quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um mês!!!

Este fim de semana fez um mês que cheguei aqui e, por isto, resolvi fazer uma lista. Uma lista das coisas que estou sentindo falta do Brasil e das coisas que estou curtindo muito aqui justamente por não ter ai na “terra adorada”. Fiquei imaginando que um mês talvez seja meio cedo para fazer uma lista assim. Mas justamente por isso pode ser legal. Porque assim deixo registradas minhas primeiras impressões e, daqui a um tempinho, posso revisitar este tema e podem surgir abordagens diferentes...

Bom, mas antes de começar, trata-se de uma lista que exclui a familia, os amigos, as pessoas queridas, ok? Porque é obvio e ululante que estou sentindo muita falta da familia, dos amigos e das pessoas queridas, não preciso colocar isto na lista. Quero fazer uma lista de coisas mais “mundanas”.

Estão prontos? Então vamos la:

Do que estou sentindo falta:
  1. Requeijão: por incrivel que pareça, na terra do queijo estou sentindo falta de requeijão. Ainda não encontrei nada parecido por aqui e eu gosto muuuuuuito de requeijão. Ja enjoei de comer pão so com manteiga ou geléia, ou mesmo com queijo, quero REQUEIJAO! Aos franceses que lêem este blog (Soph, Lucie,...), um pedido desesperado de ajuda: existe algo parecido com requeijão por aqui? Porque pode até ser que exista, eu é que sou meio lerdinha e não achei... Até tentei explicar para minha colega do trabalho o que era, mas ela disse que aqui não tem isso não...
  2. Feijão: saudades do feijão da minha mãe e até do feijão do restaurante da Arno, que era bem bom (o feijão, não o restaurante). Eu trouxe feijão para fazer aqui, mas ainda não fiz porque não tenho uma panela de pressão (e isto porque trabalho numa empresa que fabrica panelas de pressão). Mas eu ainda não comprei a minha porque estou esperando ser registrada aqui para poder comprar mais barato :)
  3. Caipirinha: sem comentarios. Ou melhor, vou colocar um comentario sim. Outro dia sai com o pessoal do trabalho para tomar umas em um bar em um dos barcos que ficam ancorados no Rhône. Pois bem, estava um calor absurdo e, quem me conhece bem, sabe que eu não curto muito cerveja. Tomar Coca-Cola também estava fora dos planos. Dai que comentei que gostaria muito de tomar uma caipirinha e me disseram que neste bar eles faziam! Genial!!! Fui la pedir uma caipirinha. Fiquei passada... A caipirinha até que não era ruim, tirando o fato de que eles não colocaram gelo e eu tive que pedir. O problema foi que o tamanho da caipirinha era meio copo de um copo tipo americano. Isto mesmo que vocês leram. E eu perguntei: “é so isso???”. E era so aquilo mesmo. Agora, o que vocês nao vao acreditar, é no preço que eu paguei... 7 €!!! Isto mesmo, 7 €, ou melhor, mais ou menos R$ 17,50 por meio copo americano de caipirinha sem gelo... Por isto que dizem que quem converte, não se diverte!
  4. Comida japonesa: sim, aqui também tem restaurantes japoneses. Ja fui a dois e até que não eram ruins. Mas não eram como os de SP e sobretudo não são como o Nafuka perto da Arno onde a gente almoçava às vezes e, por R$ 19,90 comiamos até sair sushi pelas orelhas... E aquele temaki de salmão... Acho que em nenhum outro lugar vou encontrar um temaki como aquele!
  5. Manicure: saindo do universo culinario... ai, que saudaaaade da Rose!!! (a manicure da Arno). O que acontece é que manicure aqui é muito caro... Ja vi varios preços, mas que começam de 20€ em diante, isto apenas para as mãos. Ou seja, inviavel ir à manicure. Como não consigo ficar sem fazer as unhas, pois não tenho unhas naturalmente lindas como algumas pessoas sortudas, eu mesma estou fazendo minhas proprias unhas. Tanto as do pé quanto as da mão. E até que elas não têm ficado ruim, não. Estão até bonitinhas. O problema é que eu demoro UM SECULO para fazer as unhas... mas tudo bem, por enquanto minha agenda não esta tão lotada assim, se é que vocês me entendem...
  6. Shopping center: ok, ok. Shopping é a praia dos paulistanos e os paulistanos são ratos de shoppings. E tudo verdade. Ja ha muito tempo os “shopi cêntis” viraram a primeirissima opção de lazer dos paulistanos, o que às vezes é um saco, porque não ha um unico fim de semana no ano em que você não tenha que se matar para encontrar vaga no estacionamento do shopping às 4 da tarde do domingo. Nem mesmo nos feriados. Mas e so a gente ir para um lugar onde não ha shoppings, para vermos o quanto este mal é necessario e nos faz falta. Lyon é a segunda ou terceira maior cidade da França (depende do que se leva em conta, pode ser Lyon ou Marseille) e, acreditem, so ha UM UNICO SHOPPING CENTER nesta cidade, o Centre Commercial Part Dieu. De resto, ha as lojas de rua. Algumas realmente fantasticas, mas faz falta ir a um so lugar e saber que você vai encontrar tudo la. Ok, é claro que eu posso ir ao unico shopping center da cidade. Mas sendo o unico, esta sempre lotado. E ha um complicômetro, outra coisa da qual estou sentindo muita falta: as lojas nestes shopping fecham às 20h (tudo fecha muito cedo nesta cidade). Eu saio do trabalho entre 18 e 18h30. Considerando que trabalho fora de Lyon, até chegar ao shopping, estacionar e tudo, as lojas ja estão para fechar. E dai so me sobra o sabado (é claro que as lojas não abrem aos domingos), quando o shopping esta ainda mais lotado. So se a gente for muito cedo, logo que o shopping abre. Enfim, na verdade estou percebendo que o que estou sentindo falta não é exatamente dos shoppings, mas sim do fato de encontrar tudo ou quase tudo aberto até tarde, quando não 24 horas por dia. Nisto, digam o que disserem, São Paulo é insuperavel.
  7. Manobristas/estacionamento: hahaha, estou perdida! Completamente ferrada! E verdade que em Lyon ha MUITO menos gente do que em São Paulo e também muito menos carros. E menos trânsito. Até ai, perfeito. So que ha também infinitamente menos estacionamentos. E vagas nas ruas. Manobristas então, esquece! Eles nunca ouviram falar (tai uma idéia de negocio para abrir aqui... eu ia ser a primeira cliente, com cartão de fidelidade e tudo!). E tudo isto não é exagero meu, não. “Onde estacionar” é uma preocupação recorrente. As pessoas levam isso em conta antes de sair para qualquer lugar.E depois ficam rodando, rodando, rodando atras de uma vaga minima que seja (também notei que os franceses não são muito fãs de pagar estacionamento, enquanto que eu fico muito feliz e aliviada em ver um simbolo P, de parking). Junte-se a isso o fato de que eu não sou muito dotada para fazer balizas (para não dizer um completo desastre), vocês podem imaginar como estou ferrada, não??? Vou ter que aprender a fazer baliza na marra. E com um carro que é bem maior do que o que eu tinha em SP (bom, pelo menos ele tem direção hidraulica!).

O que estou curtindo muito aqui:

  1. Queijos e vinhos: obvio e ululante, mas necessario comentar. A quantidade de queijos aqui é impressionante. Você vai a um supermercado do tipo Carrefour e tem um corredor inteiro so de queijos. Fico perdidinha, nunca sei o que escolher. Por enquanto não arrisquei muito ainda, so comprei os que ja conhecia, tipo brie, camembert, fromage de chèvre. Mas aos poucos pretendo ir arriscando e degustando novos queijos... Sobre os vinhos, a mesma coisa. Eu não conheço ABSOLUTAMENTE nada sobre vinhos, mas estou me deliciando... Tenho bebido vinho no almoço (não todo dia...), e em algumas saidinhas com o pessoal à noite. Mas o preço dos vinhos é que é impressionante! Outro dia fui ao mercado com uma amiga e queria comprar um rosé, so que não sabia qual. Ela me indicou um e disse que era muito bom. Sabem quanto? Menos de 3€ a garrafa... Pois é, metade do preço de meio copo americano de caipirinha sem gelo, rsrs.
  2. Poder andar na rua sem ter medo: ok, eu sou a pessoa mais medrosa que eu conheço, admito. Mas ha muito tempo a situação em SP esta calamitosa e eu tinha medo até da minha propria sombra. Andar sozinha na rua à noite era algo que nem me passava mais pela cabeça. Pois é, mas aqui é simplesmente alucinante como podemos andar mais tranqüilos. E claro que gente louca e lugares meio desaconselhaveis existem em toda parte. Mesmo aqui me dizem que em certos lugares é preciso tomar cuidado. Mas no geral, não ha a sensação de insegurança. Quando eu saio com o pessoal à noite, por exemplo, todo mundo sempre volta a pé para casa, sem nenhum problema. E eu também, volto tarde, sozinha e andando. Não vou dizer sem medo porque ainda tenho meus costumes paulistanos. Mas realmente é bem mais tranqüilo aqui. Alias, as poucas pessoas para as quais comentei que em SP a gente não pode mais parar no farol vermelho à noite porque é perigoso ficaram tão assustadas que eu decidi não comentar mais isto. Nestas horas a gente se da conta de como a gente se acostuma logo com as coisas, mesmo as ruins.
  3. Um rio às margens do qual se pode caminhar: ok, ok. Se a gente quiser, até pode caminhar às margens do Tietê e do Pinheiros. Mas acho que não vai ser tão divertido quanto caminhar às margens do Rhône. E também, estando na Marginal, acho que vai ser um bocadinho mais perigoso :)
  4. Horario de trabalho: tudo bem que estou num periodo de trabalho digamos assim um pouco monotono, pois esta todo mundo em férias e eu ainda não assimilei tudo o que tenho que fazer. Mas ja vi que mesmo em periodos normais de trabalho, o esquema aqui é bem mais light. Para começar, ninguém aqui chega antes das 9h (pelo menos no meu departamento, as pessoas chegam entre 9h15 e 9h30). Oficialmente, temos “no minimo uma hora de almoço entre 12h e 14h”, mas o pessoal do meu departamento resolveu que temos todos os dias um almoço das 12h às 14h, ou seja, duas horas. E ninguém sai depois das 18h30... Outro dia, conversando com uma amiga do trabalho, ela me disse que às vezes, em periodos de muito, muito trabalho, a gente chega a sair até às 20h. Comecei a rir na cara dela, visto que este era mais ou menos o meu horario de saida da Arno todos os dias... E que eu entrava às 8h e tinha uma hora de almoço...
  5. Chegar no trabalho em 15 minutos: pois é, eu moro em Lyon, trabalho em Ecully (outra cidade) e tenho levado 15 minutos para chegar ao trabalho. Claro que isto é efeito das férias também, mas acredito que em periodos normais não vou levar muito mais do que isto.

6 comentários:

Patricia Coelho disse...

Amei seu post!!!
Me faz lembrar meus tempos de Au Pair... (que eu, uma tupiniquim americanóide, insisto em pronunciar aupér mesmo! rs)
Quanto à caipirinha, aí vai uma dica: um dia sentada no balcão de uma bar com minhas amigas aupéééérs, falei: "Me vê uma dose de vodka". A hora que o barman começou a colocar a vodka, falei "pensando bem, quero uma vodka com limão. Mas coloca o limão antes e espreme com açúcar". O barman nos olhou meio assustado, mas era muito bonzinho (éramos clientes cativas daquele bar) e fez o que pedi. Depois de espremer o limão com açúcar, pedi o gelo e daí sim a vodka. Pronto! Tínhamos acabado de fazer uma caipirinha e estava di-vi-na! Depois ele riu e até ficou ensaiando a pronúncia de "cóipirinha" rsrsrsrs
Mas aquela foi uma das melhores em 1 ano da minha vida de au pair...

Anônimo disse...

Também adorei seus posts e os pós de Lyon são divinos! rs
Baliza vc só aprende fazendo!!
Relaxa...
Bjs!
PS: minha irmã não sabe que o teu negócio é pinga?

Corredato disse...

Kekel !!!!
De toda a sua lista de coisas que fazem falta e as coisas que valem a pena, a que mais me deixou feliz, e é a que eu dou mais valor e sinto mais falta, é justamente a segurança. Andar a noite sem preocupação. Você sabe que adoraria morar fora do Brasil por qualquer motivo, mas o que mais me deixa angustiado no Brasil, é justamente não poder sair a noite caminhando pelas ruas. Acho que isso é algo que não tem preço, e fico feliz que você possa desfrutar isso sempre que quiser. Beijão.

Anônimo disse...

Ops, preciso fazer um comentário do seu comentário (credo, ficou horrível isso, mas a essas horas eu não consigo pensar em algo melhor)... vc disse que não tem temaki de salmão melhor do que o Nafuka... acho que vc se enganou, o melhor é o do Fujimae, lembra? rsrs...
O melhor de tudo é que em alguns dias vc vai poder matar saudades de comer requeijão, comida japonesa em abundância, o feijão da sua mãe e tomar muita caipirinha de pinga com seus amigos brasileiros!!
Estamos te esperando!!
beijos
Fe

Anônimo disse...

Pat, adorei a idéia!!! Tudo bem que meu negocio é pinga mesmo, como bem disse a Cris, mas na hora do aperto, vai com vodka mesmo. So preciso tomar cuidado, né Cris? Meu estômago é de pobre, não passo mal com pinga, mas passo mal com vodka (e champagne tb, lembram-se do reveillon no Rio? rsrs).
Sobre o temaki, Fe, eu realmente achava o do Fujimae o melhor do mundo, mas depois de começar a freqüentar o do Nafuka, acho que não tem pra ninguém!!!

Sofizinha disse...

Rachel, tenho uma noticia ruim: nao tem nada parecido com requeijao na França...nao chore nao. De qualquer jeito requeijao nao é queijo, né?(sou uma francesa chata mesmo)entao aproveite o camembert, o brie, o cantal...Beijao!!!!