quinta-feira, 30 de julho de 2009

O retorno

A viagem de volta para a França foi bem mais tranquila do que a odisseia da ida, sem perda de cartão, atraso de trem ou cara sem-noção ao meu lado no avião.

O unico detalhe que merece ser comentado é que, ao fazer o check-in, o cara da companhia aérea me disse que eu teria talvez um upgrade para a classe executiva. Eu fiquei toda feliz, é logico. Mas, quando chegou a hora do embarque, nada do meu upgrade se confirmar. Ou seja, nada de champagne ou horas bem dormidas no voo... uma vez pobre, sempre pobre!!!

Ah, e a passagem ai pelo Brasil foi curta, mas valeu muuuuuito a pena! Estou me sentindo renovada e com as baterias recarregadas para mais seis meses.

Valeu, gente!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A viagem de ida - Parte 2

Continuando a historia... quando entrei no aviãozinho e encontrei meu lugar, uma otima coincidência: a Carol, menina que eu tinha conhecido na fila do check in e com quem eu tinha conversado um pouquinho estava na mesma fila que eu no avião. Ela no lugar 26A, na janela e eu no 26C, no corredor. Foi muita coincidência mesmo, mas ficamos felizes, afinal de contas ja tinhamos conversado um pouco e tinhamos nos dado bem.

Conversa vai, conversa vem, a gente comenta que bem que o lugar entre nos, o 26B, podia estar vazio, assim nos viajariamos com um pouquinho mais de conforto.

Well, estavamos falando sobre isto quando chega ao meu lado um cara gatissimo, lindo mesmo, moreno, alto, bonito e sensual. Uma mistura de Rai com Du Moscovis, so que sem aquele bocão horroroso do Rai.

Nesta hora eu pensei: sera que aquela coisa de filme de sentar ao lado de um cara gatissimo no avião e conhecê-lo e descobrir finalmente que é sua alma gêmea vai acontecer comigo? Porque vamos combinar que eu sou a pessoa mais azarada do mundo em aviões: ao meu lado, sempre tem um velho que ronca ou uma mãe com criança birrenta (nada contra mães que viajam com crianças, sei que deve ser a situação mais dificil do mundo para elas...) ou um casal. Nada de cara gato e solteiro.

Anyway, a mistura de Rai com Du Moscovis veio sentar examente ao meu lado.

Primeiro veio me perguntando (em inglês) se eu não me importava de trocar de lugar com ele, porque ele é grande e tal e preferiria viajar no corredor.

Vejam bem: nem se ele fosse o Rodrigo Santoro! (ta bom, vai, se fosse o Rodrigo, talvez eu pensasse com mais carinho no assunto).

Nestas viagens longas, eu so viajo no corredor. Odeio ficar na janela, porque eu sempre vou muitas vezes ao banheiro e prefiro ser acordada pelos outros do que incomodar as pessoas quando quero me levantar. Fora que fico me sentindo meio presa, é um saco. Prefiro o corredor. E eu tinha escolhido exatamente o meu lugar neste avião, um dia antes, pelo site da companhia aérea.

Ou seja, disse gentilmente para o moço bonito que eu sentia muito, mas não ia trocar meu lugar com ele.

Com uma cara muito da contrariada, ele aceitou e sentou-se no meio, entre mim e a Carol.

Então eu continuei conversando um pouco com a Carol e dai começou a ficar meio chato. Sabe aquela coisa: “a pentelha ai do corredor não quis trocar de lugar comigo, mas agora vai ficar a viagem toda falando em português com a menina da janela e eu aqui no meio?”.

Ai que eu aqui tentei ser simpatica com o cara e perguntei de onde ele era. O que se seguiu a isso foram dialogos totalmente surreais e que me fizeram me arrepender até o ultimo fio de cabelo de tentar puxar assunto...

Alguns trechos para vocês terem ideia do que estou falando:

- Eu: de onde você é?
- O cara: da Tunisia.
- Eu: ah, é! Que legal! Sabia que eu vou para a Tunisia de férias em agosto?
- O cara: fazer o que la? Não tem nada para fazer na Tunisia!
- Eu, ja achando o cara meio sem-noção: como assim não tem nada? Tem praia, tem calor, tem sol, tem descanso...
- O cara: ah, mas se eu fosse você, não iria para a Tunisia não. Não vale a pena.


Puta que pariu! Por mais que seja verdade, a pessoa tem que ser muito espirito de porco e estraga prazeres para dizer que o destino que você escolheu para as férias é uma merda. E o cara ainda continuou:

- O cara: você não pegou um destes pacotes turisticos com hotel e tudo incluso não, né?
- Eu ( ja não querendo prolongar muito o assunto): sim, foi isto mesmo. Por quê?
- O cara: porque estes pacotes são horriveis, como é tudo incluso, eles te oferecem a pior comida e a pior bebida que existe.
- Eu (virando o rosto para o lado): ah, ta...


...

- O cara: eu acho que você devia postergar sua viagem para a Tunisia.
- Eu: por que?
- O cara: porque em agosto eu não vou estar la.


...

- O cara: sabe, eu nem ia falar com você, porque você toda metida nem quis me dar seu lugar no corredor.
- Eu: escuta, não é nada pessoal, mas é que eu prefiro viajar no corredor.
- O cara: é, mas depois eu resolvi te dar uma chance, sabe? É, porque obviamente você esta apaixonada por mim...


?!?!????

- O cara: é, eu sei, é obvio. Quem sabe a gente pode ficar junto, né? Ja pensou, daqui a um tempo a gente casa e tem filhos. Eu quero ter quatro filhos, e você?

???!?!?

- O cara: não, mas pensando bem, acho que a gente não vai dar certo não. Desculpe, não vai dar.
- Eu (no tom mais irônico possivel): poxa vida, que pena!


Eu devo ter sido uma pessoa muito, mas muito ma mesmo em alguma outra vida e estou pagando todos meus pecados neste voo.

- O cara: você mora no Brasil?
- Eu: não, eu moro na França ha um ano.
- O cara: mas você não tem muito estilo, assim como as francesas.
- Eu (incrédula): que?
- O cara (olhando para a minha roupa e para o meu tênis): olha como você esta vestida... você não assimilou o estilo das francesas...
- Eu: você queria que eu estivesse de vestido de gala e salto alto no avião?


Senhor Deus, misericordia!

- O cara: o que você menos gosta em um homem?
- Eu: como assim?
- O cara: O que você menos gosta em um homem? Por exemplo, o fato de ele ser infiel?
- Eu (sem querer esticar o assunto): é, por exemplo...
- O cara: ah, que pena. Então a gente não vai dar certo juntos mesmo...


Sera que eu joguei chiclete na cruz?

- O cara: o que você tem de especial?
- Eu: hã????
- O cara: tipo assim, o que faz de você diferente das outras mulheres, o que poderia me fazer escolher você ao invés de outra.
- Eu (querendo simplesmente que o cara calasse a boca): nada, ué!
- O cara: como assim, nada? Você não pode se desvalorizar assim...
- Eu: Jesus! Não estou me desvalorizando, so não estou interessada em você... o que te faz pensar que quero ficar com você?
- O cara: é obvio que você esta interessada em mim!


Fala sério! É pegadinha, né? Nesta hora comecei a procurar uma câmera por perto... tenho certeza que eu devo ter aparecido nas pegadinhas do Faustão ou em algum programa destes pelo mundo afora...

Olha so, no começo, eu estava até achando o papo engraçado e dando umas risadas, apesar de ter notado que o cara era meio doido. Mas depois de tanta besteirada no meu ouvido, não estava aguentando mais... Peguei meu fonezinho de ouvido, comecei a ver meu filminho, jantei e ignorei completamente o cara. Ele até tentou umas outras conversas, mas eu ignorei.

Mas o cara não foi mala so comigo não. Vejam so:

A aeromoça passa servindo o jantar e as bebidas e, sem querer, derruba um pouco de agua na calça dele.

Ele diz assim para ela: “tudo bem, eu sei que você fez de proposito, agora eu vou ter que tirar a minha calça aqui para você ir la secar”.

A aeromoça deu um sorrisinho amarelo e foi embora.

Alguns minutos e duas garrafas de vinho depois, a aeromoça passa no corredor de novo e o cara diz para ela: “olha, eu mudei de ideia. Não vou mais deixar você me ver pelado não, viu?”

Aeromoça sofre!!!

E, com a Carol o cara também deu uma de engraçadinho. Quando ela foi comprar um relogio para o marido dela no free shop do avião, ele perguntou: “amor, você não vai comprar um presente para mim também não?”.

Pode?

Eu so espero que nem todos os tunisianos sejam assim, porque vou para la uma semana de férias e não estou a fim de aturar engraçadinhos assim a viagem toda...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A viagem de ida - Parte 1

Tem coisas que so acontecem comigo...

A pessoa aqui marcou sua viagem para o Brasil. Primeiro, o trem de Lyon para Paris. E, em seguida, o voo de Paris para São Paulo.

O esquema era o seguinte: trem saindo de Lyon às 18h56 e chegando no aeroporto de Paris às 21h03. O avião saia de Paris às 23h20, o que quer dizer que meu horario estava meio apertado, ja que duas horas para chegar, atravessar o aeroporto de Paris inteiro, fazer o check-in para São-Paulo, passar pelo raio-x e chegar à porta de embarque é pouco. Mas beleza.

Acontece também que eu resolvi sair da França no dia 10 de julho. Primeiro fim de semana de férias dos franceses e sexta-feira antes de feriado de quatro dias com ponte. Ja viram o drama, né? A França inteira indo viajar neste dia.

Eu tinha previsto de sair do trabalho às 17 horas, ja prevendo uma certa margem, ja que meu trem partia quase às 19 horas.

Acontece que o pessoal do meu trabalho ficou me botando pilha para sair ainda mais cedo, dizendo que por ser véspera de feriado e tal ia ter muito trânsito e que era melhor prevenir do que remediar.

Ok, acabei saindo às 16h30 e imaginando que, se eu pegasse o trânsito todo que todos diziam, ia demorar mais ou menos uma hora e meia para chegar na estação.

So que não peguei trânsito nenhum e o motorista de taxi ainda fez um caminho ninja que nos fez chegar à estação em vinte minutos.

Ou seja, às 16h50 eu ja estava na estação, mais de duas horas antes do trem... com mais antecedência do que para pegar o voo para São Paulo...

Enfim, como eu estava beeem adiantada, tive a brilhante ideia de ir tentar trocar meu bilhete por o de algum trem que saisse um pouco mais cedo (os trems Lyon-Paris são mais ou menos como a ponte aérea Rio-São Paulo, ou seja, um a cada meia hora).

Quando chego ao guichê, a mocinha me diz que tem um trem que sai às 17h56 de Lyon, ou seja, uma hora antes do meu. Melhor, impossivel. Eu digo para ela que tudo bem. Ela me diz que tem uma diferença de 19€, mas eu nem ligo, afinal de contas, melhor pagar um pouquinho mais para chegar em Paris mais cedo e com mais calma.

So que dai, depois de pagar a diferença com o meu cartão, eu olho o painel e vejo que o voo das 17h56 esta com um atraso previsto de 40 minutos. Dai eu pergunto para a mocinha: “escuta, este voo que você esta me oferecendo é o que tem 40 minutos de atraso?”. Ela olha com cara de boba para o painel e diz que sim. Eu digo que, se é para ter um atraso de 40 minutos, prefiro ficar com meu trem original e não pagar nada. Ela me diz que é tarde demais porque eu ja tinha pago e tal.

Enfim, depois de discutir um pouco, ela até me disse que poderia desfazer a operação. Mas dai eu fiquei pensando: vai que o meu trem, o das 18h56, também tem algum atraso? Se ele atrasar 40 minutos, eu estou perdida, vou perder meu voo. Pensei que era melhor pegar este mais cedo, porque mesmo com o atraso de 40 minutos, eu ainda chegaria mais cedo do que com meu trem original (vinte minutos apenas, mas ja é alguma coisa).

Ok, me sentindo meio enganada, eu saio do guichê e vou tomar um refri, afinal de contas eram 17h30 e meu trem so sairia dai a mais de uma hora.

Estou la na cafeteria, tranquilinha tomando minha Coca, quando ouço anunciarem no auto-falante: “Vossa atenção, por favor. Senhora Rachel Matos, por favor comparecer à recepção. Vossa atenção, por favor . Senhora Rachel Matos, por favor comparecer à recepção”.

Puta que pariu. Isto não é bom sinal. A ultima vez que meu nome foi chamado assim foi no aeroporto de Guarulhos, indo para a Venezuela visitar minha amiga Sophie e o fato é que estavam anunciando meu nome porque eu tinha esquecido minha pastinha no banheiro. Minha pastinha com meu passaporte, meu bilhete de avião e R$ 2000,00 em dolares que a Soph tinha pedido para eu levar a ela (por conta do controle do governo na Venezuela, ela não podia comprar dolares).

Não preciso nem dizer, é obvio e ululante que minha pastinha foi encontrada com meu passaporte (ainda bem!) e meu bilhete de avião, mas nem sinal dos dolares. Caralho. A viagem que era para sair de graça, pois eu tinha pago o bilhete de avião com milhas, ja começou com um prejuizo de R$ 2000,00.

Enfim, voltando à atualidade. Fui pensando tudo isto enquanto me dirigia à recepção e, ao mesmo tempo, verificando que minha carteira e meu passaporte estavam dentro da minha bolsa.

Agora, adivinhem porque tinham me chamado la? Porque a descabeçada aqui tinha esquecido o cartão do banco no guichê. So isso. Apenas o cartão do banco. Vai ser descabeçada assim la longe! O preju de R$ 2000,00 do ano passado não serviu nem como experiência.

Mas enfim, pelo menos eu recuperei meu cartão.

E depois comecei a escrever este texto para o blog, meio que como uma forma de desabafar e de desestressar. E de passar o tempo também. Que alias passou muito rapido e euzinha aqui quase perdi o trem para Paris! Isto mesmo, quase perdi o trem que eu mesma troquei e que era para sair uma hora antes do meu trem original, mas que estava 40 minutos atrasado. Me diz ai, quem é que consegue quase perder um trem que esta atrasado, tendo chegado com mais de duas horas de antecedência na estação?

Enfim, sai correndo toda esbaforida com a minha mala gigante e consegui pegar o trem. Cheguei a Paris 20 minutos antes do que se tivesse ido com meu trem original e paguei 19€ por isto.

Quase 1€ por minuto de diferença. Melhor nem pensar...

O bom é que em Paris estava tudo tranquilo, o check in até que foi rapido e a fila do controle mais ainda. Deu tempo de fazer umas comprinhas no free shop e terminar de escrever este texto aqui. Que eu so postei depois de voltar para a França por pura falta de vergonha na cara, ops, quero dizer, de tempo!

That’s it!

Entrei no aviãozinho rezei bastante para ele chegar em São Paulo inteirinho...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

De volta pro aconchego

Estou voltando para o Brasil hoje, para alguns dias de férias.
Vai ser curto, ja sei... Curto para ver todo mundo que quero ver e fazer tudo o que quero fazer.
Mas estou feliz! Ansiosa, não vejo a hora de chegar em Sampa.
Ontem fiz minhas malas e foi estranho...
Aqui, um calorão de mais de trinta graus...
Na mala, roupas de frio, casaco, botas, luvas.
Pronta para a friaca que fara em São Paulo esta semana, segundo a previsão.
E não é exagero meu, não.
Porque eu sei que aqui faz bem mais frio que em São Paulo.
Mas também sei que o frio de Sampa é mais umido, e que se sente muito mais.
E também que ai, por falta de aquecimento, faz frio fora e dentro de casa.
É sempre assim... saio daqui com calor e chego ai com frio e vice-versa.
Ja estou me acostumando com esta montanha russa de temperatura e clima.
Alias, minha vida tem sido uma montanha russa de sentimentos desde que cheguei aqui.
Quando vou para o Brasil, fico ansiosa, não vejo a hora de chegar.
E quando chego, ai danou-se, choro porque não quero mais voltar.
Quando meus amigos vêm me visitar, é uma festa!
Mas quando vão embora, é um vazio...
É assim... alias hoje faz exatamente um ano que cheguei na França.
Perdida, triste, chorando à beça porque queria voltar.
E ao mesmo tempo cheia de esperança e de expectativa.
Exatamente um ano depois, estou embarcando para férias neste que é o meu pais.
Com o coração bem mais leve do que quando cheguei aqui.
Porque eu recomecei do zero, mas me adaptei, me integrei, fiz amigos.
Me reencontrei.
E Lyon virou minha segunda casa.
Então é isso.
Sei que sempre que deixar Lyon vou ficar triste e sempre que deixar São Paulo, mais triste ainda.
É a desvantagem de se ter duas casas.
Mas tem vantagem à beça também. E compensa.
Como diz um grande amigo meu, sou uma das unicas pessoas que partem “de casa” para chegar “em casa”.
Querem melhor do que isso?
A saudade, a gente aguenta. Mesmo dupla.
Bom, vou terminar este post ultra filosofico-sentimental com trechos de uma canção que me veio à cabeça enquanto escrevia.
Para quem me lê, sorry, mas vou ficar uns dias sem escrever.
Mas eu volto.
Beijos

De volta pro aconchego (Dominguinhos/Nando Cordel)

Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo
Um sorriso sincero, um abraço,
Para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade
...
É duro, ficar sem você
Vez em quando
Parece que falta um pedaço de mim
Me alegro na hora de regressar
Parece que eu vou mergulhar
Na felicidade sem fim

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pé-frio, eu?

Dai que, antes de eu vir para Lyon, o time de futebol daqui, Olympique Lyonnais, foi campeão francês sete vezes CONSECUTIVAS ! De 2002 a 2008, com o Juninho Pernambucano no time, não teve para ninguém, o OL ganhou todos os campeonatos franceses! E, em 2008, fez a chamada «dobradinha», porque ganhou também a Copa da França.

Dai eu cheguei em Lyon toda pomposa e comecei a torcer pelo time… O Lyon virou meu segundo time do meu coração. Claro que o primeiro, inabalavel, continua sendo meu Palmeiras .

Mas, depois de sete anos, desta vez o Lyon não ganhou o campeonato, ficou apenas em terceiro lugar, atras do campeão Bordeaux e do segundo lugar Olympique de Marseille.

Coincidência? Sei la, melhor achar que sim… Até porque, sou doente pelo Palmeiras e ja vi meu time ser campeão paulista, campeão brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores… (ok, ok, tudo isto faz muito tempo, mas a questão é que ja vi!).

De qualquer forma, aviso aos torcedores do Lyon : não me espantara se o Lyon não for campeão nos proximos anos…

quarta-feira, 8 de julho de 2009

God save the muffins!

Esta é para entrar para o rol das trapalhadas de viagens…

Depois do trauma do retorno de Madri, quando enfrentamos obstaculos mil até chegar ao aeroporto e quase perdemos nosso voo de volta para Lyon (ver este post), desta vez decidimos que precaução muita não é bobagem e nos programamos direitinho para chegarmos cedo ao aeroporto na volta.

Pois bem. Seguimos à risca nosso bem bolado programa e chegamos ao aeroporto duas horas antes do nosso voo. Perfeito! O check-in na Easyjet foi rapidissimo, o que quer dizer que duas horas antes do voo ja tinhamos feito check-in, despachado as malas e tudo.

Faltava passar pelo super rigido controle raio-x dos londrinos, o que demorou um tempinho, pois havia uma fila consideravel. Mas mesmo assim, estavamos na area de embarque mais de uma hora antes do voo.

Olhamos o painel de horarios de partida dos voos para ver para qual porta de embarque tinhamos que nos dirigir, mas como era muito cedo ainda, nossa porta de embarque nem aparecia.

Como o aeroporto de Gatwick mais parece um shopping center, fomos dar umas voltinhas e ver umas vitrines para matar o tempo.

Depois disso, e mais ou menos uns quarenta minutos antes do voo, ainda rechecamos o painel, mas nenhuma noticia da nossa porta de embarque ainda.

Ok, estavamos com fome e decidimos comer algo rapido no McDonalds’, ja que no voo da Easyjet eles não servem nada mesmo.

Pegamos nossos lanchinhos e fomos comer tranquilas.

A Sandrine terminou de comer primeiro e foi ao banheiro.

Nisto, a Laetitia, que come o que aparecer na sua frente e, ainda por cima, odeia desperdicio (de dinheiro, comida, etc.), notou que ainda nos sobravam 3 libras em moedas (pouca coisa, o equivalente mais ou menos a R$ 10,00) e que estas moedas estariam perdidas, pois não da para trocar moeda na casa de câmbio.

Ela decidiu então ir ver quantos muffins daria para comprar com as tais 3 libras. Ok.

Alguns segundos depois, eu terminei de comer e fui checar novamente o painel dos voos.

Qual não foi minha (desagradavel) surpresa quando vi escrito, ao lado do nosso voo: «flight closing» (algo como «embarque terminando»).

O que? Como assim embarque terminando?

Nisso, comecei desesperadamente a pegar nossas coisas e gritei para a Laetitia, que estava no caixa: «Deixa os muffins para la, o embarque ta fechando!»

E a Laetitia, muquinha como nunca vi igual, sem querer desperdiçar as 3 libras, responde: «não, perai, ja pedi os muffins».

E eu, estressada que so: «Pelo amor de Deus, deixa os muffins para la, nos vamos perder o voo!»

E ela responde: «Mas agora eu ja paguei, não vou perder o dinheiro!»

Nisso chega a Sandrine, correndo, toda esbaforida, porque também tinha visto o painel. E me diz que temos que correr para não perder o voo.

Nos duas, ja correndo na direção das portas de embarque, gritamos para a Laetitia: «Esquece os muffins, a gente vai perder o voo, caramba!»

Vocês acham que ela deixou os muffins para la? Pois não! Ela foi atras da vendedora do McDonalds’ dizer que precisava dos muffins urgente porque ia perder o voo… Pode? E foi so depois disso que ela veio atras de nos.

Dai nos três saimos correndo como umas alucinadas pelo corredor que levava às portas de embarque. A nossa era a 22, obvio que não ia ser a primeira, né? Era longe pra burro!

Continuamos correndo. A Sandrine com sua mochila nas costas, eu com minha bolsa, a bolsa da Laetitia e mais uma sacola com umas coisas que ela tinha comprado. E, la atras, a Laetitia, com três muffins numa mão e um copo de Sprite na outra. Impagavel!

Até a hora em que eu, ja quase vomitando o Big Mac, a porção de fritas e a Coca-Cola, parei de correr de deixei a Sandrine ir na frente, se sacrificar por nos… Confesso que não foi muito nobre da minha parte, mas não tinha mais fôlego, estava pensando que era melhor perder o avião (e estrangular a Laetitia) do que passar mal la…

Quando chegamos à porta de embarque, o que aconteceu? O obvio, né? O embarque não estava terminando coisissima nenhuma! Tinha um monte de gente embarcando ainda! Que odio da Easyjet, que eu tenho certeza que fez de proposito para apressar o povo do voo…

No final das contas, quando recuperamos o fôlego, rimos muito de toda a situação: eu gritando para a Laetitia deixar os muffins, ela que perde o voo mas não perde 3 libras, a Sandrine correndo na nossa frente para avisar o pessoal para nos esperar… passado o pânico, tudo ficou muito engraçado. Dissemos até que a Laetitia podia estrelar o filme «Tudo por um muffin».

Enfim, nem quando nos programamos direitinho conseguimos ter uma viagem de volta tranquila… Viajar com a Laetitia é sempre uma emoção… ou é a Sangria que ela esquece na mala de mão e que quase nos deixa em Madri, ou são os muffins que custam 3 libras e que quase nos fazem perder o voo de volta… Não quero nem ver o que sera na proxima viagem…

terça-feira, 7 de julho de 2009

God save Hugh Grant!

Em Londres, uma das coisas que eu queria absolutamente fazer era conhecer Notting Hill, o bairro retratado no famoso filme «Um lugar chamado Notting Hill», com a Julia Roberts e o fofissimo do Hugh Grant.

Pois é, queria conhecer o bairro justamente por causa do filme.

Abre parênteses : eu vi este filme umas 6 ou 7 vezes. Não porque das primeiras vezes eu não o tenha entendido (dãã), mas porque tenho um grande amigo que adora a Julia Roberts e, numa certa época de nossas vidas, ele comprou o DVD do filme e cada vez que a turma se reunia na casa dele, ele propunha de ver o mesmo filme. Sim, o amigo em questão é meio sem-noção. Mas a turma toda é também, porque ninguém se recusava a ver o filme pela milésima vez. Fecha parênteses.

E então que, passados sabado e domingo, eis que segunda-feira, ultimo dia da viagem, la vamos nos três de manhã rumo à estação de metrô Notting Hill Gate.

Obviamente, além de conhecer o bairro, eu também queria conhecer a livraria onde foi rodado o filme, né? Mas o detalhe é que nenhuma de nos três tinha o endereço exato da livraria, nem nenhuma indicação. As bonitinhas aqui acharam que era so descer em Notting Hill e a livraria estaria bem em frente, ou haveria painéis indicando a livraria que, a estas alturas do campeonato, deve ter virado ponto turistico.

Ledo engano. O bairro de Notting Hill é enorme (ok, comparado com Lyon, tudo é enorme) e não, não ha nenhuma indicação do tipo “livraria famosa”, “livraria do filme” ou “encontre o Hugh Grant”.

Humpft!

Como pode esta livraria não ter se tornado ponto turistico?

Anyway, se quem tem boca vai à Roma, não é uma livrariazinha perdida no meio de Notting Hil que a gente não vai achar, né?

So que o povo de Notting Hill é meio lesado e ninguém sabia explicar direito onde era o raio da livraria… perguntamos para umas cinco ou seis pessoas diferentes e todo mundo sabia dizer « mais ou menos » onde era, mas ninguém dizia ao certo. Andamos uns quarenta minutos debaixo de um sol escaldante (deixa eu esnobar o fato de ter pego tempo bom em Londres, ta?), perguntando para todo mundo que passava onde era o «famous bookshop from the Notting Hill movie». Até que uma hora uma moça super simpatica no mercadinho de Portobello Road nos disse: “Ah, a Travel Bookshop é logo ali”. E era mesmo. E chegamos até a famosa livraria.

Vai parecer besta, mas foi uma emoção indescritivel ver a livraria! E tirar fotos na frente dela e entrar nela e imaginar a Julia e o Hugh, ou melhor a Anna Scott e o William (personagens do filme) ali… Principalmente na cena em que a Anna diz assim para o William: “This fame thing isn’t real… I am also just a girl, standing in front of a boy, asking him to love her” (tradução: “esta coisa de fama não é real… eu também sou apenas uma garota, em pé na frente de um garoto, pedindo a ele que a ame”). Ai, ai, ai… (suspiros). Adoro!

Ok, passado o momento piegas, é verdade que a livraria mudou um pouquinho desde que o filme foi feito (o que ja faz dez anos, caraca!), mas a emoção esta toda la… e tem varias reportagens nos muros, reportagens da época em que o filme foi feito, com entrevistas com a dona da livraria que viu seu estabelecimento virar, de uma hora para outra, atração turistica…

Mas até que estava bem calmo la, viu? Ao contrario de todas as outras visitas que fizemos, não tinha quase nenhum turista na região. Deve ser porque ninguém sabe explicar direito onde fica a tal «livraria do Hugh Grant».

Não, obviamente não vi o Hugh e muito menos a Julia. Mas a visita valeu a pena. Não apenas pela livraria, mas pelo bairro em si, que é muito fofo! Cheio de casas lindas e coloridas e lojinhas super estilosas. Fora o mercado de rua de Portobello Road, que aparece em varias cenas do filme (vejam link abaixo). Sei la, tudo muito fofinho! Em alguns momentos, me fez lembrar a Vila Madalena, com suas casinhas e lojinhas… Amei Notting Hill, com Hugh Grant ou sem Hugh Grant, a visita valeu muito!

Deixo vocês com um link para o trecho inicial do filme, para vocês se sentirem um pouquinho em Notting Hill também…

Enjoy it!
http://www.youtube.com/watch?v=4N4bovTxuXA

segunda-feira, 6 de julho de 2009

God save São Pedro!

Ah, e ja ia esquecendo : ou é balela esta historia de que em Londres so chove, ou tivemos muita sorte. Porque pegamos três dias de muito sol e calor! So choveu uma vezinha, no domingo à tarde, mas logo passou. Tudo de bom!

God save London!

Dai que fim de semana retrasado, como comentei aqui, fui para Londres com duas amigas, passar três dias na terra da Rainha.

E ADOREI! Achei Londres simplesmente o maximo! Que cidade cosmopolita, heterogênea, interessante!

Eu sei que é clichê, todo mundo diz isto, mas é impressionante a quantidade de pessoas e tribos diferentes em Londres, cada um na sua e ninguém julgando ninguém. Londres é a cidade onde você pode vestir um agasalho de moletom grandão como se fosse um vestido (e nada mais, além do salto alto) e ninguém te olha estranho por isso. Não é exagero, não. Eu vi uma menina assim no aeroporto, vestindo um moletom como se fosse vestido e beleza. Normal. Que maximo!

Ok, ok, eu sei que não sou a pessoa mais desencanada do mundo (sempre hesito muito antes de me vestir para sair). Mas não pude deixar de imaginar o quão libertador deve ser morar em Londres neste sentido. Você simplesmente acorda, veste exatamente o que te der na telha e beleza.

Vi meninas saindo para a balada com vestidos justérrimos e curtérrimos em cima de saltos mega altos e ninguém olhava estranho, ninguém as julgava. Ah, e detalhe: os homens nem olham. Quem olham são as mulheres (turistas, no caso). De repente deve ser por isto que elas se vestem assim, para tentar chamar a atenção dos moçoilos ingleses que, ao que parece, conseguem ser mais lesos que os franceses.

Alias, no voo de ida para Londres, conheci uma americana muito gente boa que mora la ha um ano. Conversamos o voo inteiro (confesso que entendi apenas uns 60% de tudo o que ele me falou), mas uma coisa me chamou a atenção: ela me disse para eu não me sentir mal em Londres se nenhum cara me olhasse, porque eles são assim mesmo. Não é nada pessoal, são eles que simplesmente não olham para as mulheres. Ok. Como fazem então para conhecer as moçoilas? Sei não, mas algo me diz que isto tem alguma relação com o fato de que eles começam a encher a cara cedo (por volta das 17 horas) e assim vão até o pub fechar. Deve ser para se desinibir, né?

Inclusive os horarios dos pubs foi uma das unicas coisas que não gostei muito la, não. Porque eles fecham hiper cedo, tipo às 23 horas. Pode? O horario em que em São Paulo estamos no telefone com as amigas tentando decidir qual vai ser a balada… pois é, deve ser por isto também que eles começam a encher a cara cedo… por volta das 22 horas, ja esta todo mundo beeem trilili…

Anyway, mas o post é para falar do que gostei em Londres, né? Pois é, foi esta coisa de cidade heterogênea, mas também de cidade grande, com muita coisa para fazer. Porque, vejam bem, ficamos três dias la e não fizemos nem um quarto do que queriamos fazer! E olha que foi uma correria so!

Conseguimos fazer algumas das coisas mais importantes : o Big Ben (logico), a London Eye (roda gigante realmente gigante que foi construida para comemorar o milênio, em 2000, e de onde se tem uma super vista da cidade), o Palacio de Buckingham e a sua guarda real que não sorri nunca, o museu Madame Tussaud’s (super brega com os bonecos de cera das celebridades, mas imperdivel), o Regent’s Park, o Covent Garden (mercado de artesanato onde antes era uma estação de trem), o Candem Market (mercado super alternativo, onde se encontra todas as tribos de Londres), a avenida Picadilly Circus, o super fofo bairro de Notting Hill (aguardem um post completo sobre esta visita!), o bairro descolado de Soho, onde ha varios pubs, restaurantes e baladas (tudo fechando super cedo, claro), a Tower Bridge (uma ponte linda sobre o rio Tamisa), a Tower of London, o bairro London City ( centro econômico-financeiro da cidade)… pois é, fizemos tudo isto e mais alguns pubs pelo caminho, mas ainda ficou muita coisa para ver… Sem problemas, terei um otimo motivo para voltar!

Até porque descobri que estou perdendo todo meu inglês… Não entendia nada do que aquele povo falava, mas beleza… quem sabe eu volto la um dia, não apenas para turismo, mas para uma imersão em inglês?

Outra coisa que descobri nesta viagem : a comida tipica londrina definitivamente não é inglesa. A cozinha tipica de Londres é oriental. Porque para todo canto que você olha, la tem um restaurante japonês, coreano, chinês ou indiano. Alguma duvida de porque eu achei Londres o maximo? Quero morar la! Amo Lyon, mas ir para Londres me fez sentir que estou morando numa cidade do interior…

Que mais sobre Londres? Ah, sim. Tem um zilhão e meio de brasileiros la. Não estou falando dos turistas, não. Porque estes é claro que tem um monte. Mas tem também um monte de brasileiros morando la. Fui comprar os tickets para London Eye, o carinha do atendimento era brasileiro. Fui comprar uma Coca numa barraquinha, ôps, brasileira. Na Starbucks, a atendente era brasileira. Fora os que eu encontrei no metrô, andando nas ruas, com quem eu conversava e que me contavam que moravam la também. Sem brincadeira, falei mais português do que inglês em Londres!

Neste momento, pensei no filme « Jean Charles », que eu vi que saiu no Brasil. Tenho certeza que infelizmente este filme não chega aqui na França. Pena, mas vou tentar vê-lo ai no Brasil na semana que vem.

Também acho que por conta da brasileirada toda que ha em Londres deve ter passado uma lei obrigando todo cidadão a ter um par de Havaianas. Porque, sem brincadeira, nunca vi tanta gente calçando Havaianas! No metrô, na rua, nas lojas, nos restaurantes, o tempo todo, em qualquer lugar, olhava para os pezinhos dos ingleses e la estavam elas, as famosas.

Dai que, unindo isto ao fato de que em Londres você pode andar como quiser, um dia sai como os ingleses, ou seja, calça jeans, camiseta e Havaianas! Ok, pode parecer nada demais para alguns. Para mim é um super avanço no quesito « estou me lixando para o que as pessoas pensam », eu nunca tinha usado Havaianas com jeans… e foi uma delicia, viu?

Bom, acho que vou parando este post quilométrico por aqui… mas tem outras historias para contar sobre Londres, aguardem!