domingo, 7 de dezembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! – Parte III

Ok, imagino que vocês não agüentam mais ouvir (ou melhor, ler) sobre o Beaujolais e devem estar pensando: “puxa vida, mas a Rachel não tem nada diferente para contar?”

Mas o que acontece é que o Beaujolais foi realmente muito celebrado por aqui este ano (quando eu digo por aqui, leia-se “por mim e pelas minhas amigas”) e tenho que contar como foi o terceiro dia de festa. Mas prometo que é o ultimo post sobre o Beaujolais! (pelo menos este ano)

Acontece que a Karine, uma ex-colega de trabalho (ex porque ela saiu do Grupo, mas continua minha amiga!) tem um amigo produtor de vinho na região do Beaujolais. E este amigo, assim como todos os outros produtores, todos os anos faz uma tarde de degustação do tal vinho (aquele-que-vocês-não-querem-mais-nem-ouvir-falar).

Então la fomos nos, Karine, Sandrine e eu, no sabado à tarde, degustar o vinho do produtor local.
Estava um frio do cão, ou melhor, um frio de pato, como eles dizem por aqui (un froid de canard!). Saindo de Lyon, estava fazendo 5°C, mas conforme iamos avançando em direção ao Beaujolais, a temperatura ia caindo, caindo, até que chegou a -1°C. E quando chegamos la, imaginem o que aconteceu? Começou a nevar!!!

Gente, eu nunca tinha visto neve na vida. Alias, esta é uma das coisas que quando eu falo aqui, ninguém acredita (entre outras, ninguém aqui acredita também quando eu digo que não tomo café e que nunca coloquei um cigarro na boca, mas enfim, isto é assunto para outro post...). Claro que ja vi neve de longe, tipo sobrevoando os Alpes ou a Cordilheira dos Andes (nossa, ficou meio metida esta frase). Mas nunca tinha visto neve caindo e nunca tinha tocado na neve antes. De modo que, quando vi os primeiros floquinhos de neve caindo, branquinhos e parecendo algodão (ok, concordo que a comparação entre neve e algodão deve estar entre os top 10 dos clichês a serem evitados num texto, mas vendo a neve ali, não me veio outra coisa à cabeça), fiquei boba e parecia uma criança. Não parava de dizer: “estou vendo neve pela primeira vez, que lindo!”.

Enfim, passado o abobamento inicial, estava um frio de pato la fora e entramos no galpão la do produtor para beber vinho e ficar mais quentinhas...
A idéia era apenas tomar um vinhozinho, conversar um pouco e ir embora... Pois é, mas chegamos la às três da tarde e saimos mais de nove da noite! Imaginem a quantidade de “vinhozinho” que tomamos.

Ao contrario dos vinhos que haviamos tomado nos outros dias, os vinhos que provamos neste produtor eram muito bons. So que eu não pude exagerar, até porque estava dirigindo e tinha que pegar estrada de volta, e meu figado agradeceu. O coitadinho não estava agüentando mais!

Além dos vinhos, havia também muita comida. Paezinhos, tortas, pizzas... Hummm, estava tudo muito bom e, o que é melhor ainda, tudo de graça! Claro que os produtores de vinho fazem tudo isto porque depois a gente acaba comprando umas garrafas, mas não pude deixar de pensar se no fim das contas o negocio é mesmo rentavel para eles...

Bom, mas a parte mais engraçada da historia é que, entre vinhos, comidinhas e conversas, acabamos conhecendo um monte de gente. E, entre este monte de gente, um carinha francês se engraçou comigo. Começamos a conversar e tal e ele pegou meu numero de telefone. Até ai, tudo bem. So que o cara começou a beber, beber, beber e beber e dai ficou muito bêbado e muito chato! Sabe aqueles bêbados mala sem alça mesmo? Não parava de me seguir, ficava repetindo vinte vezes a mesma coisa e eu tentando me esquivar... Agora, o pior estava por vir: os amigos dele foram embora e o largaram la (o cara é tão mala que nem os amigos agüentaram) e quem teve que leva-lo para casa no fim das contas? Euzinha aqui...

Detalhe que onde o cara morava não era nem um pouco meu caminho, e eu não estava nem um pouco a fim de levar o mala sem alça para casa, mas como antes dele ficar bêbado, eu tinha dito que o levaria embora, não tinha como larga-lo la (é, eu sei, eu sou uma boa pessoa. Meu pedacinho do céu esta quase garantido!).

Pois agora é que vem o melhor da historia: assim que entrou no carro, o mala capotou! Dormiu mesmo, com a cabeça caindo pra frente e tudo! So faltou babar... E eu la, desesperada pois não tinha a minima idéia de onde o cara morava. Moral da historia: passei o caminho inteiro cutucando o cara e falando para ele acordar e me indicar o caminho... Ninguém merece!
Recapitulando a historia, caso o surrealismo da situação tenha passado desapercebido: menino conhece menina numa degustação de vinho. Menino se interessa pela menina. Menina até que acha o menino bonitinho. Menino pega o telefone da menina. Menino bebe que nem um pau d’agua e dorme no carro da menina.

Não, gente. Fala sério. E so comigo que acontecem estas coisas, né? So rindo mesmo... Depois que eu digo que a minha vida é surreal, ninguém acredita!

Pequena enquete agora, para meninos e meninas: caso vocês fossem o menino em questão, teriam coragem de ligar para a menina no dia seguinte, depois de ter pago o king kong de dormir no carro dela? Mandem suas respostas através dos comentarios, please!

5 comentários:

Eliana Bedin disse...

Oi, Keel!! Meu primeiro comment!! Só um pouco atrasada...
Estava chorando de rir com as comemorações do Beaujolais (que por sinal você vai ter que me falar como se pronuncia isto, já entendi algo parecido como beijo lá...) aaaffff.. Péssimo..hahah..
Mas tirando minha completa ignorancia quanto ao idioma, estou amando saber de suas novidades por este blog... Ja te disse e repito que voce escreve muuuito bem!!Tenho certeza que voce vai acabar dando uma entrevista para o Jo!!
Beijos, Kel!Fique com Deus!!

Sofizinha disse...

Vou apostar que ele ligou!!!!
Pois é: frances babaca e sem noçao, so pode ter ligado...

Bjs

Anônimo disse...

Ahahahah! Bem lembrado,Lili! Beaujolais se pronuncia assim: bojolé.
Lindo, não?
Espero que a Sofizinha ai em cima não me mate por acabar com a lingua francesa deste jeito, rsrs. Bjs

Anônimo disse...

Minha linda, em segundo lugar, eu ligaria, pois a gata vale muito a pena. Pediria o endereço e mandaria uma floricultura para me desculpar. Mas não seria necessário, poir em primeiro lugar, com você do lado me dando um "tiquinho" de bola, eu nunca beberia até perder a noção! Que francesinho tapado!
Bjs
Spin

Anônimo disse...

Mas afinal, o francês sem noção ligou?
beijos
Fe