um jeito mais simples de dizer tchau.

- Beleza, como é?

- Cześć

(pois é, os leitores mais atentos terão notado que ha um acento agudo em cima do s e do c... e eu apenas copiei a palavra do e-mail que a Anna me mandou, porque não sei como ela consegue acentuar as consoantes no teclado francês sendo que eu não consigo nem acentuar minhas queridas vogais!!!!)

- Hãã?

A Anna teve que repetir umas cinco vezes até eu conseguir decifrar como poderia tentar transcrever a pronuncia disto para o português: tchéichsti. Pois é, mais simples para quem, hein?

E depois de aprender a dizer obrigada (dzieki), também tinha que aprender o “de nada”, né?

Nie ma zaco (pronuncia-se niê ma zatso).

- Anna, você ta de brincadeira comigo, né? Isto parece japonês!!!

As seis ou sete coisas que eu aprendi em polonês até agora me fizeram chegar a uma conclusão: o polonês é uma lingua que se parece com todas e com nenhuma ao mesmo tempo.

E no ritmo que eu estou indo, onde cada palavra que eu aprendo sou obrigada a repetir vinte vezes por dia para não esquecer (pois é, a segunda conclusão é que o polonês não é uma lingua que se aprende, é uma lingua que se decora!), vou longe!

Mas não importa!

Afinal de contas, que chinês que nada! A lingua do futuro é o polonês! E tenho dito!

Ah, e o titulo deste post quer dizer “beijos” e se pronuncia bujátchiki.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Socorro, virei meu pai!!!!

Domingão de Pascoa convidei uns amigos brasileiros para almoçar em casa. Foi um “petit comité”, apenas três pessoas fora eu: o Thiago (o primeiro brasileiro que eu conheci aqui) e um casal de amigos dele, que uma vez ele me apresentou e que são muito gente boa, a Audrey e o Beto. Alias, o dia em que conheci a Audrey foi muito engraçado. Porque um ponto que temos em comum é que adoramos falar. Então, neste dia tinhamos acabado de nos conhecer e ja saimos falando, falando, falando, como se fôssemos amigas ha muitos anos. Mulheres têm essa capacidade. Mas também é bem verdade que nos demos muito bem desde o principio... ela é gente finissima!

Enfim, voltando ao domingo de Pascoa, passei a semana passada inteira pensando no cardapio. Porque olha so: convidei o povo para almoçar em casa, né? Mas não sei cozinhar nada. Quer dizer, so o basico, arroz, feijão, carne moida e purê de batata. Mas isso não é coisa que se sirva em almoço de Pascoa... então fiquei matutando sobre uma forma de servir uma comida semi-pronta-congelada-esquentada-no-microondas sem ficar muito mal, né?

E não é que consegui? Graças ao meu melhor amigo na França, o Picard! Gente, o Picard é o maximo! Nunca falei dele para vocês? Não acredito! Ele é um fofo, cozinha super bem e salva a minha vida aqui!

Não, o Picard não é um francesão gostoso que eu conheci aqui e que ainda por cima cozinha para mim. O Picard é uma rede de lojas que vende ABSOLUTAMENTE tudo congelado. E é tudo MARAVILHOSAMENTE bom. Não é tipo aquelas lasanhas congeladas que você compra no Carrefour e que têm todas o mesmo gosto. Não. São pratos diversos, variados e até refinados, so que prontinhos, congelados, so precisando colocar no microondas. Exemplos? Tem varios. Filé de salmão ao molho de ervas com arroz com legumes, yakisoba de legumes com carne acebolada (tipico chinês), lingua de boi (adoro!) com purê de batata, paella valenciana, raviole de ricota ao molho de champignon, enfim... isto so para ficar nos pratos prontos, porque ainda tem as entradas, tortas, pizzas, legumes, carnes, pães (sim, até pães congelados eles têm!), sobremesas maravilhosas, enfim, um paraiso!

Voltando ao assunto, finalmente acabei servindo uma refeição completa: salada de folhas verdes e tomates secos de entrada, dois tipos de risoto como prato principal (obrigada, Picard!) e bolo de chocolate com sorvete de sobremesa (basicamente o tal do “petit gateau”, mas vocês querem saber da ultima? Petit gateau não existe na França... quer dizer, a sobremesa de bolo com sorvete até existe, mas ela não tem o nome de petit gateau... nunca ninguém ouviu falar nisso aqui. De onde tiraram o nome “petit gateau” para esta sobremesa no Brasil eu não tenho nem ideia...).

Bom, o almocinho foi uma delicia! Comemos bastante, bebemos muito também (três garrafas de vinho em quatro pessoas, nada mal, hein?) e ainda fizemos um sonzinho pos-almoço (o Thiago trouxe o violão dele e a gente ficou cantando Legião, Paralamas e todos aqueles grupos dos anos 80 que todo mundo adooooora cantar numa roda de violão!).

Foi um domingo muito agradavel. Fiquei muito feliz (e orgulhosa de mim mesma) por ter feito este almoço, ter convidado as pessoas... me senti gente grande! Além do mais, acho que teria ficado triste de ter passado sozinha a Pascoa, ainda mais pensando que a minha familia toda no Brasil estava reunida e provavelmente comendo a maravilhosa bacalhoada da minha tia...

Então, mas o que tudo isto tem a ver com o titulo deste post?

E que, além de tudo, este evento ainda me permitiu uma importante descoberta sobre mim mesma: sou absolutamente neurotica com limpeza e arrumação. Porque foi so o povo colocar os pés para fora do apartamento que eu comecei a limpar e arrumar tudo, lavar a louça, arrumar a cozinha, repassar o aspirador na casa... Gente, eu virei meu pai!!!!!

Sim, porque meu pai conseguia ser o ser humano mais obcecado por limpeza e arrumação da face da terra. Incontaveis vezes me aconteceu de acordar no meio da madrugada com o barulho da vassoura magica (a famosa “Feiticeira”, lembram?). Pois é. Era meu pai, que acordava no meio da noite para ir ao banheiro, mas vendo uma pequena sujeirinha sobre o carpete, não conseguia se segurar e começava a passar a vassoura magica no quarto nesta hora mesmo... Neurose é hereditario, não posso fazer nada, não tenho culpa, é mais forte do que eu!

domingo, 5 de abril de 2009

Férias!

Dai que desde o começo do ano tenho matutado sobre o que fazer das minhas férias. Sim, este é um problema sério.

Porque vejam bem: é verdade que os franceses têm inacreditaveis 7 semanas de férias por ano. E eu, tendo um contrato francês, também tenho direito a esta mamata. Acontece que aqui o periodo aquisitivo de férias é contado de maio de um ano até maio do ano seguinte. Ou seja, como oficialmente fui contratada aqui em setembro, não tenho direito à totalidade das incriveis 7 semanas.

Considerando ainda que no fim do ano passado tirei férias antecipadas para poder voltar para o Brasil, tenho menos dias ainda.

E levando em conta que os dias que sobram eu tenho que dividir entre as férias em julho/agosto (verão europeu) e as férias em dezembro (verão brasileiro e festas de fim de ano), acho que ja deu para vocês entenderem a gravidade do assunto, não?

Some-se a isso o fato de que quero voltar para o Brasil no meio e no fim do ano, mas também quero aproveitar um pouco do verão europeu (bobinha nada, né?), não consigo decidir nem o numero de dias a tirar de férias no meio do ano e muito menos para onde ir. Perfect!

Acontece que a ideia original era ir para o Brasil, passar alguns dias la e depois voltar para viajar pela Europa com uns amigos que virão me visitar.

Dai que domingo passado eu ligo para a minha mãe (como todo domingo, alias). Papo vai, papo vem, ela me pergunta assim: “Você ja sabe se vai conseguir tirar férias no fim do ano para vir para o Brasil?”.

- Como assim, mãe? Claro que vou! Isto é indiscutivel! So estou vendo ainda se vou conseguir ir no meio do ano também...

- Ah, que otimo filha! Que boa noticia!

- So preciso ver a questão dos dias, porque ainda não tenho direito a muitas férias e tal.

- Olha, filha, pensando bem, se eu fosse você, não viria para o Brasil agora no meio do ano não.

HÃ? COMO ASSIM? NÃO TÔ ENTENDENDO...

- Se eu fosse você, aproveitava para viajar ai pela Europa, porque nunca se sabe,
né? Aproveite enquanto você esta ai para conhecer outros paises. Quanto ao Brasil, você volta no fim do ano e passa as festas aqui com a gente.

Passada a surpresa inicial de ouvir isso da minha propria mãe, cheguei à conclusão de que ela é o maximo. A melhor mãe do mundo. Porque mesmo com o coração apertadinho e a voz embargada de saudade, ela pensa primeiro em mim e me diz que não vai ficar triste se eu resolver passar as férias aqui.

Enfim, ainda não decidi nada (geminianos não são conhecidos por serem as pessoas mais decididas do mundo) e ainda penso em voltar para o Brasil no meio do ano, nem que seja durante uma semaninha e emendando com um feriado daqui. Afinal de contas, tenho que sair apertando muita gente por ai, né? (ver post anterior).

Em todo caso, se acontecer de eu não voltar no meio do ano, não briguem comigo. Vocês ja sabem de quem é a culpa...  

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Alô, alô, seu Chacrinha... Aquele abraço!


Quando vim para a França, quase nove meses atras (é, ja faz tudo isto sim), sabia que ia sentir falta de muita coisa: da familia, dos amigos, do clima, da comida, da informalidade e alegria dos brasileiros, entre outros. Mas algo sobre o qual nem havia pensado acabou sendo uma das coisas que mais me fazem falta aqui: abraço.

Não estou falando aqui de abraço no sentido sexual, abraço de namorado, marido, amante. Estou falando de um abraço mais ingênuo, sem conotação sexual. Abraço de amigo. Abraço de querer bem, abraço de proteção, abraço daqueles apertados que transmitem carinho, amor, amizade. Abraço daqueles que valem mais do que qualquer palavra. É deste abraço que estou sentindo falta.

Gente, os franceses são estranhos. Eles não se abraçam. Ou pelo menos não como os brasileiros. Parece que têm medo deste contato, parece que estão sempre na defensiva, sempre reservados, não se entregam.

E eu me dei conta disto em algumas situações que me pareceram muito estranhas:

- quando algumas pessoas do departamento foram mandadas embora e se despediram de todo mundo com apenas dois beijos no rosto, mas sem nem encostar no outro;

- quando eu sai daqui no fim do ano para passar as festas no Brasil e fui desejar Feliz Natal a cada um do departamento e, mais uma vez, foram apenas dois beijos no rosto. Nem a minha melhor amiga aqui me deu um abraço. A unica pessoa que me deu um abraço nesta ocasião foi a assistente do departamento. Ela é polonesa;

- quando eu voltei do Brasil e fui desejar Feliz Ano Novo a todos foi a mesma coisa.

Na verdade, nem para tirar foto os franceses se abraçam. Sabe aquela coisa de “vamos tirar uma foto, junta todo mundo” e dai você passa o seu braço por cima do ombro de quem esta ao seu lado? Pois é, não acontece muito por aqui...

Também ja ouvi varias conversas nas quais os franceses reclamam de pessoas muito “tateis” (é assim que eles chamam as pessoas que chegam muito perto ou que tocam nos outros enquanto falam).

Fala sério, que medo de contato fisico é esse?

Olha, para falar a verdade eu também nunca fui uma pessoa muito “tatil”. Odeio quem fala “pegando” em mim. Mas poxa, abraço é legal, né?

Obviamente esta historia do abraço, do contato fisico, é algo cultural. Cada povo, cada pais, cada cultura age de um jeito. Não ha certo e errado. Mas as diferenças são curiosas. É engraçado que brasileiro, mesmo mal se conhecendo, ja sai abraçando. Por isso, sendo brasileira, não tem como não achar um pouco frio o que vejo aqui. Com essa coisa de não abraçar, parece que os franceses estão sempre na defensiva, sempre desconfiando das pessoas, sempre querendo dizer “Olha, não chega muito perto não, ta? Eu estou te cumprimentando, mas você não é meu amigo”.

Deve ser por isso que em francês não existe a palavra “abraço”. É sério. Nem o verbo “abraçar”. Para dizer abraçar em francês, é preciso dizer “tenir/serrer dans les bras”, ou seja, “pegar nos braços”. Coincidência? Acho que não...

Enfim, como eu disse antes, tudo isto é cultural e tudo o que estou escrevendo aqui são apenas meus sentimentos em relação ao que observo...

No fim das contas, talvez a questão nem seja essa. Talvez os franceses abracem sim, mas os amigos mais proximos. E talvez eu ainda não tenha chegado neste nivel de amizade com nenhum francês... Sei la. So sei que abraço faz falta. E que, por isso, quando eu estiver no Brasil, não se assustem não, porque vou sair apertando todo mundo!