terça-feira, 2 de dezembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! – Parte II

Sexta-feira. O alarme do meu celular toca às 7 da manhã, mas eu so levanto às 8.

Opa, opa, opa! Perai! Por que ta tudo girando? Por que minha cama não para de mexer? Vou me levantando aos poucos, ponho os pés no chão e tento ficar de pé, mas não consigo. A impressão que eu tenho é que ainda estou bêbada, mesmo depois de ter dormido. Alias, a impressão que tenho é que estou mais grogue do que estava quatro horas atras, quando fui dormir. Talvez não seja so impressão.

Também, que idéia de ir degustar o novo Beaujolais depois de um dia de trabalho, três horas de dança e sem ter comido nada!

O mundo gira, a cabeça doi e estou super enjoada. Agora entendi porque dizem que este vinho não é bom. E agora também posso integrar a lista dos que dizem que ressaca de vinho é a pior que existe.

O mais curioso de quando se acorda assim é que, ao mesmo tempo em que você ja esta atrasado e precisa fazer tudo correndo, você não consegue, porque o mundo esta girando e parece que tem alguém constantemente chacoalhando a sua cabeça. E então você tem que fazer tudo muito, mas muito lentamente e acaba se atrasando mais ainda.

Finalmente, consegui levantar e me arrumar. Até que estava orgulhosa de mim mesma pois, passado o mal estar inicial, estava conseguindo me manter em pé e a minha cara até que não estava tão mal assim. Nem parecia que eu estava de ressaca.

Quando cheguei no trabalho, tive a confirmação de que a Lei de Murphy foi criada com base na minha vida. Ou na vida de alguém tão zicado quanto eu. Porque a primeira pessoa que eu encontro, logo no estacionamento, é a minha chefe. Até ai, tudo bem. Como eu disse antes, minha cara até que estava enganando. O problema foi quando ela me disse: “Bonjour!” e, quando eu fui responder, descobri que a minha voz não estava saindo!

Até então, eu não tinha notado que havia um problema com a minha voz. Acabei me dando conta, neste exato momento, que este é um inconveniente de morar sozinho... Como você não fala com ninguém de manhã em casa (e eu não costumo falar sozinha), você chega ao trabalho achando que ta tudo bem com a sua voz e, quando alguém te diz bom dia, você paga aquele micão, porque o seu bom dia sai meio roco, meio fanho, meio desengonçado! Acho que vou começar a trocar umas idéias comigo mesma de manhã...

Dai a minha chefe me pergunta: “Você esta doente?”. Ao que eu respondo: “Não, esta tudo bem, é que ontem eu fiz a festa, fui degustar o Beaujolais e hoje acordei assim”. Não, eu não sou idiota. Claro que poderia ter mentido e dito que tinha acordado com dor de garganta. Mas o problema é que no meu departamento não ha nenhuma possibilidade de guardar um segredo, nenhuminha, por mais remota que seja. La, tudo se sabe, tudo se fica sabendo. E, como eu fui para o Beaujolais com uma amiga do trabalho, com certeza todo mundo ia ficar sabendo depois. Não é por acaso que eu trabalho na “Comunicação Interna”. Mentir para a chefe no estacionamento so ia piorar as coisas... Dai minha chefe riu e disse que estava feliz por ver que a brasileirinha tinha se integrado tão rapidamente à vida boêmia em Lyon... Que beleza, agora minha chefe acha que eu sou uma pinguça!

Bom, mas não preciso nem dizer que meu indice de produtividade no trabalho este dia chegou bem proximo de zero, né?

O pior foi que, além da Sandrine, outra amiga do trabalho também tinha festejado o Beaujolais na noite anterior (mas não com a gente) e também estava de ressaca. Resultado: passamos a manhã conversando sobre os excessos da noitada, a que horas chegamos em casa, qual o melhor remédio para ressaca e coisa e tal. Alias, a solidariedade entre bêbados é uma coisa tocante. De verdade. Porque esta outra menina, logo que ficou sabendo que eu estava mal, veio me oferecer um remedinho para a ressaca. Fiquei emocionada.

Até que chegou meio-dia. E fomos almoçar no escritorio de um fornecedor que havia convidado nosso departamento inteiro para o almoço. E imaginem por que o fornecedor nos convidou para
almoçar? Para degustar o novo Beaujolais, é claro!!!

Dai que meu estômago ja estava virado, mas tive que tomar mais Beaujolais no almoço (ia ser muita falta de educação recusar!). Mas sabem que depois do almoço até fiquei melhor? Acho que a teoria do “nada melhor para curar a ressaca do que continuar bebendo” tem seu fundo de verdade! E ela tem uma versão em francês: “Soigner le mal par le mal”, que seria mais ou menos “Curar o mal com o mal”. Bonito isso, não?

Bom, fizemos três horas de almoço e voltamos para o escritorio. Pura formalidade, claro, porque depois de chegar de ressaca de manhã, tomar mais vinho ao meio-dia e voltar do almoço às três da tarde, quem é que ia trabalhar depois?

Eu não via a hora que chegasse às cinco e meia para eu ir embora... Mas o duro é que nesta mesma noite ia ter um jantar da comunidade de expatriados que eu conheci pela internet. Trata-se de um grupo de estrangeiros que moram em Lyon e que se encontram uma vez por mês. E eu estava muito a fim de ir, apesar de estar muito cansada. Agora, adivinhem por que o encontro tinha sido marcado para esta data e o que a gente ia comemorar? Ganha um doce quem adivinhar!

No fim das contas, mesmo morrendo de sono, fui para o jantar e até que foi bem bacana. Mas desta vez não bebi nada. Não agüentava mais ver vinho na minha frente e, além de tudo, tinha que me preservar para o dia seguinte, o terceiro dia de Beaujolais!

3 comentários:

Patricia Coelho disse...

kkkkkkkkk

to rindo sozinha!

Ainda bem que vc escreveu esse post... significa que está viva depois de tanto vinho... E é verdade que a resscada de vinho é a pior... pq quem toma porre de vodka não lembra de nada... como ia dizer que é pior que de vinho??? rsrsrss

Bjs!

Cristiane Coelho disse...

Só percebeu que estava sem voz qdo chegou ao trabalho?!
Não creio que vc não fala sozinha!! Eu dou boa-noite ao William Bonner, falo comigo mesma e canto muuuito no carro, além de pronunciar sempre uns palavrões para os motoristas toscos!!
Adorei esse lance do vinho... rs
E (alguns)jornalistas distorcem tudo em qq lugar do mundo mesmo!
PS1: Pra quem não estava inspirada, o post ficou muuuuito bom!
PS2: Tb não vejo a hora de vc chegar!
BjO

Anônimo disse...

Pati, não sei se posso dizer que quem toma porre de vodka não lembra de nada, eu não me lembro de ter tomado porre de vodka, haha!
Cris, eu às vezes falo sozinha também (e até dava boa noite ao William Bonner e xingava o Galvão Bueno), mas neste dia especificamente, não tinha condições nem de pensar, quanto mais de falar, rsrs.
Beijocas!