quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Respostas

Sim, o francês mala sem alça e sem noção ligou no dia seguinte. Ou melhor, enviou um torpedo.

Pra piorar a historia, com erros de ortografia de francês que até eu notei.

E não, eu não sai com ele.

Next, please! :))

domingo, 7 de dezembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! – Parte III

Ok, imagino que vocês não agüentam mais ouvir (ou melhor, ler) sobre o Beaujolais e devem estar pensando: “puxa vida, mas a Rachel não tem nada diferente para contar?”

Mas o que acontece é que o Beaujolais foi realmente muito celebrado por aqui este ano (quando eu digo por aqui, leia-se “por mim e pelas minhas amigas”) e tenho que contar como foi o terceiro dia de festa. Mas prometo que é o ultimo post sobre o Beaujolais! (pelo menos este ano)

Acontece que a Karine, uma ex-colega de trabalho (ex porque ela saiu do Grupo, mas continua minha amiga!) tem um amigo produtor de vinho na região do Beaujolais. E este amigo, assim como todos os outros produtores, todos os anos faz uma tarde de degustação do tal vinho (aquele-que-vocês-não-querem-mais-nem-ouvir-falar).

Então la fomos nos, Karine, Sandrine e eu, no sabado à tarde, degustar o vinho do produtor local.
Estava um frio do cão, ou melhor, um frio de pato, como eles dizem por aqui (un froid de canard!). Saindo de Lyon, estava fazendo 5°C, mas conforme iamos avançando em direção ao Beaujolais, a temperatura ia caindo, caindo, até que chegou a -1°C. E quando chegamos la, imaginem o que aconteceu? Começou a nevar!!!

Gente, eu nunca tinha visto neve na vida. Alias, esta é uma das coisas que quando eu falo aqui, ninguém acredita (entre outras, ninguém aqui acredita também quando eu digo que não tomo café e que nunca coloquei um cigarro na boca, mas enfim, isto é assunto para outro post...). Claro que ja vi neve de longe, tipo sobrevoando os Alpes ou a Cordilheira dos Andes (nossa, ficou meio metida esta frase). Mas nunca tinha visto neve caindo e nunca tinha tocado na neve antes. De modo que, quando vi os primeiros floquinhos de neve caindo, branquinhos e parecendo algodão (ok, concordo que a comparação entre neve e algodão deve estar entre os top 10 dos clichês a serem evitados num texto, mas vendo a neve ali, não me veio outra coisa à cabeça), fiquei boba e parecia uma criança. Não parava de dizer: “estou vendo neve pela primeira vez, que lindo!”.

Enfim, passado o abobamento inicial, estava um frio de pato la fora e entramos no galpão la do produtor para beber vinho e ficar mais quentinhas...
A idéia era apenas tomar um vinhozinho, conversar um pouco e ir embora... Pois é, mas chegamos la às três da tarde e saimos mais de nove da noite! Imaginem a quantidade de “vinhozinho” que tomamos.

Ao contrario dos vinhos que haviamos tomado nos outros dias, os vinhos que provamos neste produtor eram muito bons. So que eu não pude exagerar, até porque estava dirigindo e tinha que pegar estrada de volta, e meu figado agradeceu. O coitadinho não estava agüentando mais!

Além dos vinhos, havia também muita comida. Paezinhos, tortas, pizzas... Hummm, estava tudo muito bom e, o que é melhor ainda, tudo de graça! Claro que os produtores de vinho fazem tudo isto porque depois a gente acaba comprando umas garrafas, mas não pude deixar de pensar se no fim das contas o negocio é mesmo rentavel para eles...

Bom, mas a parte mais engraçada da historia é que, entre vinhos, comidinhas e conversas, acabamos conhecendo um monte de gente. E, entre este monte de gente, um carinha francês se engraçou comigo. Começamos a conversar e tal e ele pegou meu numero de telefone. Até ai, tudo bem. So que o cara começou a beber, beber, beber e beber e dai ficou muito bêbado e muito chato! Sabe aqueles bêbados mala sem alça mesmo? Não parava de me seguir, ficava repetindo vinte vezes a mesma coisa e eu tentando me esquivar... Agora, o pior estava por vir: os amigos dele foram embora e o largaram la (o cara é tão mala que nem os amigos agüentaram) e quem teve que leva-lo para casa no fim das contas? Euzinha aqui...

Detalhe que onde o cara morava não era nem um pouco meu caminho, e eu não estava nem um pouco a fim de levar o mala sem alça para casa, mas como antes dele ficar bêbado, eu tinha dito que o levaria embora, não tinha como larga-lo la (é, eu sei, eu sou uma boa pessoa. Meu pedacinho do céu esta quase garantido!).

Pois agora é que vem o melhor da historia: assim que entrou no carro, o mala capotou! Dormiu mesmo, com a cabeça caindo pra frente e tudo! So faltou babar... E eu la, desesperada pois não tinha a minima idéia de onde o cara morava. Moral da historia: passei o caminho inteiro cutucando o cara e falando para ele acordar e me indicar o caminho... Ninguém merece!
Recapitulando a historia, caso o surrealismo da situação tenha passado desapercebido: menino conhece menina numa degustação de vinho. Menino se interessa pela menina. Menina até que acha o menino bonitinho. Menino pega o telefone da menina. Menino bebe que nem um pau d’agua e dorme no carro da menina.

Não, gente. Fala sério. E so comigo que acontecem estas coisas, né? So rindo mesmo... Depois que eu digo que a minha vida é surreal, ninguém acredita!

Pequena enquete agora, para meninos e meninas: caso vocês fossem o menino em questão, teriam coragem de ligar para a menina no dia seguinte, depois de ter pago o king kong de dormir no carro dela? Mandem suas respostas através dos comentarios, please!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! – Parte II

Sexta-feira. O alarme do meu celular toca às 7 da manhã, mas eu so levanto às 8.

Opa, opa, opa! Perai! Por que ta tudo girando? Por que minha cama não para de mexer? Vou me levantando aos poucos, ponho os pés no chão e tento ficar de pé, mas não consigo. A impressão que eu tenho é que ainda estou bêbada, mesmo depois de ter dormido. Alias, a impressão que tenho é que estou mais grogue do que estava quatro horas atras, quando fui dormir. Talvez não seja so impressão.

Também, que idéia de ir degustar o novo Beaujolais depois de um dia de trabalho, três horas de dança e sem ter comido nada!

O mundo gira, a cabeça doi e estou super enjoada. Agora entendi porque dizem que este vinho não é bom. E agora também posso integrar a lista dos que dizem que ressaca de vinho é a pior que existe.

O mais curioso de quando se acorda assim é que, ao mesmo tempo em que você ja esta atrasado e precisa fazer tudo correndo, você não consegue, porque o mundo esta girando e parece que tem alguém constantemente chacoalhando a sua cabeça. E então você tem que fazer tudo muito, mas muito lentamente e acaba se atrasando mais ainda.

Finalmente, consegui levantar e me arrumar. Até que estava orgulhosa de mim mesma pois, passado o mal estar inicial, estava conseguindo me manter em pé e a minha cara até que não estava tão mal assim. Nem parecia que eu estava de ressaca.

Quando cheguei no trabalho, tive a confirmação de que a Lei de Murphy foi criada com base na minha vida. Ou na vida de alguém tão zicado quanto eu. Porque a primeira pessoa que eu encontro, logo no estacionamento, é a minha chefe. Até ai, tudo bem. Como eu disse antes, minha cara até que estava enganando. O problema foi quando ela me disse: “Bonjour!” e, quando eu fui responder, descobri que a minha voz não estava saindo!

Até então, eu não tinha notado que havia um problema com a minha voz. Acabei me dando conta, neste exato momento, que este é um inconveniente de morar sozinho... Como você não fala com ninguém de manhã em casa (e eu não costumo falar sozinha), você chega ao trabalho achando que ta tudo bem com a sua voz e, quando alguém te diz bom dia, você paga aquele micão, porque o seu bom dia sai meio roco, meio fanho, meio desengonçado! Acho que vou começar a trocar umas idéias comigo mesma de manhã...

Dai a minha chefe me pergunta: “Você esta doente?”. Ao que eu respondo: “Não, esta tudo bem, é que ontem eu fiz a festa, fui degustar o Beaujolais e hoje acordei assim”. Não, eu não sou idiota. Claro que poderia ter mentido e dito que tinha acordado com dor de garganta. Mas o problema é que no meu departamento não ha nenhuma possibilidade de guardar um segredo, nenhuminha, por mais remota que seja. La, tudo se sabe, tudo se fica sabendo. E, como eu fui para o Beaujolais com uma amiga do trabalho, com certeza todo mundo ia ficar sabendo depois. Não é por acaso que eu trabalho na “Comunicação Interna”. Mentir para a chefe no estacionamento so ia piorar as coisas... Dai minha chefe riu e disse que estava feliz por ver que a brasileirinha tinha se integrado tão rapidamente à vida boêmia em Lyon... Que beleza, agora minha chefe acha que eu sou uma pinguça!

Bom, mas não preciso nem dizer que meu indice de produtividade no trabalho este dia chegou bem proximo de zero, né?

O pior foi que, além da Sandrine, outra amiga do trabalho também tinha festejado o Beaujolais na noite anterior (mas não com a gente) e também estava de ressaca. Resultado: passamos a manhã conversando sobre os excessos da noitada, a que horas chegamos em casa, qual o melhor remédio para ressaca e coisa e tal. Alias, a solidariedade entre bêbados é uma coisa tocante. De verdade. Porque esta outra menina, logo que ficou sabendo que eu estava mal, veio me oferecer um remedinho para a ressaca. Fiquei emocionada.

Até que chegou meio-dia. E fomos almoçar no escritorio de um fornecedor que havia convidado nosso departamento inteiro para o almoço. E imaginem por que o fornecedor nos convidou para
almoçar? Para degustar o novo Beaujolais, é claro!!!

Dai que meu estômago ja estava virado, mas tive que tomar mais Beaujolais no almoço (ia ser muita falta de educação recusar!). Mas sabem que depois do almoço até fiquei melhor? Acho que a teoria do “nada melhor para curar a ressaca do que continuar bebendo” tem seu fundo de verdade! E ela tem uma versão em francês: “Soigner le mal par le mal”, que seria mais ou menos “Curar o mal com o mal”. Bonito isso, não?

Bom, fizemos três horas de almoço e voltamos para o escritorio. Pura formalidade, claro, porque depois de chegar de ressaca de manhã, tomar mais vinho ao meio-dia e voltar do almoço às três da tarde, quem é que ia trabalhar depois?

Eu não via a hora que chegasse às cinco e meia para eu ir embora... Mas o duro é que nesta mesma noite ia ter um jantar da comunidade de expatriados que eu conheci pela internet. Trata-se de um grupo de estrangeiros que moram em Lyon e que se encontram uma vez por mês. E eu estava muito a fim de ir, apesar de estar muito cansada. Agora, adivinhem por que o encontro tinha sido marcado para esta data e o que a gente ia comemorar? Ganha um doce quem adivinhar!

No fim das contas, mesmo morrendo de sono, fui para o jantar e até que foi bem bacana. Mas desta vez não bebi nada. Não agüentava mais ver vinho na minha frente e, além de tudo, tinha que me preservar para o dia seguinte, o terceiro dia de Beaujolais!

domingo, 30 de novembro de 2008

E viva o novo Beaujolais! - Parte I


Uma das tradições aqui de Lyon é festejar o lançamento no novo Beaujolais, todos os anos, na terceira quinta-feira de novembro.

O Beaujolais é um vinho francês produzido ao norte de Lyon, na região de Beaujolais (é claro!!!). Não é exatamente conhecido como o melhor vinho do mundo mas, como me disseram alguns franceses, “ça se boit” (ou seja, é bebivel). Na verdade, segundo algumas pesquisas informais (leia-se: perguntas feitas aos meus colegas de trabalho), o Beaujolais em si não é um vinho ruim. O novo Beaujolais (o que é lançado cada ano) é que não é la aquela maravilha, fato que eu pude constatar por mim mesma...

Pois bem, como eu dizia, todo ano, na terceira quinta-feira de novembro, acontece a festa do novo Beaujolais no centro de Lyon. Varios comerciantes montam seus stands e começam a vender copos ou garrafas de Beaujolais na rua, para as centenas de pessoas que por ali se espremem...

Dai que, depois de um dia de trabalho e três horas de dança (às quintas-feiras tenho aula de jazz e de salsa), fui com à Sandrine ao centro de Lyon celebrar o Beaujolais.

Realmente, não é o melhor vinho do mundo. Mas sabe como é, né? Você la na rua, no frio, no meio da galera, todo mundo feliz e contente bebendo vinho, você vai la e bebe um copo também. E mais um. E outro. E outro. E assim vai.

Ao contrario do vinho, a festa é muito legal. Realmente é um clima contagiante, todo mundo na rua, bebendo, conversando, brincando. E depois de uns copos de vinho os franceses ficam bem sociaveis... Minha amiga e eu conversamos com um monte de gente.

Primeiro conhecemos uns caras que se disseram jornalistas, nos fizeram um monte de perguntas e anotaram tudo o que falavamos. Eles queriam saber o que estavamos achando da festa, do vinho, do clima... Eu não estava botando muita fé que os caras eram realmente jornalistas, mas alguns dias depois, fazendo uma pesquisa na Internet sobre o Beaujolais (justamente para escrever este post), encontro o link seguinte: http://www.lefigaro.fr/vins/2008/11/21/05008-20081121ARTFIG00495-lyon-a-fete-le-beaujolais-nouveau-.php.

Caraca! Não é que os caras eram jornalistas mesmo ?

Não sei se vocês clicaram no link, mas tem uma parte do artigo em que eles falam de mim ! De mim, euzinha, Rachel!

Segue o trecho do texto e a tradução :

Un groupe de salariés anglais venus pour un séminaire, qui trouve le vin «very nice», se dit même surpris par une telle masse. «Pour la sortie du beaujolais nouveau, il n'y a rien de comparable en Angleterre.» Même son de cloche chez Rachel, une jeune Brésilienne qui travaille dans la communication. «On a le carnaval, mais aucune fête de ce genre.»

Tradução :

Um grupo de funcionarios ingleses vindos para um seminario, que acham o vinho «very nice», se diz surpreso com uma tal massa de gente. «Para o lançamento do novo Beaujolais, não ha nada comparavel na Inglaterra». Mesmo comentario feito por Rachel, uma jovem brasileira que trabalha em Comunicação. «Nos temos o Carnaval, mas nenhuma festa deste gênero».

Ok, os caras deturparam um pouco a minha frase. Mas eu sai no jornal na França !!!!! Não é o maximo isso ? Tô falando que daqui a pouco eu estou dando entrevista no Jô Soares…

Enfim, mas voltando ao artigo, os jornalistas deturparam a minha frase. O que aconteceu é que eles me perguntaram o que eu estava achando da festa e se no Brasil havia algo parecido, alguma festa assim em torno de uma bebida. Eu disse que não que eu soubesse. Dai eles falaram : « mas vocês têm o carnaval ». E eu disse : « sim, temos o carnaval, que é uma super festa, mas cujo tema principal não é a bebida ». E dai eles pegam a minha frase e transformam nisso (« nos temos o Carnaval, mas nenhuma festa deste gênero »), o que faz parecer que eu estou esnobando total o Carnaval e dizendo que a festa do Beaujolais é melhor. Sinceramente, nem de longe !

Voltando à festa do Beaujolais, depois dos jornalistas conhecemos um francês que ja estava meio alegrinho e que ficava dizendo que eu o irritava, porque eu entendia tudo o que ele falava (ele achava que, por ser brasileira, eu não ia entender certas expressões que ele dizia...).

E depois deste pentelho, conhecemos dois espanhois gatissimos e ficamos o resto da noite conversando com eles (em espanhol, porque depois de tanto vinho, o idioma flui que é uma beleza!). Ainda saimos de la e fomos para uma balada com os caras. Mas eles eram meio lerdinhos e não rolou nada, nem uma troca de telefone! Fiquei passada...

A moral da historia é que voltamos para casa às quatro da manhã, em plena quinta-feira (ou melhor, sexta) e um tanto quanto bêbadas... E isto foi apenas o primeiro dia do Beaujolais...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Francês mim não falar também

Para ninguém achar que ja estou metida a besta, dizendo que estou esquecendo o português e tal, queria esclarecer que minhas frases em francês também nem sempre têm saido muito certas...

E verdade que não tenho tido muitas dificuldades em me expressar e ja percebi que meu francês evoluiu bastante nestes quatro meses. Mas ainda vivo algumas situações hilariantes...

Outro dia, conversando com uma amiga francesa, estavamos falando sobre gatos. Os de verdade, felinos, bichinhos de estimação. Pois bem, estava contando a ela que em São Paulo eu tinha um gatinho preto, o Di. E ela me perguntou como é que eu tinha achado este gato. Dai eu fui explicar que, na verdade, eu tinha um casal de gatos (uma gata preta e um gato cinza), e que este casal de gatos “acasalou” e dai nasceu um monte de filhotes, entre os quais, o Di.

Bom, mas obvio que eu não sabia dizer “acasalar” e nem “filhotes” em francês. Dai, soltei uma frase mais ou menos assim: “a gente tinha uma gata preta e um gato cinza na minha casa. Um dia, os dois fizeram amor e dai nasceu um monte de gatinhos”.

Não é uma frase muuuuuuito fofa? O gatinho e a gatinha fizeram amor! Ai, achei lindo isso! Parece saido da boca de uma criança de 3 anos...

E também contei à minha amiga que o meu gatinho Di tinha um probleminha na “perna” traseira (obviamente, não lembrava como dizer “pata”). Mas também, o que vocês queriam? Gatos que fazem amor so podem mesmo é gerar um gatinho que tem pernas ao invés de patas, oras!

Tudo isto me fez lembrar um amigo que fala alemão e que, um dia conversando com uma alemã, ela fala assim para ele: “Nossa, você esta falando alemão como o meu filho!”. Quando meu amigo ja estava se achando, ela continua: “Meu filho de 3 anos!”. Bom, Kiw, sem querer te “denunciar”, mas ja denunciando, não lembro direito se a idade do filho era esta mesma, se não for você corrige o post, ta? :)

domingo, 16 de novembro de 2008

Português mim não falar

Quando eu fiquei sabendo que vinha para a França, um amigo me disse que estava muito feliz por mim, mas que não era para eu ficar metida e insuportavel e que, se por acaso eu voltasse daqui a três anos com sotaque francês, ele ia me dar umas porradas. Pois bem, acho que voltar com sotaque francês não vai ser o caso. Mas desde ja aviso que pode ser que eu volte falando umas coisas estranhas, visto que apos apenas quatro meses aqui, quando falo português com alguém, ja estou soltando frases assim:

- Resiliar o contrato (ao invés de “rescindir o contrato”)

- Fazer atenção (no lugar de” prestar atenção”)

- Demandar uma informação (em vez de “pedir uma informação”)

Ok, vocês podem estar achando que tudo bem, que eu estou exagerando e que estas frases, embora um pouco estranhas, são perfeitamente compreensiveis. Mas eu estou avisando: a coisa pode piorar. E muito.

Semana passada encontrei um casal de amigos brasileiros muito gente boa que estão aqui ha dois anos. Fomos comer umas ostras na feira de domingo (é, isto mesmo, comemos ostras na feira. Com vinho branco. E, considerando que isto aconteceu ao meio-dia de um domingo, as ostras com vinho foram meio que o meu café da manhã...). Enfim, fomos comer as tais ostras e aproveitamos para comprar uns pães também (é, além das ostras e do vinho, comemos pão e queijo também. Olha a farofada!).

Dai, na hora de comprar o pão, a minha amiga fala assim para mim: “então, você so come pão branco ou pode ser pão completo também?”. Pão completo? Eu explodi de rir... Ela queria dizer pão integral (em francês, pain complet = pão integral).

E esta mesma amiga me contou que às vezes, conversando com o marido dela, solta umas frases assim: “a gente rigola muito!”. Rigoler, em francês, quer dizer “divertir-se, dar risada”. Dai, que ela pegou o verbo “rigoler” e mandou ver na conjugação em português: “eu rigolo, tu rigolas, ele rigola, a gente rigola”. Ora, super normal, não?

Viram como as coisas podem piorar? Estou avisando, hein? Daqui a três anos acho que ninguém vai entender mais nada do que eu disser em português...

Fora quando eu quero dizer alguma coisa em português, mas esqueço a palavra. Hoje à tarde, almoçando com um amigo brasileiro (que esta vindo como expatriado para ca e ainda não fala francês), eu queria perguntar se ele queria a carne dele ao ponto, bem passada ou mal passada, mas quem disse que eu lembrava como dizer uma destas três coisas em português? Simplesmente não lembrava. Nenhuma das três... Foi horrivel, deu “tilti” total... Control, Alt, Del para reiniciar!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Lua de mel de outono

Estava em lua de mel com Lyon desde o começo do outono.

E impressionante como as estações são bem marcadas aqui e como, desde o fim de setembro, as folhas das arvores começaram a mudar de coloração, passando de verdes para amarelas, laranjas e até vermelhas.

Eu, menininha da cidade que sou, nunca tinha visto uma mudança de estação tão marcada, tão explicita e tão bonita. Admirava todos os dias as cores das arvores, maravilhada com a natureza... Queria tirar fotos de cada esquina da cidade onde ha uma arvore amarelada ou vermelha.

Pois é, mas a lua de mel acabou no ultimo domingo. Não, o outono ainda não acabou. O que acabou foi o meu bom humor para com a querida mãe natureza, no belo dia em que eu, descendo a ladeira que sai da minha rua para o centro velho de Lyon, piso numa destas lindas folhas amarelas que pousavam sobre o chão ainda molhado da chuva da noite anterior, escorrego toscamente, caio no chão meio de bunda, meio de joelho e continuo escorregando de bunda por alguns segundos, numa cena digna das Videocassetadas do Faustão.

Moral da historia: bunda roxa, joelho roxo, calça jeans amarelinha e Rachel vermelha. De raiva, não de vergonha, porque felizmente não havia ninguém passando perto nesta hora.

Ja estou imaginando como sera no inverno, quando nevar e as ruas estiverem ainda mais propicias a virarem tobogãs. Estou indo agorinha para a loja comprar um capacete, joelheiras e cotoveleiras. E bundeiras também, se eles tiverem.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Hey, quem não pula não é Lyonnais!

Todo mundo sabe que eu AMO futebol, acompanho mesmo, sou uma torcedora fervorosa do Palmeiras, e adoro não apenas assistir, como também (e principalmente) comentar, discutir e dar palpites sobre os jogos.

Pois é, e mesmo estando aqui na França, não deixei de torcer pelo Verdão querido e nem de acompanhar os resultados do campeonato brasileiro. Alias, tenho que agradecer muito ao meu irmãozinho querido por enviar-me e-mails com os resultados dos jogos e a situação do Palmeiras no campeonato. E olha que o meu irmão é corintiano roxo! Mas é claro que ele também me manda comentarios sobre a série B, dizendo que o Coringão é lider da segundona e tal... Ai, socorro!

Enfim, so que agora também tenho um time francês, o Olympique Lyonnais, que é o time aqui de Lyon, claro. Porque aqui na França tem uma coisa diferente do Brasil: não existem varios times de futebol numa mesma cidade. Normalmente, ha um time grande por cidade e estes times grandes disputam o campeonato nacional. Por isto, temos o OL, de Lyon, o PSG, de Paris, o Olympique de Marseille (de Marselha, claro) e mais uma meia duzia de times de médio porte.

O OL é o principal time francês da atualidade. Este ano, foi campeão francês pela sétima vez seguida e também campeão da Copa da França (acho que é o equivalente da Copa do Brasil). E este ano eles estão disputando também a Liga dos Campeões, um campeonato disputado pelos times que foram campeões em seus respectivos paises.

Bom, daqui que semana passada fui ao estadio assistir a um jogo do OL contra um time romeno, o Steaua Bucareste, pela Liga dos Campeões. Foi um fornecedor do Grupo SEB quem nos ofereceu dois ingressos e eu fui com a Sandrine.
No caminho para o estadio ja foi dando para sentir o clima de futebol, o metrô estava lotado e todo mundo tinha um cachecol ou um gorro do OL (menos eu, snif...). O estadio estava lotado (37 mil pessoas) e a maioria era torcida do Lyon.

O jogo foi muito legal, terminou 2 a 0 para o OL, com direito a um golaço de falta do Juninho Pernambucano. Alias, abre parênteses: faz um tempão (acho que uns 6 ou 7 anos) que o Juninho joga aqui no Lyon e ele aqui é tratado como rei. Todo mundo o adora, porque ele joga super bem, faz muitos gols e, desde que chegou, o Lyon tem ganhado tudo. E é engraçado que todo mundo pensa que Juninho Pernambucano é o nome verdadeiro dele. Eu morro de rir... Ja expliquei a varios franceses o porquê do “Juninho” e o porquê do “Pernambucano” e que o nome verdadeiro dele não tem nada a ver com isto (Antonio Augusto Ribeiro Reis Junior), mas eles desacreditam... Fecha parênteses.
Mas apesar de o jogo ter sido muito bacana, senti falta de um pouco mais de emoção. Tirando a parte da arquibancada que estava exatamente abaixo de nos, e onde sempre fica a torcida organizada do Lyon, que canta e agita o tempo inteiro, o resto do estadio fica meio calado, meio timido. Todo mundo assiste ao jogo sentado e, quando ha um lance mais emocionante, perto do gol, algumas pessoas levantam para ver e dai logo vem um grito la do fundo: “Sentaaaaa”. Eu fiquei com a maior vontade de estar la com a torcida organizada, acho que estava bem mais animado por la...
Alias, achei engraçado também que o principal grito de guerra do Lyon seja “Hey, qui ne saute pas n’est pas Lyonnais” (Hey, quem não pula não é Lyonnais), visto que a maioria da torcida grita isto sem pular...

domingo, 9 de novembro de 2008

Followers

Zanzando aqui pelo blog, descobri uma nova funcionalidade chamada Followers... Trata-se de uma função que permite aos leitores do blog aparecerem como "followers" ou "seguidores", inclusive com suas respectivas fotinhos, se tiverem uma conta no Google. Pelo que entendi, estes seguidores também podem inscrever-se para receber as atualizações do blog, o que eu achei muito legal.

Bom, não sou uma pessoa assim muito entendida de tecnologia (para todas as minhas duvidas sobre tudo o que é coisa que liga na tomada, tenho o Kiw, o meu amigo mais tecnologico), mas resolvi testar este treco e deixa-lo ai do ladinho esquerdo do blog, para ver no que é que da :). Vocês podem inscrever-se e depois me contar se esta dando certo ou não...

O problema são os outros

Quando eu cheguei aqui, toda vez que ia atravessar a rua fora de um semaforo, ficava esperando os carros passarem, tal qual fazia em São Paulo. So que os carros (a maioria deles, pelo menos), paravam para que eu passasse. Dai ficava aquela situação: eu parada esperando os carros passarem e os carros parados esperando que eu atravessasse. Demorou até que eu compreendesse que, aqui, os carros param para os pedestres, mesmo fora dos semaforos.

Mas o que demorou mais ainda foi pegar o reflexo de parar para os pedestres quando eu estou dirigindo. Isto demorou bastante, eu simplesmente não tinha o reflexo de parar para os pedestres, a não ser nos semaforos, é claro. Mas aqui ha muitas faixas de pedestre sem semaforos... E o motorista para quando ha um pedestre. So que eu demorei a pegar este habito e, até então, percebi muitos pedestres me xingando depois que eu passava de carro sem ter parado para eles...

Dito isto, me dei conta de uma coisa: a gente sempre fala no Brasil (mais especificamente em São Paulo), que os motoristas são uns loucos, dirigem como malucos, não estão nem ai para os pedestres, que na Europa é tudo diferente, que é so você colocar o pé na rua que os carros param. Até ai, ok. So que é engraçado como a gente sempre se refere aos motoristas como “os outros”, como uma classe à qual não pertencemos. Ora, e quando somos nos a assumir os volantes, como agimos? Sera que somos tão diferentes assim dos “outros”? Sera que respeitamos mais os pedestres?

Tudo isto me fez lembrar uma campanha que vi ha pouco tempo em SP, que dizia mais ou menos assim: “se todos os motoristas fossem como você, como seria o trânsito na cidade?”. Achei uma puta de uma campanha, pena que acho que não foi tão difundida assim. Sem querer dar lição de moral nem nada, mas se todo mundo se perguntasse isto, talvez o trânsito fosse um pouquinho mais civilizado...

Também lembrei de uma noticia que ouvi na CBN, quando ainda estava ai no Brasil. A noticia era sobre um levantamento realizado em São Paulo, que mostrou que se os motoristas da cidade fossem multados por todas as infrações que cometem, eles perderiam a habilitação em 8 minutos. Isto mesmo, meros 8 minutos bastariam para perder os 20 pontos da carteira se fôssemos multados por todas as infrações que cometemos.

Cliquem aqui para ler a noticia, difundida no site da globo.com:
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL146825-5605,00.html

Não estou dizendo que a França é o mundo ideal e que aqui todos os motoristas são civilizados e dão prioridade para os pedestres. Muito pelo contrario, os franceses que eu conheço costumam dizer que Lyon é uma cidade onde é dificil dirigir, onde os motoristas não respeitam os pedestres e que os alemães é que são mais certinhos e dirigem melhor. Isto porque eles nunca foram para São Paulo... Mas acho curiosa esta visão que os franceses têm de que os alemães respeitam mais as leis, são mais certinhos, mais civilizados, mais pontuais... Estando aqui, percebi que, em muitas situações, a França esta para o Brasil como a Alemanha esta para a França...

Enfim, mas ja estou me habituando ao trânsito aqui. Ando bem mais relax no trânsito agora e me acostumei a dar a passagem para os pedestres... Pois é, outro dia até a minha amiga francesa me disse que eu sou “gentil demais” com os pedestres, pois simplesmente estava parando para todos...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Contando, ninguém acredita!

Essa eu preciso contar para vocês, porque foi simplesmente surreal...

Semana passada, fiquei a semana inteira em um treinamento do Grupo, realizado na EM Lyon, uma universidade super conhecida aqui, e que fica a 5 minutos do escritorio. Pois bem, como fica super perto do trabalho, todos os dias eu estacionava o carro no escritorio e ia para o curso a pé. No fim do dia, voltava e pegava o carro no estacionamento, é claro.

Pois bem. Na sexta-feira, ultimo dia do curso, fiz a mesma coisa. Deixei o carro no estacionamento do Grupo, peguei meu computador que estava no porta-malas e fui para a EM Lyon.

La pelas 9h30 da manhã, quando tivemos a primeira pausa do curso, aproveitei para dar uma olhadinha nos meus e-mails. E dai tinha um e-mail da menina da recepção para todos os funcionarios da empresa dizendo que um carro cinza, de placa “tal”, estacionado no Grupo, estava com o porta-malas aberto. E eu pensando: “ai, mas quem foi a anta que deixou o porta-malas aberto?”

Dai quando prestei mais atenção na placa, me toquei que a anta era euzinha aqui. Simplesmente não fechei o porta-malas do carro quando peguei meu computador, apenas sai andando e deixei o porta-malas la, aberto. Ou melhor, abertinho da Silva, escancarado mesmo... Ainda bem que não estava chovendo!

Ja vi muita gente estacionar o carro e esquecer de tranca-lo (eu mesma sempre fico em duvida se fechei o carro ou não), mas a pessoa precisa ser muito descabeçada mesmo para largar o porta-malas do carro aberto...

domingo, 26 de outubro de 2008

Do blog para o Jô!

Era uma vez uma estrangeira que veio morar na França. Ela decidiu começar a escrever um blog, para contar aos seus amigos e compatriotas sua visão sobre a vida na França, sobre os franceses, sobre as diferenças culturais e tal.

Podem parar de pensar que estou falando de mim. Esta pessoa não sou eu.

Trata-se de uma inglesa, que foi morar em Paris, e começou seu blog em 2004.
De crônicas sobre sua vida na França, seu blog evoluiu para algo mais pessoal, onde ela começou a escrever realmente sobre sua vida, seus sentimentos, suas relações, sua filha.

E este blog muda radicalmente sua vida.

Para começar, ela termina sua relação com o pai da sua filha depois de “conhecer” um cara que deixou um comentario no seu blog (adorei isso!).

Depois, um belo dia seu chefe (ela era secretaria) descobre que ela escrevia um blog e simplesmente a manda embora por causa disto (um babaca em sua maxima potência!).

Sem chão e sem emprego, de alguma forma ela acabou dando uma entrevista para um jornal sobre esta situação e, do dia para a noite, sua historia ficou mundialmente conhecida, indo parar até na homepage do site CNN.com.

E dai, ela ficou famosa, apareceu em varias reportagens de jornais e revistas, escreveu um livro que foi lançado em varios paises, continuou escrevendo seu blog (que ja coleciona mais de 25 mil comentarios) e deu uma bela de uma “banana” para o ex-chefe. Que, por sinal, deve se arrepender até hoje do dia em que nasceu.

Essa historia é real e eu a descobri por acaso, navegando na Internet. Para quem estiver curioso, o site do blog é
http://www.petiteanglaise.com e la tem toda a historia, inclusive mais informações sobre o livro e a autora.

Eu achei esta historia genial! Do nada, um blog sobre a vida na França faz a autora conhecer o amor da vida dela, ser mandada embora de um emprego não muito interessante, escrever um livro, ficar famosa e ganhar muito dinheiro!

Dai ja comecei a viajar na maionese pensando que um dia eu também posso ficar famosa com meu blog e escrever um livro. Viagem total, é claro, ja que nem de longe este blog pode interessar a um editor, mas como dizem por ai, sonhar grande ou sonhar pequeno custam a mesma coisa, não é? Pois é, e eu ja estou até imaginando a minha entrevista no Jô Soares. Ok, eu sei que o Jô não deixa seus entrevistados falarem, mas diz ai, quem é que, assistindo ao programa do Jô, nunca se imaginou sendo entrevistado por ele?

Visita!!!

Minha amiga Lea, que veio passar férias em Paris (que chique!), veio me visitar dois fins de semana atras, com mais duas amigas.

Foi a primeira visita brasileira que recebi no apartamento, e espero que seja a primeira de muitas!
O fim de semana foi muito bom. Para começar, a Lea é super pé-quente! Estava fazendo um tempo horrivel durante a semana, chovendo e frio, mas foi so ela botar o pé em Lyon que fez o maior solão o fim de semana inteiro. Assim, pudemos passear bastante, ver muitos lugares turisticos, comer coisas tipicas (mas nem tanto, né Lea, rsrs) e até fazer uma baladinha!
Vão ai umas fotinhos do nosso “week-end sur Lyon”.



Nos teatros romanos (do ladinho da minha casa)







Quem disse que em Lyon não tem Torre Eiffel?



Vista para o cais do Rhône, meu lugar preferido na cidade!




Baladinha no pub irlandês



A Lea na descida da Croix-Rousse



O Paul Bocuse e eu! (rsrs)



A Lea achou o carro perfeito para ela!


O cliente é o rei

Descobri que a noção de que o cliente tem sempre razão não é uma noção universal. Pelo menos aqui na França, ela simplesmente não existe.

Outro dia entrei em uma loja de moveis/decoração, porque precisava comprar uma capa para uma poltrona que tenho na sala (que é verde e não combina com nada). Eu tinha visto a tal da capa no catalogo desta loja, por isso fui la. Pois bem. Eu entro na loja e não vejo nenhum vendedor. Dirijo-me ao caixa, onde ha uma moça:

- Bonjour - digo eu, muito educadamente. Você sabe onde ha um vendedor que possa me atender?

- Por ai - responde a moça, sem nem me olhar na cara.

- Por ai onde, não estou vendo ninguém - respondo eu, incrédula.

- Procura por ai que você acha.

Ok. Contei até três na minha cabeça e sai em busca de um vendedor. Em um dos corredores da loja, cruzo com uma vendedora, que parecia bem ocupada carregando uma caixa, mas como foi a unica que eu vi, perguntei se ela podia me ajudar. Bufando, ela me respondeu que sim.

- Por favor, onde é que eu posso encontrar esta capa de poltrona? - pergunto eu, mostrando no proprio catalogo da loja a capa que eu tinha visto.

- Nos não vendemos apenas a capa, somente a capa junto com a poltrona.

- Hã???? Mas eu vi no catalogo, tem dois preços, um para a poltrona, e um para a capa, que alias, esta disponivel em varias cores. Se ha dois preços, quer dizer que eu posso comprar separado, não?

- NÃO - me respondeu muito grosseiramente. Você tem que comprar a poltrona também.

- Mas eu ja tenho a poltrona, so preciso da capa mesmo – tento explicar calmamente à anta que estava diante de mim.

- Talvez haja uma capa “sobrando” ai pela loja, passa outro dia que eu vejo.

E eu pensando: “como assim, passa outro dia”?

- Ok, otimo, mas outro dia quando?

- Não sei, outro dia! Passa outro dia que a gente vê.

Visivelmente a vendedora queria apenas se livrar de mim.

Dai foi a minha vez de bufar e simplesmente sair da loja quase gritando para as minhas amigas que o nivel de atendimento daquela loja era péssimo, e que isto era inadmissivel, até porque a loja era super cara e tal. E que eu não entendia como é que as pessoas conseguiam suportar este nivel de atendimento aqui. E que no pais de onde eu venho, dito “subdesenvolvido”, o nivel de atendimento é muito melhor e tal... Enfim, acho que fiz um discurso de uma meia hora, tão revoltada estava... E o pior foi as minhas amigas me dizendo que “na França é assim mesmo...”.

Também ja aconteceu de estar num restaurante e ver que alguém na mesa ao lado reclamou com o garçom porque a comida estava demorando. E o garçom simplesmente responde: “Não posso fazer nada, eu sou um so!”. Tipo assim, “se não estiver contente, vai embora”.

E claro que ja fui mal atendida em muitos lugares em SP, mas na maioria das vezes, as pessoas nas lojas/restaurantes não te tratam assim, pelo simples motivo de que se o fizerem, podem perder o emprego. Parece-me que no Brasil as pessoas têm mais esta noção de que quem paga o salario delas são os clientes/consumidores (ok, com exceção das companhias de telefonia fixa e movel, um real benchmarking no que se refere a como irritar um cliente). Aqui, os vendedores não estão nem ai para você. Parece, alias, que são eles que estão te fazendo um favor de te atender...

Enfim, como disse o autor inglês Stephen Clark: “na França, o cliente é sempre o rei. Mas a gente sabe bem o que os franceses fazem com seus reis”.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Para quem diz que o francês é uma lingua romântica

Nada como viver em um pais para aprender bem o idioma… Mas a julgar pelas expressões/provérbios que estou aprendendo aqui, não sei se posso dizer que meu francês estara mais “rebuscado” quando eu voltar. Segue uma pequena compilação com suas traduções e explicações:
  • Fais du bien à un vilain, il te chie dans la main -> Tradução : «faça o bem a um vilão e ele cagara na sua mão ». Profundo isso...
  • Une femme qui rit, bientôt dans ton lit -> Tradução: «uma mulher que ri, meio caminho andado para a sua cama ». Tenho que concordar com isso. Meninos, atenção: bom humor é fundamental e a maioria das mulheres gostam de homens que as fazem rir... é so uma dica!
  • Chacun sa merde -> Tradução: “cada um com a sua merda”. Essa, eu adoro. De verdade. E a versão francesa de “cada um com seus problemas”, mas um pouquinho mais fina e sofisticada.
  • Ca coûte la peau du cul -> Tradução: “isto custa a pele da bunda”. E a versão (muito elegante, por sinal) francesa de “custar os olhos da cara”, se bem que eles também têm uma versão exatamente igual aos “olhos da cara”: “ça coûte les yeux de la tête”.

Bom, por enquanto é isto. Tem mais um monte de expressões que me ensinaram, mas como eu não anotei, ja esqueci... Conforme eu for lembrando, vou guardando para fazer uma segunda compilação aqui... Aguardem!

domingo, 5 de outubro de 2008

Baila conmigo

Dai que a pessoa aqui, cujo nivel de ginga, de graça e de molejo é igual ao de um cabo de vassoura (e talvez até um pouco inferior), saiu ai do Brasil e resolveu fazer um curso de salsa na França.

Pequeno historico para explicar o fato: eu nunca gostei de praticar esporte. Nenhum. Sempre fui a pessoa mais desajeitada para todo e qualquer tipo de esporte. Nos tempos de ginasio, eu era sempre uma das ultimas a serem escolhidas para os times na Educação Fisica, quer o jogo fosse futebol, vôlei, hand, basquete ou mesmo corrida de saco (alias, uma vez inventaram de me colocar numa competição inter-classes e a minha unica tarefa era participar de uma corrida de saco. Eu não conseguia dar dois pulos dentro daquele treco sem cair de quatro no chão e, ao final da prova, não apenas fui a ultima, como sai com meus dois joelhinhos lindos quase em carne viva de tão ralados... E por isso que eu digo que esporte faz mal para a saude...). Sou daquele tipo CDF, cuja unica nota vermelha em toda a vida foi justamente em Educação Fisica, quando o professor se injuriou porque eu faltava em todas as aulas, mas estava sempre la na quadra assistindo ao campeonato masculino de futebol (minha paixão por futebol vem desde cedo, e pelos meninos que o jogam também...).

Alias, eu sinceramente gostaria de me lembrar exatamente quando foi que “não gostar de praticar esporte” virou crime. Porque ja faz um tempo em que, mesmo sendo uma pessoa honesta e de bem, me sinto uma criminosa quando alguém me pergunta se eu faço algum esporte e eu respondo que não. Não pratico nenhum esporte e não tenho a minima vontade de praticar, a não ser que levantamento de copo e espreguiçamento tenham entrado para o rol de esportes olimpicos. Abre parênteses: não entendo porque “não praticar esporte” é considerado uma anormalidade, enquanto “não gostar de ler” é considerado até normal e as pessoas confessam isso sem nenhuma vergonha... Tem alguma coisa errada nesse mundo... Fecha parênteses.

Enfim, mas uma coisa que eu sempre tive vontade de fazer foi aprender a dançar. Sempre achei lindo quem dança bem e sempre quis aprender, mesmo achando que eu definitivamente não nasci para isto. Junte-se a isto o fato de que eu odeio esporte, mas sei que eu preciso começar a mexer um pouco meu corpitcho, visto a quantidade estratosférica de queijo, vinho, foie gras e fondant au chocolat que estou consumindo aqui, decidi entrar num curso de dança.

Dai que a pessoa aqui se empolgou e, junto com mais duas amigas, decidiu fazer aulas de salsa e de jazz... E me empolguei tanto que ja paguei o ano inteiro, então não posso mesmo desistir...

Ja fiz três aulas de salsa até agora, que foram muito legais. De vez em quando me perco um pouco, sobretudo quando o professor inventa de fazer a gente mexer as pernas e os braços ao mesmo tempo, dai é perna pra um lado, braço pro outro e, quando vejo, estou fazendo tudo ao contrario do resto do pessoal... Mas nem tudo esta perdido, entre as quarenta pessoas que fazem a aula, tem gente que consegue ser pior do que eu, então ta tudo certo.

Mas o pior foram as três bonitinhas aqui (Sandrine, Laetitia – nova estagiaria do departamento – e eu) que, apos terem feito apenas três aulas, decidiram ontem ir a uma noitada de salsa numa balada. Foi so chegar la para nos darmos conta de que vamos precisar de mais um ano de aula para começar a não passar vergonha num lugar desses... Mas foi bacana mesmo assim. E o tipo do lugar onde todo mundo vai so para dançar mesmo. Dai que os caras vinham, nos convidavam para dançar e a gente dizia que não sabia, que ainda estava aprendendo. Mas eles eram gentis, dançavam com a gente mesmo assim e nos ensinavam uns passinhos novos... Dancei até merengue e bachata (uma dança sobre a qual nunca tinha ouvido falar).

Quanto ao jazz, entrei na aula mais para acompanhar as duas meninas que estão fazendo salsa comigo também. Na minha cabeça, jazz era uma coisa meio fora de moda, que a gente dançava usando polainas nos anos oitenta. Lembro de ter feito seis meses de jazz quando tinha uns dez anos e, na época, a musica que estavamos dançando era aquela do filme Flashdance: “What a feeling, bein's believing, I can't have it all, now I'm dancing for my life”. Alias, dêem uma olhada neste video para um momento nostalgia e para me imaginar ridicula deste jeito daqui a alguns meses:
http://www.youtube.com/watch?v=Jcp7v0uoybc.

Enfim, mas a aula de jazz até que foi bem legal também. E mais dificil e mais “fisico” do que a salsa, tem uma meia hora de alongamento e aquecimento que cansam pra caramba. Depois a gente fica fazendo umas coreografias, e é claro que é um pouco dificil conciliar movimento de braços, pernas e cabeça, fora o fato de que não entendo tudo o que a professora fala (imaginem a cena), mas eu chego la. A unica coisa que esta absolutamente fora de questão é participar de algum espetaculo de fim de ano. A gente nem sabe ainda se tem um espetaculo ou não, mas eu tô fora! Fazer jazz para mexer um pouquinho o corpo e dançar um pouquinho, tudo bem. Mas pagar o micão de participar de um espetaculo de fim de ano, não vai rolar. O pessoal do trabalho ja esta rindo muito de nos três, dizendo que vão assistir nossa apresentação e tudo. Ah, ta... Podem esperar sentados...

sábado, 27 de setembro de 2008

Comédias da vida (mais ou menos) privada

Uma pessoa muito educada
No Mc Donalds, acabei de fazer meu pedido, paguei e o carinha todo gentil me entrega meu lanche e me diz: “Bon appétit!”. E eu, ao invés de responder “Merci”, sem querer respondi “Bon appétit!”. Imaginem a cara do sujeito olhando para mim sem entender nada...

Salto alto, por favor
Estou eu la na loja comprando um celular e, depois de escolher o plano e o aparelho e de assinar o contrato, a vendedora me pergunta se eu preciso de uma capinha para o celular. Ela me mostra dois modelos: um em acrilico e um em tecido, daquele tipo “meia” que existe também no Brasil. Dai ela me pergunta qual deles eu prefiro e, ao invés de responder “a meinha”, eu respondo “o sapato”. Ha que se explicar aqui que, em francês, as duas palavras são muito parecidas (meia é chaussette e sapato é chaussure). Por isto a confusão... Mas não deixou de ser engraçado. E quando eu percebi a trapalhada, emendei em seguida: sim, eu quero sapatos de salto alto para o meu celular!

Tcham, tcham, tcham, tcham!!!
Tive um leve probleminha de regulagem de temperatura na minha geladeira. Como o pininho que exerce tal função esta quebrado, eu nunca sei para que lado eu o estou girando, se estou aumentando ou diminuindo a temperatura. Dai que houve um periodo em que todas as coisas na minha geladeira estavam congelando e no fundo dela ja havia uma crosta de uns 2 cm de gelo. Semana passada, quando uma amiga dormiu em casa, ela me ajudou a regular a temperatura. No dia seguinte, como magica, a crosta de gelo havia desaparecido. Perfect! Mas foi so eu precisar pegar uma cebola na gaveta do fundo e, na hora em que eu a abri, splaaaash! Aguaceira geral na cozinha... Pois é, so eu para achar que a crosta tivesse desaparecido magicamente e a agua evaporado.

Loucademia de policia
Outro dia, quase todo o pessoal do meu departamento foi almoçar junto. Eramos 8 pessoas e fomos em 2 carros. Eu dirigia o segundo carro e seguia o primeiro, ja que não sabia chegar ao restaurante e ninguém que estava comigo sabia também (a burrice mais absoluta, colocar no mesmo carro so gente que não sabe chegar no lugar). OK. Estava la eu lindamente seguindo o primeiro carro quando a querida motorista do mesmo resolveu passar num farol amarelo. Eu entrei meio em pânico, com medo de perdê-la de vista, e pisei fundo. Foi ai que o pessoal do meu carro começou a gritar “Les flics, les flics, les flics!!!!”. Sem saber que “catsu” eram os tais “les flics”, eu passei no farol vermelho. Logo depois, vim a entender, numa situação muito real, que “les flics” quer dizer os guardas, ou melhor, a policia. E entendi também que os gritos eram porque os “flics” estavam do lado esquerdo do mesmo cruzamento em que eu, por acaso, passei no farol vermelho. E eu obvia e toscamente não os havia visto. Dai que vocês não têm idéia da intensidade do meu pânico quando vi que os simpaticos “flics” deram a partida na viatura deles, cruzaram a via e vieram atras de mim. Eu tremia. Não, eu não tremia, porque tremer é muito pouco para o que estava acontecendo. Eu simplesmente não parava de pensar: “puta que pariu, como é que eu não fui ver a policia e simplesmente passei no farol vermelho na cara deles, agora eles vão me parar, vão pedir minha carteira, vão me multar, e quando ficarem sabendo que eu sou brasileira, vão me prender e me mandar de volta pro Brasil”. Sem brincadeira, tudo isso passou pela minha cabeça num decimo de segundo. E o pessoal no meu carro, muito simpatico, me dizia: “é você quem vai falar com eles, hein? Da uma de ingênua, finge que você não fala bem francês e tal”. E eu, verde de medo. Bom, dai que os caras vieram atras do meu carro, depois pararam do meu lado no semaforo seguinte (o qual eu obviamente respeitei!) e... não fizeram nada! Eu desacreditei. Os caras nem olharam para o meu carro (e eu também nem olhei para eles, tão incredula da minha propria sorte eu estava). Até hoje não sei se os caras realmente não viram que eu passei no vermelho ou se viram, mas não quiseram fazer nada. Particularmente, e visto o desespero geral do povo no meu carro durante o fato, acredito que é mais a primeira opção e que, se eles tivessem visto, não teriam deixado passar barato... Mas o “melhor” ainda estava por vir: 10 segundos apos o ocorrido, um dos caras que estavam no meu carro solta uma desta: “ah, eu sei em que restaurante a gente esta indo, acabei de lembrar que eu sei sim o caminho”. E eu pergunto: “o que você faz com uma criatura destas?”.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Jantar + balada no sabado à noite

Ai vão umas fotinhos de sabado à noite... Sai com o pessoal do trabalho. Fomos jantar em um restaurante latino (comida mexicana, caipirinha brasileira e salsa cubana!) e depois fomos a baladinha de aniversario de uma colega do escritorio.

Sim, sim, eu estava de chapinha neste dia. E fui eu mesma que fiz, com meu super Lissima Ionic (olha o merchandising!!!). Até que ficou bom, né?

A ultima foto foi para contrariar um pouco meu colega Chris que diz que eu sempre saio com o mesmo sorriso nas fotos. Segundo ele, eu tenho um sorriso de "56 dentes"! Dai eu fiz esta careta. Sem sorriso, mas ainda sim mostrando muitos dentes, ;)))












Cara de quê?

Cena 1:

Estou la eu com a Sandrine, num pub irlandês, escutando musica, bebendo e conversando, quando um carinha vira para ela e pergunta se nos duas eramos sul-americanas. Muito espantada, ela responde que ela não, mas que eu sim. Dai, eu falo assim: “ok, ja que você adivinhou que eu sou sul-americana, adivinhe então de que pais eu sou”. E então eu desacreditei quando o cara listou quase todos os paises da América do Sul, menos o Brasil. Ele começou me dizendo que eu tinha cara de colombiana, o que eu achei o maximo, porque todas as colombianas que conheço são lindas. Depois, foi perguntando: Argentina? Chilena? Venezuelana? Equatoriana? (!!!), Paraguaia?

Enfim, quando so faltava o cara mencionar a Guiana Francesa, eu disse: “escuta, eu não estou acreditando que você mencionou quase todos os paises da América do Sul, menos o maior deles...”.

No fim das contas, o cara era francês, mas ja tinha morado na Argentina e visitado o Brasil algumas vezes. E ele me disse que as mulheres do Rio e de Salvador são mais simpaticas que as paulistas. Mas depois ficou me xavecando mesmo assim. Ah, ta... Então ta...

Cena 2:

Na mesma balada, outro francês se aproxima de nos e começa a conversar. La pelo meio da conversa, quando eu disse que era brasileira e que o franco-argentino ja tinha me dito que eu tinha cara de sul-americana, este francês me diz que, na verdade, achou que eu fosse espanhola ou italiana, mas que definitivamente eu não tinha cara de francesa...

Cena 3:

No show de musica brasileira, conversando com um dos portugueses que conhecemos la, ele me diz que achou que eu fosse portuguesa também.

Conclusão:

Que eu definitivamente não tenho cara de francesa, eu ja sabia. Mas o engraçado é que no Brasil todo mundo pensa que eu tenho alguma ascendência libanesa ou algo assim. Também ja me disseram que eu pareço espanhola... Particularmente, eu acho que eu tenho uma baita cara de libanesa mesmo, mas aqui ninguém achou isso não... No fim das contas, tenho mesmo é cara de cearense misturado com polonês! (ok, deve ser mais ou menos 95% cearense e 5% polonês, rsrs).

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A França ama o Brasil

Desde que cheguei aqui, e isto faz apenas dois meses, ja fui a 4 eventos brasileiros. E não estou falando de eventos organizados pela galera não, ja que como aqui tem uma comunidade brasileira, seria compreensivel de se imaginar que o pessoal organiza varias baladinhas. Estou falando de shows mesmo e eventos organizados pela prefeitura. Vai ai um pequeno recapitulativo:
  • Show do Olodum e dos Barbatuques no ultimo dia do festival Nuits de Fourvière

  • Show de musica brasileira (Trio do Sol acho que era o nome do grupo) em um dos eventos de verão “Todo mundo pra fora”, num domingo, na Ile Barbe

  • Domingo passado aconteceu o desfile da Bienal da Dança. A Bienal da Dança é um grande evento aqui onde, a cada dois anos (obvio) e durante um mês inteiro, ocorrem varios espetaculos de diversas escolas e grupos de dança. Além disso, para lançar a tal Bienal, sempre ha um desfile de escolas de dança na rua. Pois é, domingo passado rolou este desfile e, logo apos, teve um show de musica brasileira na principal praça da cidade. Houve quatro atrações: um grupo de Salvador (batucada), uma cantora de bossa nova, um grupo de chorinho (Agua de Beber) e a bateria da escola de samba de Visa Isabel. Surreal, não? Este show foi muito animado! Eu estava com a minha amiga Sandrine e também encontrei varios brasileiros que ja tinha conhecido e conheci varios outros, além de uns portugueses também. Em resumo, acho que estavamos em um grupo de umas vinte pessoas! E a galera toda dançando samba (ou tentando) na praça foi muito legal! Alias, acho que estou dançando mais samba aqui do que no Brasil. Fora um detalhe deveras engraçado: eu nem danço samba tão bem assim, sou dura que nem uma vassoura, mas dado o nivel geral de samba da galera francesa, a cada vez que faço uns passinhos basicos, eles me olham como se eu fosse uma passista de escola de samba! Eu dou muita risada!

  • Logo apos este show na praça, rolou uma balada (também de musica brasileira) na Marquise. A Marquise é uma balada super conhecida num barco ancorado no Rhône (Cris, lembrei das baladas do navio!!! Até porque o barquinho aqui também balança pra caramba durante a balada). Dai, que la tocaram uns grupos brasileiros e rolou de tudo: samba, forro,... No mais, pelo que eu fiquei sabendo, parece que esta balada brasileira acontece uma vez por mês la neste barco. Ou seja, quando eu estiver com muita saudade, posso ir la! O pessoal da galera brasileira esta todo animado para estas baladinhas. O duro é que elas rolam sempre de domingo e ai é meio ruim ficar até muito tarde. Eu, por exemplo, desta vez fiquei até umas duas da manhã, mas foi duro acordar cedo na segunda para ir trabalhar... Porque fazer uma baladona numa quinta, até tudo bem. Você tem que trabalhar na sexta, mas é so um dia. Agora, começar a semana ja chutando o pau da barraca assim é coisa para profissional! ;)

Para terminar o topico, a minha colega de trabalho inglesa esta fazendo quarenta anos esta semana e vai comemorar no sabado. Ela alugou um estudio de dança para uma balada e contratou um DJ franco-inglês (ou anglo-francês, sei la). Sabe o que o DJ falou para ela? “Olha so, pela minha experiência, os franceses se animam bastante com musica brasileira, então, se você não se importa, posso tocar algumas?”. Viram? Pois é, sabado que vem terei mais uma chance de sambar um pouquinho e impressionar o pessoal com os meus avançadissimos passos de samba, hahaha!

Abaixo, fotinhos do desfile, do show e da galera.

sábado, 6 de setembro de 2008

Sobre a gripe, a greve, a chuva e o show (e porque Deus não me odeia)

Quatro de setembro de dois mil e oito, quinta-feira. Como todo dia, o despertador do meu celular toca às sete da manhã, mas eu fico enrolando na cama até às oito. E muito dificil acordar cedo, ainda mais quando se esta com uma baita gripe, o que é o meu caso. Tossi a noite toda, o que me fez pensar que na França até a minha gripe é diferente: no Brasil, quando fico gripada, tudo começa com uma terrivel dor de garganta. Aqui, o virus deve ser outro: estou tendo uma tosse lascada, mas sem dor de garganta, ainda bem!!!

Enfim, é engraçado como a gente sempre reclama do horario que acorda... Quando eu acordava antes das seis da manhã porque trabalhava na Faria Lima, eu reclamava... Dai, fui trabalhar na Mooca e acordava às sete (tirando os dias de rodizio e de aulas de francês). E reclamava também, dizia que muito sortuda deveria ser a pessoa que podia acordar às oito e chegar no trabalho às nove. Pois é, este tem sido meu caso agora, e mesmo assim tem sido dificil acordar... Fico imaginando que mesmo que eu entrasse no trabalho ao meio-dia, ainda assim ia enrolar na cama até o ultimo minuto possivel antes de ter que me levantar correndo e fazer tudo voando porque mais uma vez me levantei atrasada...

Bom, depois de ter enrolado na cama até o ultimo minuto, levantado correndo e feito tudo voando, la vou eu no meu carrinho a caminho do trabalho. De repente, um trânsito absurdo. Mas absurdo mesmo, tudo parado, um zilhão de carros na rua e uma das rotatorias onde eu passo normalmente parecia uma visão do inferno: o semaforo abria e fechava varias vezes sem que a gente conseguisse andar um metro sequer... Comecei a ficar desesperada achando que, na verdade, o trânsito é sempre assim mesmo e que os quinze minutos que eu levava para chegar ao trabalho eram resultado do mês de férias... Ai, meu Deus... Também achei que pudesse ser reflexo da garoa que estava caindo... mas se o trânsito vira este caos com esta garoa, o que sera que acontece quando chove mesmo, pra valer? Ja estava pensando que ia ter que achar outro caminho para ir trabalhar, porque não seria possivel pegar este trânsito todos os dias... E a hora passando, e eu parada no trânsito...

Bom, dai decidi ligar para o escritorio e avisar que eu ia chegar mega atrasada por causa de um mega trânsito inesperado... Ja estava pronta para ouvir alguém me dizer: “mas você achava que ia ser tudo tão tranqüilo como no mês de férias?”. Mas quando liguei, a surpresa: estava tendo uma greve geral do transporte publico... Poucos ônibus, quase nada de metrô, enfim, um caos... Ah, ta... Melhor assim, né??? Fiquei aliviada...

Uma hora depois, finalmente cheguei ao trabalho (quase às 10 da manhã). E, conversando com o pessoal, reclamamos sobre as greves e como elas atrapalham o dia-a-dia das pessoas e tal. O mais incrivel é que neste mesmo dia, havia em Lyon um juri internacional que vai escolher qual cidade sera a “capital européia em 2013” e Lyon esta concorrendo. Mas depois desta greve, acho que Lyon esta definitivamente fora do pareo. Os caras escolheram muito bem o dia da greve, mas eu particularmente acho que eles são uns sacanas e idiotas, porque além de prejudicarem a cidade toda durante o dia inteiro, eles dificultaram um pouco a candidatura de Lyon, prejudicando o que seria uma otima oportunidade para a imagem da cidade, para o turismo e, em ultima instância, para eles mesmos, pois quanto mais turismo, melhor para a cidade e para todos que vivem nela em geral.

No meio desta discussão acalorada, alguém me lembrou de um pequeno detalhe: o show do Coldplay era hoje. E a Sandrine e eu haviamos previsto de ir ao show de metrô, porque de carro ia ser impossivel de estacionar e tal e coisa. Mas como ir de metrô com a greve? O melhor de tudo: algumas linhas do metrô até estavam funcionando, menos do que normalmente, mas estavam. Mas justamente a linha que leva até o local do show estava 100% parada. Se eu ja estava achando os caras do transporte publico uns sacanas, agora ja os estava xingando de filhos da p... para baixo. Que cretinos!!! Realmente escolheram muito bem o dia da greve. E um colega meu do escritorio: “acho bom você sair cedo, Rachel, porque com a chuva, a greve do transporte publico e sabendo que todos os 17.000 ingressos para o show foram vendidos, estacionar o carro vai ser uma aventura”. OK. Outro detalhe: como eu não sabia que estava tendo uma greve, eu fui trabalhar com uma roupa mais social e salto alto, ou seja, nada apropriada para ir direto para o show, que começava às oito da noite.

A moral da historia é que eu, que ja tinha chegado ao escritorio às dez da manhã e fiz duas horas de almoço, sai às cinco da tarde. Trabalhar que é bom, quase nada.

Mas sabe que neste dia absolutamente zicado, tive uma prova de que definitivamente Deus não me odeia? Porque apesar de ter que passar em casa para me trocar, pegar a Sandrine e o Luiz (para quem não sabe, outro brasileiro que trabalhava na Arno e esta trabalhando na França agora), e apesar da chuva, da greve e dos 17.000 ingressos vendidos, contrariando todas as previsões, até que não demoramos muito para encontrar uma vaga (tudo bem que não paramos tão perto do show) e conseguimos chegar la antes das sete e meia da noite. Perfect!!!

Finalizando este post quilométrico, falemos sobre o show... Quem abriu o show do Coldplay foi um cantor chamado Albert Hammond Jr. Aparentemente, o pai dele, obviamente chamado Albert Hammond, é um cantor muito famoso. Mas é obvio também que, alienada musical que sou, nunca tinha ouvido falar nele. E, pelo que vim a saber depois, este Albert Hammond Jr. é também o guitarrista do The Strokes. Ok. Mas o importante é dizer que o show dele foi bem legal e ele tem um voz bem parecida com a do vocalista do Placebo, ou seja, uma voz bem diferente...


Quanto ao show do Coldplay, foi absolutamente SENSACIONAL!!! Ao contrario dos três primeiros CDs deles, que são legais, mas são meio lentos e depressivos, o show é muuuuito animado! O Chris Martin fala e brinca com a platéia o tempo inteiro e ele se esforçando para falar francês foi muito bonitinho!

Claro que eles tocaram todas as musicas do novo CD, que é absolutamente fantastico, e também as musicas mais conhecidas dos outros CDs: Clocks, Fix you, Speed of sound, The hardest time...

Para mim, os melhores momentos foram:
  • Fix You: foi uma catarse geral quando eles tocaram essa musica
  • Viva la Vida: esta musica é simplesmente fantastica e acho que foi a mais aguardada do show. No mais, ela tem um significado especial para mim: sabe quando em uma certa época da sua vida, você escuta muito uma mesma canção e depois, para o resto da sua vida, quando você escuta esta mesma musica, ela te lembra exatamente esta época? Como se fosse a trilha sonora deste periodo? Pois é... desde que cheguei em Lyon e a Sandrine me emprestou o CD do Coldplay, tenho escutado esta musica praticamente todos os dias. E eu a escuto quase sempre de manhã, quando estou indo trabalhar. Eu adoro esta musica, porque ela é muito animada e me deixa de bom humor. Então tenho quase certeza de que ela vai acabar virando a trilha sonora desta minha fase, da minha chegada em Lyon.
  • The Scientist: esta é a minha musica preferida do Coldplay e uma das minhas favoritas em geral. Eles a cantaram em capela, numa hora em que foram para a parte de tras da sala do show, mais perto da arquibancada. Foi maravilhoso, sem palavras. Quase chorei...

Fora tudo isso, a cenografia do show também estava sensacional e muito original!
Resumindo: para quem gosta de Coldplay, se eles passarem ai no Brasil na turnê deste show, não deixem de ir!

E o dia terminou com a gente pegando a maior chuva até o carro (ai, minha gripe) e o meu GPS me dizendo que eu tinha que virar à direita, ao mesmo tempo em que mostrava na tela que eu tinha que virar à esquerda! Perfect! Meu GPS não sabe a diferença entre esquerda e direita, olha que maximo! Ta parecendo um amigo meu, brasileiro, mas que so sabe direita e esquerda em coreano... Sera que se eu ensinar para o meu GPS em coreano, ele aprende?

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Feliz Ano Novo !!!

“Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saude pra dar e vender!!!”

Depois de um mês de agosto mortal, quando quase todos os franceses estavam em férias, setembro é o mês da famosa “rentrée”. Para quem não é francês e nem nunca morou na França, explico: o verão aqui começa no final de junho e, a partir de meados de julho, a francesada toda se manda de férias. Dai que o final de julho e o mês de agostos são meses mortos mesmo, porque como todo francês sabe, férias é uma instituição sagrada aqui e eles “fecham a lojinha” durante todo o mês mesmo. No que eu acho que estão absolutamente certos.

Ou seja, como cheguei aqui no dia 10 de julho, um pouquinho antes do feriado nacional (14 de julho), tenho a impressão de que durante este mês e meio não vi a cidade como ela realmente é. Lyon estava uma super tranqüilidade, enquanto as estradas estavam abarrotadas (ja vi esse filme!) e o Sul da França imagino que estava mais ainda. Alias, senti até um efeito “gangorra”: como todos estavam no Sul, esta parte da França “pesou”, enquanto aqui onde eu estou ficou mais alto. Senti até uma diferença de altitude :).

Alias, fato interessante: julho e agosto são os meses de férias e ha até nomes para definir as pessoas que saem em julho ou agosto. Os que saem em julho são os “juillettistes” e os que saem em agosto, os “aoûtiens”. Ja pensou que engraçado se tivessemos isto no Brasil? Os que saem em férias em dezembro seriam os dezembristas e os que saem em janeiro seriam os janeiristas. Legal, não?

Durante o mês de agosto, tem até restaurante que fecha e põe uma plaquinha na porta: “estaremos em férias de tal dia a tal dia”. Incrivel... Não imagino um negocio destes em São Paulo... Imagina tentar ir ao seu restaurante preferido em janeiro e encontrar uma plaquinha na porta?

Alias, estava achando que os restaurantes estariam vazios no mês de agosto, visto que a cidade não tinha um terço dos habitantes. Mas aconteceu o efeito contrario: como até os restaurantes entram em férias, os poucos que ficaram abertos estavam cheios. E dai, danou-se se você não fez uma reserva.

Para quem ainda não entendeu o espirito, setembro aqui é como fevereiro ai no Brasil. Ou melhor, é como depois do Carnaval, quando o ano começa realmente para nos. Em julho e no começo de agosto, quando ainda havia uns gatos pingados por aqui, toda vez que falavamos de algum projeto ou trabalho a fazer, as pessoas diziam “vamos fazer à la rentrée”. Tudo era “a la rentrée”. “A la rentrée” a gente termina isso, “a la rentrée” você tera seu contrato de trabalho, “a la rentrée”, “a la rentrée”, “a la rentrée”. Agora chegou a famosa “rentrée”. E o que aconteceu?

Bem, é verdade que todo mundo ja voltou de férias. Os franceses voltaram a trabalhar. As crianças voltaram para a escola também (inclusive deu para sentir bem isto, visto que moro ao lado de duas escolas...). As ruas estão mais cheias, tem mais trânsito, o estacionamento aqui da empresa esta lotado. Esta todo mundo com aquela cara saudavel, bronzeada e descansada e, ao mesmo tempo, não muito felizes em voltar de férias...

So quero ver todos os projetos da “rentrée” sairem do papel... Ai, ai, tô ficando até com medo!!!

Bom, mas antes que algum engraçadinho faça alguma comparação do tipo “ah, mas pelo menos para nos no Brasil, o ano começa em fevereiro, enquanto na França começa so em setembro”, explicação: sim, o ano aqui começa em setembro, mas ele não acaba em dezembro... Complicou? Pois é, em dezembro a gente muda o “numero” do ano, mas pelo que entendi o ritmo não diminui tanto quanto no Brasil e é como se o ano continuasse. Exemplos praticos para facilitar o entendimento: aqui, a gente não fala em Campeonato Francês 2008, senão ele teria apenas 4 meses, visto que começa em setembro. Aqui, fala-se em temporada 2008/2009. Viram? O campeonato começa em setembro e so termina em junho do ano seguinte... Assim como as aulas... E tudo o mais. Ou seja, é um outro tipo de calendario!

Assim como a Terra gira em torno do sol, também nos, humanos, definimos nosso calendario em função do astro-rei... Claro, não ia ter a minima graça tirar férias no inverno e trabalhar no verão, se bem que ja fiquei sabendo que aqui na França tem até uma semana de férias para esquiar. Mas isto é assunto para outro post, a ser escrito em fevereiro!

Por isso, meus amigos, o ano esta começando para mim! Um brinde ao ano novo de 2008/2009!!!!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Churrasco na casa do Thiago

Este fim de semana rolou um churras na casa do Thiago, meu colega brasileiro. Também estavam la um casal de amigos dele (brasileiros também), o irmão e a meia-irmã (a unica francesa, tadinha!!! Ela entendia português, mas tinha vergonha de falar, então não ouvimos a voz dela...).

Muuuuuito bom poder comer feijão e tomar caipirinha!!! E das boas, pq fui eu mesma quem fez, com uma pinga Sagatiba que o Thiago tinha (muito boa, alias!!!).

Bom, seguem umas fotinhos... A fotinho de todo mundo de Havaianas é show de bola!!!


Hum, arroz, feijão, vinagrete, farofa e caipirinha! E o espacinho pra carne, que estava na churrasqueira, claro!

Adivinhem quais são os meus pezinhos?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um mês!!!

Este fim de semana fez um mês que cheguei aqui e, por isto, resolvi fazer uma lista. Uma lista das coisas que estou sentindo falta do Brasil e das coisas que estou curtindo muito aqui justamente por não ter ai na “terra adorada”. Fiquei imaginando que um mês talvez seja meio cedo para fazer uma lista assim. Mas justamente por isso pode ser legal. Porque assim deixo registradas minhas primeiras impressões e, daqui a um tempinho, posso revisitar este tema e podem surgir abordagens diferentes...

Bom, mas antes de começar, trata-se de uma lista que exclui a familia, os amigos, as pessoas queridas, ok? Porque é obvio e ululante que estou sentindo muita falta da familia, dos amigos e das pessoas queridas, não preciso colocar isto na lista. Quero fazer uma lista de coisas mais “mundanas”.

Estão prontos? Então vamos la:

Do que estou sentindo falta:
  1. Requeijão: por incrivel que pareça, na terra do queijo estou sentindo falta de requeijão. Ainda não encontrei nada parecido por aqui e eu gosto muuuuuuito de requeijão. Ja enjoei de comer pão so com manteiga ou geléia, ou mesmo com queijo, quero REQUEIJAO! Aos franceses que lêem este blog (Soph, Lucie,...), um pedido desesperado de ajuda: existe algo parecido com requeijão por aqui? Porque pode até ser que exista, eu é que sou meio lerdinha e não achei... Até tentei explicar para minha colega do trabalho o que era, mas ela disse que aqui não tem isso não...
  2. Feijão: saudades do feijão da minha mãe e até do feijão do restaurante da Arno, que era bem bom (o feijão, não o restaurante). Eu trouxe feijão para fazer aqui, mas ainda não fiz porque não tenho uma panela de pressão (e isto porque trabalho numa empresa que fabrica panelas de pressão). Mas eu ainda não comprei a minha porque estou esperando ser registrada aqui para poder comprar mais barato :)
  3. Caipirinha: sem comentarios. Ou melhor, vou colocar um comentario sim. Outro dia sai com o pessoal do trabalho para tomar umas em um bar em um dos barcos que ficam ancorados no Rhône. Pois bem, estava um calor absurdo e, quem me conhece bem, sabe que eu não curto muito cerveja. Tomar Coca-Cola também estava fora dos planos. Dai que comentei que gostaria muito de tomar uma caipirinha e me disseram que neste bar eles faziam! Genial!!! Fui la pedir uma caipirinha. Fiquei passada... A caipirinha até que não era ruim, tirando o fato de que eles não colocaram gelo e eu tive que pedir. O problema foi que o tamanho da caipirinha era meio copo de um copo tipo americano. Isto mesmo que vocês leram. E eu perguntei: “é so isso???”. E era so aquilo mesmo. Agora, o que vocês nao vao acreditar, é no preço que eu paguei... 7 €!!! Isto mesmo, 7 €, ou melhor, mais ou menos R$ 17,50 por meio copo americano de caipirinha sem gelo... Por isto que dizem que quem converte, não se diverte!
  4. Comida japonesa: sim, aqui também tem restaurantes japoneses. Ja fui a dois e até que não eram ruins. Mas não eram como os de SP e sobretudo não são como o Nafuka perto da Arno onde a gente almoçava às vezes e, por R$ 19,90 comiamos até sair sushi pelas orelhas... E aquele temaki de salmão... Acho que em nenhum outro lugar vou encontrar um temaki como aquele!
  5. Manicure: saindo do universo culinario... ai, que saudaaaade da Rose!!! (a manicure da Arno). O que acontece é que manicure aqui é muito caro... Ja vi varios preços, mas que começam de 20€ em diante, isto apenas para as mãos. Ou seja, inviavel ir à manicure. Como não consigo ficar sem fazer as unhas, pois não tenho unhas naturalmente lindas como algumas pessoas sortudas, eu mesma estou fazendo minhas proprias unhas. Tanto as do pé quanto as da mão. E até que elas não têm ficado ruim, não. Estão até bonitinhas. O problema é que eu demoro UM SECULO para fazer as unhas... mas tudo bem, por enquanto minha agenda não esta tão lotada assim, se é que vocês me entendem...
  6. Shopping center: ok, ok. Shopping é a praia dos paulistanos e os paulistanos são ratos de shoppings. E tudo verdade. Ja ha muito tempo os “shopi cêntis” viraram a primeirissima opção de lazer dos paulistanos, o que às vezes é um saco, porque não ha um unico fim de semana no ano em que você não tenha que se matar para encontrar vaga no estacionamento do shopping às 4 da tarde do domingo. Nem mesmo nos feriados. Mas e so a gente ir para um lugar onde não ha shoppings, para vermos o quanto este mal é necessario e nos faz falta. Lyon é a segunda ou terceira maior cidade da França (depende do que se leva em conta, pode ser Lyon ou Marseille) e, acreditem, so ha UM UNICO SHOPPING CENTER nesta cidade, o Centre Commercial Part Dieu. De resto, ha as lojas de rua. Algumas realmente fantasticas, mas faz falta ir a um so lugar e saber que você vai encontrar tudo la. Ok, é claro que eu posso ir ao unico shopping center da cidade. Mas sendo o unico, esta sempre lotado. E ha um complicômetro, outra coisa da qual estou sentindo muita falta: as lojas nestes shopping fecham às 20h (tudo fecha muito cedo nesta cidade). Eu saio do trabalho entre 18 e 18h30. Considerando que trabalho fora de Lyon, até chegar ao shopping, estacionar e tudo, as lojas ja estão para fechar. E dai so me sobra o sabado (é claro que as lojas não abrem aos domingos), quando o shopping esta ainda mais lotado. So se a gente for muito cedo, logo que o shopping abre. Enfim, na verdade estou percebendo que o que estou sentindo falta não é exatamente dos shoppings, mas sim do fato de encontrar tudo ou quase tudo aberto até tarde, quando não 24 horas por dia. Nisto, digam o que disserem, São Paulo é insuperavel.
  7. Manobristas/estacionamento: hahaha, estou perdida! Completamente ferrada! E verdade que em Lyon ha MUITO menos gente do que em São Paulo e também muito menos carros. E menos trânsito. Até ai, perfeito. So que ha também infinitamente menos estacionamentos. E vagas nas ruas. Manobristas então, esquece! Eles nunca ouviram falar (tai uma idéia de negocio para abrir aqui... eu ia ser a primeira cliente, com cartão de fidelidade e tudo!). E tudo isto não é exagero meu, não. “Onde estacionar” é uma preocupação recorrente. As pessoas levam isso em conta antes de sair para qualquer lugar.E depois ficam rodando, rodando, rodando atras de uma vaga minima que seja (também notei que os franceses não são muito fãs de pagar estacionamento, enquanto que eu fico muito feliz e aliviada em ver um simbolo P, de parking). Junte-se a isso o fato de que eu não sou muito dotada para fazer balizas (para não dizer um completo desastre), vocês podem imaginar como estou ferrada, não??? Vou ter que aprender a fazer baliza na marra. E com um carro que é bem maior do que o que eu tinha em SP (bom, pelo menos ele tem direção hidraulica!).

O que estou curtindo muito aqui:

  1. Queijos e vinhos: obvio e ululante, mas necessario comentar. A quantidade de queijos aqui é impressionante. Você vai a um supermercado do tipo Carrefour e tem um corredor inteiro so de queijos. Fico perdidinha, nunca sei o que escolher. Por enquanto não arrisquei muito ainda, so comprei os que ja conhecia, tipo brie, camembert, fromage de chèvre. Mas aos poucos pretendo ir arriscando e degustando novos queijos... Sobre os vinhos, a mesma coisa. Eu não conheço ABSOLUTAMENTE nada sobre vinhos, mas estou me deliciando... Tenho bebido vinho no almoço (não todo dia...), e em algumas saidinhas com o pessoal à noite. Mas o preço dos vinhos é que é impressionante! Outro dia fui ao mercado com uma amiga e queria comprar um rosé, so que não sabia qual. Ela me indicou um e disse que era muito bom. Sabem quanto? Menos de 3€ a garrafa... Pois é, metade do preço de meio copo americano de caipirinha sem gelo, rsrs.
  2. Poder andar na rua sem ter medo: ok, eu sou a pessoa mais medrosa que eu conheço, admito. Mas ha muito tempo a situação em SP esta calamitosa e eu tinha medo até da minha propria sombra. Andar sozinha na rua à noite era algo que nem me passava mais pela cabeça. Pois é, mas aqui é simplesmente alucinante como podemos andar mais tranqüilos. E claro que gente louca e lugares meio desaconselhaveis existem em toda parte. Mesmo aqui me dizem que em certos lugares é preciso tomar cuidado. Mas no geral, não ha a sensação de insegurança. Quando eu saio com o pessoal à noite, por exemplo, todo mundo sempre volta a pé para casa, sem nenhum problema. E eu também, volto tarde, sozinha e andando. Não vou dizer sem medo porque ainda tenho meus costumes paulistanos. Mas realmente é bem mais tranqüilo aqui. Alias, as poucas pessoas para as quais comentei que em SP a gente não pode mais parar no farol vermelho à noite porque é perigoso ficaram tão assustadas que eu decidi não comentar mais isto. Nestas horas a gente se da conta de como a gente se acostuma logo com as coisas, mesmo as ruins.
  3. Um rio às margens do qual se pode caminhar: ok, ok. Se a gente quiser, até pode caminhar às margens do Tietê e do Pinheiros. Mas acho que não vai ser tão divertido quanto caminhar às margens do Rhône. E também, estando na Marginal, acho que vai ser um bocadinho mais perigoso :)
  4. Horario de trabalho: tudo bem que estou num periodo de trabalho digamos assim um pouco monotono, pois esta todo mundo em férias e eu ainda não assimilei tudo o que tenho que fazer. Mas ja vi que mesmo em periodos normais de trabalho, o esquema aqui é bem mais light. Para começar, ninguém aqui chega antes das 9h (pelo menos no meu departamento, as pessoas chegam entre 9h15 e 9h30). Oficialmente, temos “no minimo uma hora de almoço entre 12h e 14h”, mas o pessoal do meu departamento resolveu que temos todos os dias um almoço das 12h às 14h, ou seja, duas horas. E ninguém sai depois das 18h30... Outro dia, conversando com uma amiga do trabalho, ela me disse que às vezes, em periodos de muito, muito trabalho, a gente chega a sair até às 20h. Comecei a rir na cara dela, visto que este era mais ou menos o meu horario de saida da Arno todos os dias... E que eu entrava às 8h e tinha uma hora de almoço...
  5. Chegar no trabalho em 15 minutos: pois é, eu moro em Lyon, trabalho em Ecully (outra cidade) e tenho levado 15 minutos para chegar ao trabalho. Claro que isto é efeito das férias também, mas acredito que em periodos normais não vou levar muito mais do que isto.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Fim de semana fora de Lyon

Depois do topico “fim de semana em Lyon”, vem o post “fim de semana fora de Lyon”.

Para começar, um dos carinhas brasileiros que eu conheci pelo orkut me chamou para ir a Pérouges no sabado. Pérouges é uma cidadezinha medieval que fica a meia hora de Lyon. Fomos ele, eu, e mais dois brasileiros (ou seja, a Kel e três caras... Não tem jeito mesmo, uma vez mano, sempre mano, rsrs).

O passeio foi beeeem legal. A cidade é uma gracinha, mas é aquele esquema de “cidade de primeira”: quando você engata a segunda, ja saiu da cidade. Pois é, andamos um pouquinho la, tiramos fotinhos, compramos coisinhas (eu comprei uma caneca, é claro!) e depois sentamos na mesa de um bar medieval e tomamos uma cerveja medieval (so o preço não era medieval, mas tudo bem). Ficamos neste bar um tempão, bebendo, rindo e conversando sobretudo sobre as diferenças entre o Brasil e a França. Ah, e também falamos muito de futebol!!! Me senti em casa, logico... Como nos velhos tempos da faculdade, eu e os meninos discutindo futebol...

Também comemos uma gallete au sucre, uma torta de açucar deliciosa, que é a especialidade da cidade!

So um detalhe: depois de algum tempo neste bar, percebemos que brasileiro é um povo muuuito barulhento! A gente estava rindo e falando super alto (e não estavamos bêbados) enquanto nas mesas ao lado, mesmo as que tinham turmas de amigos, estava todo mundo falando baixinho e olhando pra nossa cara! Vergonha... mas a gente é assim mesmo, fazer o quê, né?

No domingo, fui à casa da mãe da Karine (colega de trabalho), que mora a uns 30km de Lyon em uma casa com piscina. Como estava um tempo maravilhoso, fomos la tomar um solzinho, entrar na piscina e conversar. Também estavam la a Amélie (outra amiga do trabalho) e a Véro, amiga da Karine que foi conosco ao show do Olodum.

Nas fotos abaixo, sabadão em Perouges. Para quem notou, sim, havia um ponte pretano entre nos, rsrs. Os outros dois eram são-paulinos (ô raça! rsrs). E domingão na piscina.