Como começar bem a semana - Parte 2

Capitulo 2 – Como ficar famosa na empresa (não necessariamente pelos bons motivos)

Ano novo, vida nova…

Todas as resoluções de ano novo que não pusemos em pratica no ano anterior, a gente renova para o ano seguinte… um descarado e sem-vergonha Ctrl+C, Ctrl+V mesmo… não deu para fazer em 2009 ? Sem problemas, a gente copia para a lista de 2010.

Como todos os reles mortais, eu também tenho minhas resoluções de ano novo (a maioria das quais eu acabo não cumprindo, até porque é para isso que elas servem). Mas, desta vez, tem uma delas que passou para uma etapa mais avançada : a de resolução que eu pelo menos vou tentar cumprir.

Me explico : sabe aquela historia de dizer que um dia vai ganhar na loteria, mas sem nunca jogar? Pois é, essa sou eu, mas em outro aspecto: faz uns 10 anos que digo que quero emagrecer, mas não faço regime e nem exercicios. Facil, né?

Pois desta vez resolvi pelo menos jogar na loteria. Ou melhor, fazer um pouco mais de exercicios (visto que eu não faço quase nada, qualquer coisa que fizer vai ser «um pouco mais»). Até porque comer é uma das coisas que eu mais gosto na vida e fazer regime definitivamente não é a minha.

Dito isto e, aproveitando as promoções de inverno aqui na França, comprei uma esteira pela internet para fazer exercicios em casa.

Ok, ok. Ja sei que muitos de vocês vão dizer que foi a maior besteira que eu fiz, porque todo mundo que tem uma esteira acaba usando-a como guarda-roupa ou porta-porcariada. Fato. Mas vocês me deixam pelo menos tentar? Concedam-me o beneficio da duvida… quem sabe eu serei a primeira mortal a usar uma esteira em casa? De qualquer forma, se eu não usa-la, daqui a uma ano eu vendo no ebay. Ta prometido!

Voltando à esteira… eu a comprei no site da Decathlon e, semana passada, o moço me ligou para combinar a entrega.

Detalhe: ela so podia ser efetuada em dias uteis, das 9h30 às 12h e das 14h às 17h (ja vi este filme antes…).

Tentei dialogar:

- Mas moço, eu trabalho nestes horarios ! Não tem como você passar, sei la, às 8h30 da manhã ? Ou às 9h, mas tipo assim, às 9h mesmo ?
- Não, moça, posso te garantir uma faixa horaria, das 9h30 ao meio-dia, mas não posso garantir o horario exato, porque depente da circulação, das outras entregas, da conjunção de Plutão com Vênus, da posição das marés no hemisfério sul, e bla, bla, bla whiskas sachê.
- Ok, moço. Ja que é assim, vocês podem vir me entregar no meu local de trabalho ?
- Sim, podemos.
- Então, ta. Vocês podem vir na segunda-feira de manhã.
- Sem problemas, passaremos ai entre 9h30 e meio-dia.
- Até meio-dia mesmo, né moço ?
- Sim, até meio-dia.
- Ok, então você me chama na recepção quando chegar, nos vamos até o estacionamento e você me ajuda a colocar a esteira no meu carro, fechado ?
- Fechado.

Eu deveria ganhar o Oscar da ingenuidade. Sério. Porque eu realmente acreditei no moço do transporte.

Dai que segunda-feira eu passei a manhã inteira na minha mesa, nem marquei nenhuma reunião, so fiquei colada ao telefone, não saindo nem para fazer xixi, esperando o tal do moço chegar com a «encomenda».

Deu meio-dia e nada do moço. Eu ligo no telefone dele, e nada de alguém atender.

Pensei : «bom, o cara deve estar almoçando e deve passar aqui na parte da tarde».

Sai para atravessar a cidade e ir buscar o carregador do meu notebook e cheguei na empresa de volta às 14h30, atrasada e toda esbaforida (leiam o post anterior, vocês vão entender).

Tentando passar o mais discretamente possivel pela recepção (porque, vejam bem, eu estava voltando do almoço com meia hora de atraso), eu escuto um monte de gente gritar o meu nome. Ai, meu Deus, o que foi que eu fiz?

Vou até a recepcionista que me diz que vieram me fazer uma entrega e me indica um pacote encostado no chão… não, não era um pacote qualquer. Era O pacote. O pacote que estava simplesmente bloqueando quase toda a recepção. O pacote que nem disfarçava o que continha, porque tinha uma esteira ENORME desenhada na caixa. O pacote gigante e pesado denunciando que eu havia comprado uma esteira pela internet e, crime dos crimes, tinha pedido para entregar no meu local de trabalho.

Ao lado da recepcionista, uns caras da manutenção e dos serviços gerais que estavam ha meia hora me procurando para entregar a «encomenda» e que me olhavam com uma cara de que não entendiam o que uma esteira estava fazendo na recepção da sede mundial de um grupo multinacional…

Eu quis desmaiar nesta hora. Quis que o chão se abrisse na minha frente para que eu pudesse enfiar a minha cabeça. Enquanto ficava roxa de vergonha e, ao mesmo tempo, tentava pensar no que fazer, ouvia as pessoas me perguntando : «mas é para você a esteira, Rachel?», «você vai fazer exercicios?», e otras cositas mas…

Gaguejando e tremendo de vergonha eu tentei explicar que, na verdade, era para o filho da quenga do transportador me entregar o pacote antes do meio-dia e me ajudar a coloca-lo no carro. Discretamente. Sem ninguém ver nem perceber. Não era para o energumeno chegar às 14h, justo na hora em que eu não estava na empresa, e deixar o embrulho la, no meio da recepção…

Enfim, o pacote era realmente grande e eu pedi ajuda aos amigos da manutenção para coloca-lo no carro.

Detalhe: fui buscar o carro no estacionamento e levei-o para a entrada principal da empresa, onde estava o pacote. A entrada principal fica exatamente embaixo de onde? Das janelas do andar do Sr. Presidente e de todos os outros deuses do Olimpo, digo, diretores.

O pior é que o treco era tão grande que nem abaixando os bancos de tras do carro a esteira coube no porta-malas. Sabe o que tivemos que fazer, bem em frente às janelas presidenciais? Desembalar a esteira, tira-la da caixa e deixa-la beeem visivel, mas beeeem visivel mesmo, antes de colocar dentro do carro. Sim, porque vergonha pouca é bobagem. Eu ainda tinha que passar pela situação de abrir meu embrulho ali, na frente do prédio e de todo mundo…

Evolução profissional? Plano de carreira? Bye, bye…

Depois de muito custo, a esteira entrou no carro. E a bonitinha aqui desceu com o carro até a vaga mais longe do estacionamento, a mais la no fundo. Tudo o que eu não queria era que mais gente visse a tal dentro do meu carro (se bem que eu nem sei o porquê desta preocupação, depois da empresa inteira ter visto a esteira na recepção e eu tê-la desmontado na frente das janelas dos deuses do Olimpo…).

Olha, so sei que agora, escrevendo tudo isto, estou morrendo de rir. Mas na hora não foi muito engraçado não… eu queria mais é chorar!

Ja não basta ser conhecida como a louca que deixa o porta-malas do carro aberto no estacionamento, agora eu sou a louca-gordinha que compra uma esteira, manda entregar no trabalho, causa mais do que não sei o quê e ainda tem que desembalar a encomenda para poder enfia-la no carro…

Ah, mais dificil foi tirar a esteira do meu carro e leva-la para o meu apartamento. PQP, o troço pesa uma tonelada! E isso porque eu comprei o modelo mais basico, mais simples, o menorzinho e mais barato… Mas tive a ajuda da (Santa) Sandrine. Sempre ela… nem precisa de dia especifico para saber que ela é uma santa, depois de todos os favores que ela ja me fez…

So sei que, depois de tudo isso, so mesmo fazendo muito exercicio na esteira para fazer toda esta vergonha ter valido a pena...

Como começar bem a semana

Tem dias que parecem noite… foi assim o dia de hoje. Foi tanta coisa errada, tanta trapalhada, que vou precisar de uns dois posts para contar tudo…

Se vocês acham que tiveram um dia ruim, leiam os proximos posts e sintam-se aliviados. Murphy definitivamente me adora!!!

Enjoy it!

Capitulo 1 – A saga do carregador de notebook

Eu contei aqui para vocês no fim do ano que esqueci/perdi/larguei o carregador do meu notebook no aeroporto de Paris, ainda na ida para São Paulo, né? Pois é. Acho que se tivesse perdido o computador, teria tido muito menos trabalho… Pois vocês acreditam que so hoje, mais de um mês depois, consegui finalmente um carregador compativel com meu computadorzinho?

A aquisição desse maldito, digo, querido, carregador foi digna de uma saga à la Star Wars.

Vejam bem: ainda no Brasil, passando em frente à uma loja da HP por acaso, resolvo entrar para ver se eles têm o tal carregador. Afinal de contas, meu pc é HP e numa loja da marca eles com certeza teriam o dito cujo, certo? Errado. Eles não vendiam carregadores separadamente (não entendo porquê, tão normal perder estas coisas no aeroporto) e me aconselharam ir a uma assistência técnica. Eu não perdi meu tempo, não. Resolvi desencanar do pc e curtir minhas férias tranquilas.

No mesmo dia em que voltei para a França, fui fazer umas comprinhas basicas no mercado e passei pela area de informatica. Qual não foi minha surpresa quando vi a maravilha das maravilhas: um carregador de notebook universal! Yes! Exatamente o que eu precisava! O preço era meio salgado (37 euros), mas eu não estava la em condições de barganhar…

Comprei o (mal)dito cujo, que vinha com seis tipos de plugues diferentes para diferentes tipos de pc. Um deles tinha que servir no meu computador, certo? Errado, mais uma vez. Nenhum dos seis plugues entravam no maldito buraquinho da porcaria do meu note.

Ok. Muita calma nessa hora.

(So para constar: voltei no mercado uma semana depois e devolvi o produto. Pelo menos fui reembolsada e não perdi meus 37 euros… e olha que eles nem me encheram muito o saco para me reembolsar).

Voltando à saga, o pc é da HP, então basta entrar no site da HP para comprar um carregador novo, correto? Não, errado de novo!!!

O site da HP é uma zona. Você clica na parte de acessorios ou de peças e vai procurando até achar a parte dos carregadores. Chegando la, tem um zilhão de modelos diferentes e você não sabe qual é o que entra na porcaria do seu buraquinho, digo, do buraquinho do seu pc (tai uma coisa que eu não entendo… por que estes patifes da HP não padronizam as entradas dos carregadores, pô?). Você vai clicando, clicando e, de repente, é direcionado para um site em inglês, que não tem nada a ver com nada… PQP!!!

Meio que ja perdendo a paciência, a pessoa aqui tem uma brilhante ideia: ligar para a empresa na qual eu comprei o pc (foi pela internet, mas a empresa fica em Lyon e é muito boa!) e perguntar se eles vendem a maldita peça que liga o pc à tomada…

Esta ligação foi a unica coisa digna de nota positiva desta historia toda. O cara que me atendeu foi de uma competência, eficacia e gentileza jamais vistas durante minha pequena-grande experiência com vendedores aqui na França. Ele consultou meu cadastro, descobriu a referência do meu pc, pesquisou no sistema a referência do carregador correspondente e, muito solicito, me pediu desculpas por não ter o produto em seu estoque, mas me deu a referência da peça e ainda me forneceu o numero de telefone do televendas da HP em Lyon. Gente, quase perguntei se o cara era casado e se ele não queria namorar comigo. Sério. Fiquei emocionada com tamanha gentileza.

Voltando à odisseia Carregador Wars, ligo para a HP. Ao contrario do moço da ligação anterior, a atendente da HP foi de uma incompetência digna dos vendedores franceses. Ela pediu o numero de série do meu computador. Como eu estava no trabalho, não tinha este numero comigo, mas disse a ela que tinha a referência exata da peça que eu precisava. Sabe o que ela disse? Que a referência não adiantava. Que ela precisava do numero de série do pc. Não, fala sério, é pegadinha? Se eu tenho a porcaria da referência KA288PQP, por que raios a imbecil precisa do numero de série do meu pc???

Enfim, voltei ao site da HP e, clicando aqui e ali, descobri um site de uma revendedora de acessorios autorizada deles em Lyon. Yes!!!

Entro no site deles e, com o magico numero de referência que o simpatico moço que eu quase pedi em namoro me deu, consigo achar o tal produto. Perfect!!! Ao lado da imagem, ha um link para pesquisar os modelos de notebook com os quais ele é compativel. O que vocês acham que aconteceu? Nesta lista havia simplesmente uns 287 modelos de notebook, menos o meu (mais uma vez, xinguei até a vigésima nona geração dos patifes da HP, que inventam 684 modelos de pc e 2564 modelos de carregador).

Acho o telefone de contato da loja, ligo para eles e eles me informam que o modelo de carregador compativel é esse mesmo. Ok.

Faço o pedido pela internet. 47 euros. Cacetada!!! Mas visto todo o trampo anterior, acho que estava disposta a pagar até 200!

Na hora de escolher o tipo de entrega, uma bela surpresa : uma entrega simples, a domicilio, custava a bagatela de 20 euros. Tipo assim, os caras vão vir me entregar de limusine? Absurdo a entrega custar a metade do preço do carregador…

Escolhi ir buscar o carregador la na loja mesmo, ja que não havia custo nenhum para isso. So faltava eles me cobrarem a visita la…

Ai é que começa a parte boa da historia, a parte de «hoje». A loja so fica aberta durante a semana, das 9h30 às 13h e das 14h às 17h, ou seja, bem na hora em que estou trabalhando, é claro. Ah, e ela fica do outro lado da cidade. Ahã…

Decidi ir la buscar o carregador hoje ao meio-dia, ja que tenho duas horas de almoço. Pois sai da empresa ao meio-dia e atravessei a cidade. Cheguei à tal loja às 12h35. So que o cara que me informou que a loja ficava aberta até às 13h me enganou. A loja fecha para o almoço às 12h30. Ou seja, dei com a cara na porta…

Bom, ferrada por um, ferrada por mil, decidi que não ia voltar para o trabalho enquanto não tivesse pego a joça do carregador. Almocei la perto mesmo e esperei até às 14h, quando finalmente, soltando fogo pelas ventas, pude retirar minha linda encomenda.

Cheguei de volta ao trabalho, atrasada e toda esbaforida, às 14h30. E isto foi apenas a primeira parte do meu dia, eu não tinha ideia do que ainda me esperava…

PS: detalhe que esta historia toda so aconteceu por conta de eu ter me "engraçado" com um mocinho no aeroporto... ah, querem saber? Acho que não valeu todo este trabalho, não!

Bela adormecida

Este fim de semana bati meu recorde de sono: 19 horas consecutivas!!! Alguém da mais?

Pois é, nem sei direito como isso foi acontecer...

Eu sai na sexta à noite e voltei para casa umas 4h da manhã. Até ai, normal. Tive que acordar mais ou menos cedo no sabado, pois tinha marcado uma aula de demonstração de chinês (assunto para outro post).

Apos a aula, fiquei passeando pela cidade, visitei um museu (o museu de marionetes, muito bacana!), fiz umas comprinhas. Cheguei em casa por volta das 18h e me atraquei com meu edredom no sofa para dar “uma descansadinha” antes de sair mais tarde.

Pois é, so que esta descansadinha durou e, quando eu vi, ja eram seis da matina de domingo (hoje) e eu ainda estava no sofa da sala dormindo... Levantei, ou melhor, me arrastei até a cama e continuei a “descansadinha”. E não consegui levantar antes das 13h. Ou seja, das 18h do sabado às 13h do domingo = 19 horas!

E não, eu não estou doente. Nem estava tão cansada assim. Apenas dormi. Muito. Sem parar. E, sem bricadeira, tive que me forçar a levantar da cama às 13h, senão acho que teria ficado mais umas horinhas... ja imaginaram? Poderia ter chegado a 24 horas de sono!

Anyway... o meu recorde antes disso era de 17 horas. Mas isso foi ha muitos anos, quando eu ainda era adolescente e acordava todo dia às 5h30 da manhã para ir à escola, emendava com um estagio na saudosa Telesp e fazia cursos de idiomas gratuitos à noite... Não é de se espantar que, numa bela sexta-feira à noite, eu tenha ido dormir às 19 horas e so tenha acordado ao meio-dia do sabado!

E deixem eu ir porque acho que vou fazer uma siesta agora...

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Santa Rachel

O calendario aqui na França tem algumas particularidades em relação ao calendario no Brasil.

Por exemplo, os franceses ADORAM chamar as semanas por numeros. Tipo assim, “para quando você vai me entregar tal projeto?”. E em vez do francês responder “na semana de 18 de janeiro”, ele responde “na semana 4”. Pois é, no começo do ano é até facil entender esta logica rapidamente, mas a coisa se complica conforme as semanas vão avançando e você tem que lidar com a “semana 25” ou a “semana 38”, por exemplo. Enfim, por tudo isso, nos calendarios franceses, ao lado de cada semana, ha a indicação do numero correspondente.

Abre parêntenses: nem todos os franceses são chatos assim... a maioria até que é bem normalzinha e fala sobre as semanas como a maioria dos mortais. Mas ha alguns, principalmente os que trabalham com gestão de projetos ou informatica (ô raça!), que adoram chamar as semanas pelos numeros. Acho que estes nem precisam do tal calendario, são tão nerds que devem ter decorado os numeros de cada semana do ano!

Enfim, outra particularidade é que no calendario francês cada dia corresponde a um nome (ainda não sei se estes nomes são sempre associados a santos, ou não). Por exemplo, ontem foi o dia das Roseline. Dia 14 de fevereiro, é o dia dos Valentin (por isso também o “Valentine’s Day” e esse eu sei que tem a ver com um santo!). E assim por diante. E, normalmente, quando é o dia do seu nome, as pessoas te desejam Feliz Dia. Legal, né? Pois é. So que eu ja havia buscado meu nome no tal calendario e não tinha achado. Pensei: “Que pena, mas deve ser porque não existe uma Santa Rachel, né?”. É, as pessoas de nome Rachel não costumam ser muito santas...

Pois qual não foi minha surpresa quando, sexta-feira passada, dia 15 de janeiro, recebi um e-mail da Sephora (magnifica loja de perfumes, maquiagens e afins), parabenizando-me pelo meu dia e até me oferecendo um desconto na loja. Então, gente! Existe sim um dia para as Rachel. Fui até procurar na internet e vi que era mesmo verdade. No dia 15 de janeiro, festeja-se os nomes Rachel, Rémi e Amaury. So que o calendario safado no qual eu tinha pesquisado antes so tinha falado dos Rémi. Sacanagem!

Dai que eu fiquei muito feliz de saber que existe um dia para as Rachel e, pesquisando mais um pouco, descobri que o que eles chamam de “Santa Rachel”, é a Rachel da Biblia. E eu até conheço a historia dela, mas não sabia que ela era (ou tinha virado) santa. Confusa esta Biblia... sera que todo mundo que apareceu la virou santo? Como vocês podem ver, eu não entendo lhufas da Biblia ou do catolicismo, apesar de ter sido batizada, feito primeira comunhão, perseverança, crisma e tudo o mais...

Voltando à historia da Rachel da Biblia... eu a conheço porque meu pai sempre me contava quando eu era criança e eu adorava!

É uma historinha bem engraçada (permitam-me uma certa licença poética para tornar a historia mais moderninha...):

Rachel (ou Raquel, sei la) pertencia a uma familia rica de pastores e lavradores. Ela era filha de Labão e tinha uma irmã mais velha chamada Lia. Ela era linda. Dai que um dia apareceu um moçoilo chamado Jaco nas paradas, e ele se encantou pela Rachel. Dai que Jaco, que era um moço bem direitinho e não curtia esta historia de “ficar”, foi la e pediu a mão de Rachel em casamento ao Sr. Labão (“Então, Sr. Labão, sabe como é que é, né? Eu tô afinzaço da sua filha e ela também e a gente quer juntas nossas escovas de dentes... O senhor aprova?).

Acontece que, naquela época, costumava-se casar a filha mais velha antes da mais nova. E a tal da Lia estava meio que encalhada, ja ficando para titia.

Para tentar resolver o problema, porque ja estava ficando chato para Lia ser solteira e encalhada (a sociedade nunca viu com bons olhos mulheres maduras sozinhas), o Seu Labão propôs o seguinte negocio ao Jaco:

- Sr. Jaco, o senhor me parece um rapaz direito, honesto, de familia. Eu te darei a mão da minha filha Rachel com o maior prazer. O problema, Seu Jaco, é que a minha filha Lia, que é mais velha que a linda Rachel, ainda não casou, compreende? E então eu fico numa situação dificil... Não posso te dar a mão da Rachel antes que a Lia case. Eu lhe proponho o seguinte: como o senhor é um rapaz trabalhador, proponho que trabalhe nas minhas terras como pastor durante sete anos, de graça. Ao final dos sete anos, eu lhe darei a mão de minha filha Rachel em casamento.

O coitado do Jaco, louco de amor por Rachel, não teve outra alternativa senão aceitar a proposta indecente do safado, cachorro, sem-vergonha e explorador dos pobres, Sr. Labão.

E trabalhou, sete anos seguidos, de graça, para o dito cujo.

Ao final dos sete anos, Jaco todo contente começou a organizar o casamento.

Acontece que a Lia ainda não tinha encontrado um idiota, digo, marido. E continuava encalhada.

Pois o que o safado, sem-vergonha do Labão fez? Mandou a Lia casar com o Jaco no lugar da Rachel. Naquela época, as mulheres se casavam com o rosto coberto, e o Jaco (meio tosco, por sinal), so se deu conta de que havia casado com a irmã errada quando o casamento ja estava feito e consumado (põe tosco nisso! Como é que a criatura não viu que não estava casando com o amor da vida dele?).

Jaco obviamente, foi la reclamar com o Sr. Labão que, desta vez, nem deu muita trela para o Jaco. Ele simplesmente disse: “o senhor trabalhou sete anos para casar com a Lia. Mas se quiser casar com a Rachel, tera que trabalhar mais sete anos para mim, de graça. Ai então eu te darei a mão de Rachel”.

Pausa para comentarios: o Sr. Labão era um crapula, mas o Jaco também era tosco demais, né? Por que ele não encheu a cara do Lambão digo, Labão, de porrada?

Ele não so não fez isso, como ainda aceitou o trato (meio contrariado, claro). Eu diria que tem que ser muito trouxa, viu? Porque quem garantiria que o Lambão iria cumprir sua promessa apos tal safadeza?

Enfim, e la se foi Jaco trabalhar mais sete anos para poder casar com a Rachel. E, desta vez, finalmente conseguiu. Jaco teve que trabalhar quatorze anos para casar com seu grande amor. Bonito isso, né?

Não entremos nos detalhes praticos da coisa, tipo, depois de quatorze anos a Rachel devia estar meio acabadinha, né? Talvez o amor nem fosse mais o mesmo também, enfim... E, segundo a Biblia, o Jaco não so ficou casado com a Lia e a Rachel, como também levou de lambuja mais duas criadas da familia, Bila e Zilpa (sim, Jaco teve quatro esposas).

Mas não vamos acabar com o romance desta historia, que eu adoro. Apesar de odiar o Lambão, não deixa de ser bacana saber que a Rachel é dificilima de se conseguir... (e, de acordo com a Biblia, sempre foi a esposa preferida de Jaco).

Atenção, potenciais interessados que porventura leiam este blog: não precisam se assustar não, viu? Os tempos são outros, ninguém vai precisar trabalhar quatorze anos de graça se quiser casar comigo, não se preocupem (duvido que haja um candidado potencial lendo este blog, mas so para garantir... nunca se sabe, né?).

Happy New Year!

Janeiro ainda não acabou, então ainda é tempo, né?

Feliz ano novo para todos!!!!

Sabe o que eu desejo para vocês? Nada daquele bla, bla, bla de sempre de muita saude, felicidade, amor, paz, e tudo de bom.

Desejo apenas duas coisas:

Saude, porque por mais clichê que seja, sem ela tudo fica mais complicado.

E evolução. Que no final de 2010, vocês olhem para tras e vejam que evoluiram, aprenderam algo de novo, cresceram. Que no final do ano vocês saibam mais do que sabem hoje, sobre o mundo, sobre as pessoas, e, principalmente, sobre vocês mesmos.

Isto é o que eu desejo para vocês e para mim mesma também.

Feliz 2010!

Démodé

Dai que esta observação é antiga e eu ja até comentei com alguns amigos. Mas como ainda não tinha postado no blog, resolvi fazê-lo agora.

No Brasil, para dizer que alguma coisa esta fora de moda, usamos uma expressão francesa, com a boa pronuncia e tudo: "démodé".

Mas chegando à França, descobri que aqui eles não usam “démodé” para dizer que algo esta ultrapassado. Eles usam uma expressão em inglês: “has been”, com aquela magnifica pronuncia à la francesa: “asbín”.

Pois é... o “démodé” esta completamente “has been” por aqui.

Boletim II

Não teve verglas desta vez... parece que ele so da as caras quando menos se espera, que é para causar mais problemas. Agora, quando todos estavam prevenidos, ele não apareceu. Melhor assim, né?

So ha umas placas de gelo nas calçadas... Esta super engraçado ver os pedestres, coitados, meio que andando, meio que patinando, meio que tentando não cair e se estatelar no chão... Mas não vou tirar uma com a cara porque afinal de contas eu também sou pedestre...

O plantão meteorologico de Lyon volta ao ar assim que houver outras novidades...

Boletim meteorologico

Um pequeno boletim do tempo e das condições de trânsito hoje...

Depois de ter nevado e eu ter hibernado o fim de semana inteiro, sai de casa de manhã para o trabalho.

As calçadas estavam lotadas de neve (de 20 a 30 centimetros), mas as ruas até que estavam livres, pelo menos as principais vias.

Passei para buscar uma amiga na casa dela. A coitada não podia sair com o carro, pois a garagem do prédio dela é aberta e no mesmo nivel da rua, então quando os caminhões caça-neve passaram limpando o caminho, eles jogaram toda a neve no estacionamento dela, bloqueando todo mundo. Legal, não? Este problema pelo menos eu não tenho, ja que a minha garagem graças a Deus é coberta.

Continuando... tudo estava indo muito bem, não pegamos nenhum trânsito, até chegarmos à empresa. Tinha uma fila enorme para entrar no estacionamento e logo compreendemos o porquê: neve por todos os lados... Quase impossivel de estacionar, os carros estavam tentando subir na neve, e alguns conseguiam, outros não... la na frente, vimos três funcionarios da manutenção com pas na mão tentando “desnevar”, que é como a gente chama aqui o fato de tirar a neve do caminho. Enfim, quando consegui chegar ao fundo do estacionamento, so restavam umas duas vagas. Mas eu tinha que subir na neve, claro... Uns 30 centimetros de neve e o meu carro, como eu ja disse, não tem pneus de neve... meu pai do céu...

Pensei: “seja o que Deus quiser” e acelerei. Avancei até onde eu pude, para que os carros que vinham atras pudessem passar. Mas a partir de um certo ponto os pneus da frente começaram a patinar, logico. Foi ai que pensei: “f.... não vou conseguir ir embora daqui hoje”. Mas, como diria um grande sabio, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”, então deixei para me preocupar com isso mais tarde, fechei meu carro, larguei o bonitinho la e fui trabalhar.

Todo mundo que ia chegando ao escritorio dizia a mesma coisa: putz, como é que a gente vai embora hoje? Vamos ter que empurrar uns os carros dos outros...

Depois ficamos sabendo que, na verdade, o pessoal da manutenção tinha chamado a empresa responsavel por “desnevar” o estacionamento no fim de semana. E eles foram la, so que os cabeçudos tiraram a neve do caminho que os carros fazem e jogaram adivinhem onde? Nas vagas!!!!! Por isso dava para entrar no estacionamento, mas não dava para estacionar. So rindo mesmo, né... o dono da empresa deve se chamar Manuel Joaquim, ou algo assim...

Na hora do almoço, saimos com o carro da Anna... e, na volta, resolvemos aproveitar para “desnevar” o meu carro e o da Sandrine.

Detalhe que o da Sandrine estava completamente atolado no estacionamento de um hotel la perto... enfim...

Como se faz para “desnevar” o carro? Então, precisa de uma pa, né? Obvio que a Anna não tinha uma pa no porta-malas (ainda bem, senão eu ia ficar com medo, bizarro esse negocio de pa no porta-mala!), mas ela tinha umas raquetes de frescobol e la fomos nos três bonitinhas tirar a neve dos pneus da Sandrine (ôps, do carro dela). Que PENA que eu não tinha uma câmera fotografica nesta hora, porque a cena foi hilariante!

Voltamos para a empresa e, antes de “desnevar” meu carro eu fui tentar sair com ele, para ver se eu conseguia. Patinei um pouco, mas vi que dava para sair, então deixamos assim mesmo...

Não, mas fala sério, né? Quando na minha vida eu ia me imaginar “desnevando” um carro com uma raquete de frescobol num frio de -2°C?

Na hora de ir embora, consegui sair da vaga sem problemas, ainda bem...

Ah, detalhe: com toda a nevasca do fim de semana, os supermercados estão ficando sem estoque de alimentos! O pessoal correu para fazer as compras antes do fim de semana e se estocaram como se fosse uma guerra. Tudo isso, aliado ao fato de que os mercados não puderam ser reabastecidos no fim de semana por conta das nevascas... caos total, né?

Calma, mãe! Eu tinha feito minhas compras na quinta-feira e hoje, so para garantir, ainda dei mais uma passadinha no mercado e comprei algumas coisinhas que ainda havia por la... Estou preparada hibernar de novo, se for preciso!

E vocês acham que é so? Os proximos dias prometem mais aventuras... A meteorologia esta prevendo uma nova nevasca para quarta-feira... e eles alertaram para o risco de “verglas” (para quem não lembra o que é, leiam aqui) também. Ai, ai... ou seja, muitas emoções por vir! A seguir, cenas dos proximos capitulos...

Welcome to real life!

Depois de três boas semanas de férias no calor tropical do Brasil, voltei para a Sibéria, quer dizer, para a França.

Gente, cheguei em Lyon na quinta-feira de manhã... estava fazendo -5°C e estava tudo branquinho, branquinho... tinha nevado aqui no começo da semana e, por conta das baixas temperaturas, a neve tinha acumulado. Detalhe que é bem raro nevar aqui e, quando isto acontece, normalmente a neve derrete logo em seguida, não acumula... Mas desta vez parece que a neve resolveu dar as caras pra valer por aqui...

Pois bem, na quinta até que estava tudo bem, as calçadas cheias de neve, mas as ruas livres... os caminhões “caça-neve” haviam passado e feito o trabalho deles direitinho, limpando as ruas. Mas a meteorologia estava prevendo uma nova nevasca para a noite de quinta para sexta... Bem na sexta, dia em que eu voltava a trabalhar.

Dai que acordei cedo na sexta, liguei o radio e ouvi que a situação estava normal. A nevasca prevista para a noite ainda não tinha acontecido e as condições de trânsito estavam otimas, melhores até do que em época de férias (muita gente não foi trabalhar na sexta e as escolas também não tiveram aulas).

Então a bonitinha aqui foi trabalhar. Chego no trabalho, cumprimento todo mundo, dou feliz ano novo a todos, conto sobre as férias, escuto as historias dos outros sobre as festas... enfim...

La pelas 11h30, começa a nevar. Muito. Tipo assim, muito mesmo. Uns flocos de neve gigantes! Em uma hora de neve, a pista do estacionamento da empresa ja estava coberta. Todo mundo começou a dizer que era preciso ir embora mais cedo, tipo antes das 15h, se não quiséssemos ficar presos la ou enfrentar 5h de trânsito para ir embora (isto aconteceu ha alguns anos aqui... teve uma nevasca assim, e o povo que tentou ir embora, levou 5h para fazer o trajeto Ecully-Lyon, que leva de 15 a 30 minutos normalmente). Pois é. Ai no Brasil vocês têm a enchente, aqui a gente tem a neve (ok, ok, concordo que pelo menos a neve é mais bonita...). Dai que euzinha aqui, que ja não sou acostumada com a neve, não sei dirigir na neve e cujo carro não tem pneus de neve, entrei em pânico, né? E fui embora ao meio-dia. Sim, fui embora ao meio-dia no dia em que tinha voltado das férias. Mas eu é que não ia me arriscar a ficar presa la na empresa ou bater o carro tentando dirigir na neve.

Enfim, voltei para casa, trabalhei a tarde toda (este foi o lado bom de eu ter ido trabalhar de manhã, pelo menos pude pegar meu computador para usar no fim de semana, ja que o meu notebook pessoal ainda esta inutilizado sem o carregador dele...).

Passei o resto da sexta em casa. E o sabado e o domingo também. Não coloquei o nariz para fora de casa o fim de semana inteiro. Literalmente, hibernei. Não parava de nevar e a rua da minha casa, que é meio uma ladeira, virou uma pista de esqui. Sério. Vi um cara com esquis descendo a ladeira. Pena que não deu tempo de tirar fotos. A parte de tras dos meus prédios, onde ha as ruinas romanas, também virou pista de esqui. Teve até familias vindo aqui com os filhos e fazendo esqui-bunda... disto pelo menos eu consegui tirar fotos!!!

Bom, estou escrevendo tudo isto no domingo à noite. Parou de nevar desde hoje à tarde. Espero que os caminhões “caça-neve” passem de madrugada limpando os caminhos para que amanhã eu possa ir trabalhar direitinho...

Deem uma olhada nas fotinhos abaixo para sentirem o drama:

Neve na frente do meu prédio (detalhe do carro meio atolado em frente à igreja)



Neve na minha sacada



Neve atras do meu prédio... e a gurizada se divertindo...