sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ser brasileiro é...

Outro dia descobri no Facebook (para quem não conhece, um equivalente do Orkut, mas mais internacionalmente conhecido/utilizado e mais complicadinho também) uma comunidade chamada "Você sabe que é brasileiro quando...".

O conteudo da descrição da comunidade é bem engraçadinho, então resolvi traduzi-lo, posta-lo aqui e adicionar meus comentarios (entre parênteses). Vejam se vocês também não concordam com a maioria destes itens:

Você sabe que é brasileiro quando:

Você acha que os biquinis das americanas são enormes (sim, e os das européias também!)

Você gosta mais de Guarana do que de Coca (não é muito o meu caso, mas...)

Se alguém marca um encontro com você às 13h, você não aparece antes das 14h30 ou 15h (novamente, não é muito o meu caso, mas conheço alguns assim, rsrs)

Você sabe quem são Xuxa e Pelé (o Pelé, o mundo inteiro sabe… mas saber quem é a Xuxa não é nenhuma vantagem...)

Você ainda discute que o Pelé é melhor que o Maradona (com certeza!!!)

Sua familia inteira vai para a casa da avo nos domingos para um grande almoço familiar… mesmo se vocês se vêm todos os dias

Você é capaz de citar no minimo 30 novelas e 10000 atores/atrizes (Sim!)

Você prefere morrer a ver a Argentina ganhar do Brasil no futebol (sem exageros, vai... mas é quase isso...)

Churrasco significa carne, linguiça, asas de frango, porco, arroz, farofa, molho e cerveja (epa, epa! Faltou a caipirinha!)

Você é a pessoa mais barulhenta dos lugares aonde vai

Você viaja para o Brasil e, ao invés de levar uma mala com as suas coisas, leva presentes para a familia inteira, o cachorro, o vizinho, sem contar as roupas velhas/usadas que você leva para doar

Você tem tanto orgulho de ser brasileiro que você conta isso para todo mundo

Você deixa a sua casa impecavel quando você vai receber visitas (é claro!!!)

Você tem uma bela bunda ou você gosta de mulheres que têm

Você entende e fala espanhol, mas quando você diz uma palavra em português, ninguém te entende

Suas piadas são sempre sobre portugueses

Você leva o futebol muito a sério

Você chorou quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo (sim, sim, e também quando o Palmeiras caiu para a segunda divisão!)

Você vai para uma festa de aniversario e não vai embora enquanto não levar um pedaço de bolo para casa (maldade...)

Você come arroz e feijão pelo menos 7 vezes por semana (ai, que saudade!)

Seu café da manhã consiste em café com leite, pão com manteiga e um pedaço de bolo (quase isso, tirando o pedaço de bolo...)

Todo mundo pensa que você é tudo, menos brasileiro (verdade!)

Você vai para um bar e pede “salgadinhos com Guarana” (salgadinho e Guarana? Que é isso, minha gente? Eu peço mesmo é uma caipirinha e uma porção de fritas)

Você esta tão acostumado à corrupção, que nada mais te surpreende (infelizmente)

Você sabe jogar cartas e domino (é, mas eu particularmente nunca aprendi a jogar truco...)

Você tira fotos em todos os lugares aonde vai

Você sabe o que é comprar bebida alcoolica sem identidade

Você vai a uma festa, e se a festa não terminar depois das 5 da manhã... não é uma festa!

Qualquer feriado… oficial ou não, é uma desculpa para ficar em casa e tirar uma semana de férias (os franceses também são assim)

Você sabe o que é feijoada e pavê (e também conheço o famoso trocadilho com pavê, o mais sem-graça do mundo)

Sua bebida preferida é Caipirinha (Oh, yeah, baby!)

Você se arruma todo para ir ao supermercado (sim, e também para ir até a padaria da esquina)

Você é capaz de passar um dia inteiro na praia

Você faz amigos em qualquer lugar aonde vai

A Pascoa não é Pascoa sem bacalhau

Você tem havaianas de todas as cores imaginaveis

Você foi para a Disney no seu aniversario de 15 anos

Nenhuma refeição esta completa sem arroz, feijão e farofa

Você gosta de maionese no seu cachorro-quente e os americanos acham que você é louco (sem mencionar o catchup, a mostarda, o vinagrete, o catupiry, o milho, a ervilha, a batata palha e o purê para cimentar tudo!)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Dr. House - Parte II

Continuando a saga das palpebras inchadas, vermelhas, coçando e descascando...

Uma amiga do trabalho me recomendou o médico dela, Dr. Mairot. Disse-me que era um pouco agitado, super ocupado, e que também não tinha secretaria (ai, meu Deus!), mas que era um bom médico. Pequeno parênteses: por que raios os médicos na França não têm secretaria? Sera que é porque o preço da consulta aqui é tabelado, eles não podem praticar preços exorbitantes e, sendo assim, não têm como pagar uma secretaria?

Vocês leram direito sim. As consultas aqui têm um preço fixo, pelo que eu entendi. Os clinicos gerais podem cobrar 22€ por consulta (uns R$ 66,00), e os especialistas cobram um pouco mais, mas não sei exatamente quanto.

Enfim, fui ver o tal Dr. Mairot. Viciada que sou na série americana “Grey’s Anatomy”, bem que pensei que ele podia ser um doutor bonitão, do tipo Dr. Sheppard ou Dr. Sloan... Até um Dr. O’Malley estava valendo... Mas enfim, nas atuais circunstâncias, sendo (apenas) um bom médico, ja esta de muito bom tamanho...

Minha vida pode até ser surreal, mas definitivamente não é novela e nem filme de comédia romântica. Ou seja, o médico não era um doutor bonitão que se apaixonou à primeira vista por mim. Mas era um super médico.

O cara me atendeu numa sexta-feira, às 19h30 e, mesmo ainda havendo outras 3 pessoas na sala de espera, ele não parecia nem um pouco apressado e me ouviu muito atentamente.

Depois examinou minhas palpebras, com uma lanterninha e tudo - o basico do basico, mas visto o que os dois ultimos médicos (não) fizeram, fiquei muito feliz!

E dai seguiu-se o dialogo abaixo:

- Você esta nervosa?

- Como assim, nervosa, tipo agora?

- Não, você tem estado nervosa ultimamente?

- Não.

- Não mesmo, você não esta com nenhum problema, nenhuma inquietude?

- Não. Quer dizer, não estou com nenhum problema especifico, nada me deixando nervosa, mas é verdade que como faz pouco tempo que estou aqui na França, acho que estou um pouco inquieta ou ansiosa com a mudança de vida, de pais, de emprego, de casa,...

Rindo, o médico me responde:

- Ok, quer dizer então que você não esta com nenhum problema, APENAS mudou de pais, de emprego, de casa, de chefe, de lingua, de vida, enfim, tudo!

- Hã, é, visto por este ângulo...

Dai que o médico diagnosticou que o que eu tenho é estresse. Não no sentido negativo da palavra (se é que estresse pode ser positivo), mas no sentido de que eu estou tendo que lidar com muita mudança ao mesmo tempo e isto é altamente estressante, mesmo que pareça estar tudo bem. E dai me explicou detalhadamente como cada uma destas mudanças causam “varios pontos de estresse” segundo a escala de um médico famoso e tal.

O tratamento? Uma pomadinha para os eczemas (o nome técnico disso que eu tenho nas palpebras), comprimidos de magnésio para acalmar e aliviar o estresse e atividades fisicas (ele disse que as horas da dança que eu faço por semana ja são suficientes). Ele também me disse para eu dar uma “desacelerada”, ou seja, para eu não tentar abraçar o mundo de uma vez. Disse que eu ja estou tendo que lidar com muita coisa, então para eu me acalmar e me acostumar a tudo isso antes de me “lançar em novas aventuras”, tipo novas responsabilidades.

Gente, não é possivel! Acho que este doutor ja me conhecia de algum lugar! Ele identificou com perfeição a minha situação atual (e a minha eterna agonia de querer fazer tudo ao mesmo tempo agora e tudo mais do que perfeito).

Enfim, foi quase uma sessão de terapia.

Além de tudo, a especialidade deste médico é cardiologia. Justamente o que eu precisava para acompanhar meus niveis de colesterol (sim, sim, eu sou jovem, mas ja tenho este probleminha). Não é perfeito?

Finalmente ja posso dizer que encontrei meu “médecin traitant”! E o pobrezinho arranjou uma sarna para se coçar...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Dr. House - Parte I

Ha mais ou menos uns 3 meses, bem na época em que começou a esfriar pra valer por aqui, comecei a sentir que as minhas palpebras estavam um pouco ressecadas. Obviamente, achei que fosse por conta do frio.

So que o negocio continuou e foi piorando. As palpebras começaram a coçar, a descascar e, algumas vezes, a inchar também. Oh, oh, acho que isso não é bom sinal! Mas fui deixando passar, até porque não tinha ainda o meu numero da Sécurité Sociale (o sistema de saude publico daqui). E também porque meu corpo começou a manifestar um monte de coisas estranhas desde que me mudei para ca, então achei que fosse mais um destes sintomas de “brasilianite aguda” que fosse passar logo.

Dai que, quando voltei para o Brasil no fim do ano, o negocio ficou feio. Um belo domingo de manhã acordei com as palpebras tão inchadas que decidi ir ao pronto-socorro ver o que era (até para aproveitar os ultimos dias de convênio no Brasil, que so era valido até três dias depois).

No pronto-socorro, o médico, sem nem me examinar direito, disse que era alergia ao esmalte.

- Como assim alergia ao esmalte? Faz mais ou menos uns dez anos que eu faço as unhas sempre, e continuo usando as mesmas marcas de esmalte, não é possivel!”

- E possivel, sim. Uma alergia pode se manifestar a qualquer momento.

“Ok, então isso que é envelhecer?”, pensei comigo mesma. “Um monte de coisas que você nunca teve começam a aparecer do nada?”

Enfim, o médico me receitou um anti-alérgico, uma pomada e mandou eu tirar o esmalte. Eu tomei o anti-alérgico (fiquei até grogue), passei a pomada, mas não tirei o esmalte. Poxa vida, tinha ido à manicure no dia anterior! Não era justo...

Dai que voltei para a França e as palpebras ainda inchadas... me disseram que eu estava com uma cara péssima no meu primeiro dia de trabalho em janeiro, mas eu também tinha a desculpa da viagem, do fuso-horario e tal...

Como agora eu ja tenho a tão sonhada carteirinha da Sécurité Sociale, pude ir ao médico. So que aqui, para que a sua consulta seja reembolsada pelo sistema publico, você não pode ir a um médico especialista (tipo um dermatologista, alergologista,...). Você precisa ir primeiro a um clinico geral e é ele quem te indica o especialista que você deve consultar, se for o caso. Inclusive, aqui, você precisa escolher um clinico geral para ser seu “médecin traitant”, ou seja, o seu médico de referência, aquele ao qual você vai sempre recorrer quando tiver um problema. E você precisa declarar para a Sécurité Sociale quem é o seu “médecin traitant”, senão você não é reembolsado.

Enfim, o fato é que eu obviamente não tinha um “médecin traitant”, então aproveitei a oportunidade do problema nas palpebras para ir me consultar com um clinico geral e ver se eu escolhia logo um “médecin traitant”.

Dai que uma colega brasileira me indicou um consultorio perto do meu trabalho e este consultorio, que não aceita mais novos pacientes, me indicou uma outra médica la perto também.
La fui eu, feliz e faceira, torcendo para gostar dela, porque assim mataria dois coelhos com uma cajadada so...

Tudo o que podia dar errado nesta consulta, deu. Para começar, marquei a consulta para às 8h30 da manhã. Mas a mulher so chegou às 8h50 e, visto que ela não tem secretaria, isto quer dizer que eu fiquei esperando por ela na rua, no frio de -3 ou -4°C, durante vinte interminaveis minutos.

Quando a infeliz finalmente chega, a gente começa a subir as escadas para o consultorio dela e, no meio das escadas, ela me pergunta: “Então, o que te traz aqui?”

Perai. Como é que é? Estou sonhando ou a médica vai querer que eu me consulte com ela no meio da escada???

Obviamente esperei chegarmos ao consultorio para começar a falar alguma coisa.

Alias, o consultorio... Como explicar? Parecia uma sala de escolinha pré-primaria, com cadeiras coloridas para tudo quando é lado, desenhos, fotos coladas na parede, livros espalhados pelo chão. Parecia tudo, menos o consultorio de um médico normal.

Ok, mas apesar de tudo isto, ja que ja tinha perdido meu tempo indo até la, ia tentar pelo menos matar um dos coelhos (digo, o problema das palpebras), ja que escolher esta maluca para ser minha “médecin traitant” é que eu não ia mesmo.

Dai eu começo a contar o problema para ela, que mal me examina e diagnostica uma alergia.

- Ok, mas alergia a que?

- Ah, pode ser tudo e qualquer coisa. (hum, que tradução mal feita do francês "tout et n'importe quoi")

- Hã???

- Pode ser um creme que você passa na pele, pode ser o sabonete, pode ser o shampoo, o sabão em po que você usa nas roupas, o amaciante, um perfume,...

- Ok, e o que eu faço? (crente que ela ia me mandar para um alergologista, para que eu pudesse fazer uns testes, digamos assim, mais precisos)

- Ah, você precisa ir eliminando todas estas coisas aos poucos para tentar descobrir o que causou a alergia.

Pode parar por ai. Então eu faço assim: paro o creme hidratante por uma semana e deixo todo o resto. Se não funcionar, eu volto com o creme, e mudo o sabonete. Se não funcionar, eu volto com o sabonete e paro o shampoo e assim sucessivamente? Ou eu paro tudo de uma vez, viro uma porquinha que não passa sabonete, não lava o cabelo e não lava as roupas? Pode ser que funcione para a alergia, mas 1°) nunca vou saber o que causou a alergia e 2°) vou afastar todas as pessoas do meu convivio social.

Além disso, a consulta, que durou no maximo uns 7 minutos, foi interrompida umas 4 vezes pela campainha que tocava (e a médica ia atender). O pior não era ela sair da sala para atender a porta. O pior era escuta-la dizendo aos outros pacientes: espera um minutinho so, ja vou te atender, a consulta que eu estou fazendo é rapida (tipo assim, ela estava pouco se lichando para o meu problema).

Gente, tenho ou não tenho razão de ter achado a mulher uma doida varrida? Ou sera que ja fui contaminada pela mania nacional francesa (reclamar de tudo sempre)? Não, desta vez acho que fico com a primeira opção...

(Continua no proximo post...)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Caos em Lyon

Ontem de manhã, por volta das 8h15, me arrumando para ir trabalhar, recebo um telefonema da minha chefe. Pensei: "Telefonema da chefe às 8h da manhã, boa coisa não pode ser!"

- Rachel, ainda bem que consegui falar com você! Você ja saiu de casa?

- Ainda não.

- Ainda bem! Então não saia!

(Como é que é? Minha chefe mandando eu não ir trabalhar?)

- Não saia de casa, não pegue seu carro. A cidade esta um caos, com o frio que fez estes ultimos dias e a chuva que caiu esta noite, a cidade esta coberta de “verglas”, as ruas parecem uma pista de patinação de gelo e não da para dirigir assim, é muito perigoso, ja estão anunciando na radio que houve varios acidentes e tal...

- Ok, o que eu faço então?

- Espera um pouco, não vem agora não, vem mais tarde porque agora esta muito perigoso. Prefiro que você chegue atrasada a ver você envolvida num acidente de carro.

- Ok, obrigada por ter me avisado!

Dai eu corro, ligo a TV, ligo o radio, ligo meu computador e me conecto à Internet, tudo em busca de mais informações sobre o que esta acontecendo. A TV não diz nada (basico, a TV aqui é uma porcaria), o radio fala que a estrada que eu pego para ir trabalhar esta interditada, o site mostra que a cidade inteira esta com um trânsito dos infernos...

Meia hora depois me liga a assistente do departamento:

- Rachel, você ja saiu de casa?

- Não.

- Então não saia! Ta super perigoso la fora, ta cheio de verglas, e etc e tal.

E foi assim que passei metade da manhã em casa, trocando telefonemas e mensagens de texto com o resto do pessoal do departamento e ouvindo na radio que a cidade estava um caos... Tudo isso com uma bela trilha sonora de fundo: as sirenes dos carros de bombeiros que não paravam de passar na rua...


Pequena explicação: “verglas” é quando acontece, como da para ver na fotinho ao lado, a formação de placas de gelo sobre as ruas, mais ou menos como o que ha nas pistas de patinação. Este fenômeno acontece sobretudo quando faz muito frio por alguns dias e que, em seguida, o tempo fica umido ou chove. Porque a agua da chuva, quando toca o solo que esta super frio, vira gelo (é o que eles chamam aqui de “pluies verglaçantes” ou “chuvas de gelo”). E isto obviamente é super perigoso, porque no verglas você literalmente patina. Se estiver a pé, cai de bunda. Se estiver dirigindo, pior ainda, porque você perde completamente o controle do carro e não ha nada a fazer.

A conclusão da historia é que so la pelas 10h30 da manhã a situação começou a se acalmar um pouco. Eu, morrendo de medo que estava, consegui uma carona com a assistente do departamento (não queria nem saber de pegar meu carro). E mesmo tendo saido de casa às 11 horas, demoramos mais de uma hora para chegar no trabalho. Estava um trânsito do inferno, todo mundo tinha deixado para sair depois, é claro.

Estão achando que a vida é facil por aqui, é? Aqui não tem enchente e nem cratera do metrô, mas tem neve e verglas! Novas problematicas com as quais estou tendo que lidar...

O mais engraçado da historia é que, desde que eu cheguei na França, ja aconteceu de tudo que me disseram que é raro. Primeiro me falaram que é raro nevar em Lyon. “Não se preocupe, em Lyon é super raro nevar, e quando neva, a neve não fica no solo”. OK. Em dezembro, tivemos três dias seguidos de neve aqui e eu fiquei super feliz quando quase atolei meu carro no estacionamento da empresa, em seguida pisei numa placa de verglas e tomei um tombo e, no fim da tarde, tive que tirar 10 cm de neve de cima do para-brisa do meu carro.

Agora me disseram também que um dia de caos como este, por conta do famoso “verglas”, é rarissimo por aqui. Pois é, ja tive a felicidade de ver isto também.

Como disse um amigo brasileiro, ter brasileiros por aqui (no Grupo SEB) é tão raro, que so pode ser a gente mesmo que esta atraindo este monte de coisas raras.

Qual sera a proxima raridade que me espera em Lyon?

Apesar de tudo, tenho tentado sempre ver o lado positivo das coisas: eu não tinha escutado radio antes da minha chefe me ligar, não tinha a minima idéia do caos que estava a cidade. Se ela não tivesse me ligado, com certeza eu teria saido com meu carrinho, com pressa (como sempre) e talvez tivesse me esborrachado em algum muro ou em algum outro carro. Depois, teve a assistente do departamento, que me ligou e ainda me deu carona. Que sorte de ter pessoas assim por perto!

Outra menina do trabalho não teve a mesma sorte: quando viu o caos que estava, ligou para o chefe e disse que ia chegar mais tarde. Ele ficou meia hora passando um sermão nela por telefone, dizendo que ela não levava o trabalho a sério, que a vida numa empresa não é assim e coisa e tal. Pode? Sem comentarios...

sábado, 10 de janeiro de 2009

I’m back!!!

Vamos começar com um mea-culpa hoje: eu sei que sumi... Faz mais de um mês que não escrevo aqui e isto definitivamente não se faz! Mas é que fim de ano é complicado, né? Ainda mais porque, como vocês bem sabem, eu passei duas semanas e meia no Brasil e dai, entre Natal no interior com a familia, Ano Novo na praia com os amigos e mais todas as outras baladinhas, jantares, almoços e afins para tentar ver todo mundo, a ultima coisa na qual eu pensei foi em atualizar o blog. Até porque vamos combinar, né? Foi muito mais engraçado eu contando as historias ao vivo para vocês ai...

Enfim, depois do mea culpa, FELIZ ANO NOVO!!! Desejo do fundo do meu coração que 2009 seja um super ano para todos, com muitas razões para comemorar. E que esta crise nojenta acabe logo, porque eu não aguento mais ouvir falar em recessão, desemprego, bolsas caindo, dolar subindo, pessoas preocupadas,... E, ja que é o fato de parar de consumir que pode piorar ainda mais a crise, eu estou fazendo a minha parte! Gastei os tubos ai no Brasil e também estou gastando o que posso e o que não posso aqui na França. Consumista, eu???? Imagina! Tudo em nome da macroeconomia e do bem estar mundial! Isto é que é um espirito altruista!

Bom, vou ver se escrevo um post sobre a “volta para a França”, mas ja queria dizer aqui que estas duas semanas e meia no Brasil foram revigorantes! Apesar de não ter conseguido ver todo mundo que eu queria (e lamento muito por isto), adorei encontrar todos que encontrei.

Amei passar um tempo com a minha familia (por mais doida que ela seja) e descobrir que meus priminhos queridos estão crescendo numa velocidade alucinante! Curti muito todas as baladinhas, o samba no Traço de União, o Diquinta, o Natal dos Caxia, o almoço na Granja Vianna, o jantar no coreano, a feirinha de artesanato no Center 3, a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, e mais todos os almoços e jantares japoneses e temakerias. Amei os três dias na praia, o dia nublado onde eu queimei até arder, o dia ensolarado onde eu fiquei embaixo do guarda-sol e o dia chuvoso regado a muita caipirinha e buraco, sem esquecer do ano novo propriamente dito, com direito a champanhe na praia, sete ondas devidamente puladas e festinha até quase o amanhecer.

Adorei também descobrir alguns leitores super fiéis do blog (né Cintia? rsrs). Valeu mesmo!!!

As despedidas foram tristes (com direito a tombo na escada com roxo na bunda e tudo), mas é sempre assim, né? Ja estou ficando calejada e minha mãe ja tem até o discurso pronto para quando eu digo que não quero voltar para a França! :)

E, para terminar este post, queria deixar aqui a letra da musica “Debaixo dos caracois dos seus cabelos”, que me faz pensar muito no que estou vivendo. Eu sei que esta musica foi escrita pelo Roberto Carlos para o Caetano Veloso na época da ditadura, quando este ultimo estava exilado na Inglaterra. E é claro que a situação de um exilio não se compara nem de longe com o meu caso. Mas é que escutar esta musica ai no Brasil me fez pensar muito na minha saudade, nas “historias que eu tenho para contar de um mundo tão distante” e na vontade que eu sinto de “ficar mais um instante”.

Um dia a areia branca
Seus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante

As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora
Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante

Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito
Uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Pisando a areia branca
Que é seu paraíso

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante