domingo, 22 de março de 2009

Madri: segundo dia

No domingo, acordamos umas 9h30, pois apesar de termos ido dormir tarde, não dava para perder o dia dormindo.

Acontece que dormir tarde + acordar cedo = Rachel com sono. E Rachel com sono = mau humor.

Não gente, não sou daquelas que acordam cedo e passam a manhã inteira de mau humor sem nem dar bom dia para os colegas de trabalho. Mas quando acordo, sobretudo depois de ter dormido pouco, preciso de um tempo para me acostumar com a ideia de que tenho, sim, que levantar. Uma meia horinha basica sem falar, sem escutar a voz de ninguém (com exceção, é claro, da propria assembleia que se organiza na minha cabeça – metade de mim dizendo que eu tenho que levantar e a outra metade dizendo que eu posso dormir “so mais cinco minutinhos”).

O duro é que, nesta viagem, foi-me negado o direito a esta meia horinha de manha e assembleia. Porque, vejam bem, uma das minhas colegas de quarto é uma daquelas pessoas que parecem saidas de um comercial de margarina, ou seja, ja acordam num bom humor irritante...

Saca aquelas pessoas que, não importa se dormiram pouco ou não, ja acordam abrindo a janela, deixando o sol entrar e falando pelos cotovelos ? Gente, elas não podem ser normais... Como assim dormir apenas 5 horas e acordar ao primeiro toque do despertador, sem reclamar, sem fazer manha, sem ter vontade de atirar o coitado contra a parede? E ja falando sobre como o dia esta lindo e sobre tudo o que querem fazer durante o dia? Acho que são seres humanos mais evoluidos... Em alguma outra vida eu chego la (ou não!).

Pois é, mas pior do que ter ao lado alguém que ja acorda falando pelos cotovelos, é alguém que acorda falando pelos cotovelos... em francês! Porque gente, ok. Ja faz oito meses que estou na França e meu francês evoluiu pra caramba... mas se quando acordo ja sou bloqueada até para falar português, imagina francês!!! Dai é que não sai nada mesmo...

Enfim, tudo o que consegui dizer (para não ser mal educada, apesar da minha cara feia) foi “bonjour”. E dai passei os proximos quinze minutos sentada na cama, travada, olhando para a mala sem conseguir decidir que roupa eu ia colocar.

Tenho certeza que, olhando de fora, foi uma cena hilariante. Imagina uma pessoa que acaba de acordar, não diz nada e fica quinze minutos olhando para a mala sem se mexer? Pois é, a pessoa que “acorda falando pelos cotovelos” não deixou de notar a graça da situação e de comenta-la, of course!

Bom, mas passado este momento “preciso-de-um-ctrl-alt-del”, o dia correu às mil maravilhas.
A primeira coisa que fizemos foi ir ao “El Rastro” que é tipo uma feirinha de artesanato com varias banquinhas vendendo varias coisinhas (bolsas, bijuterias, roupas, souvenirs,...). So que é simplesmente uma das maiores (senão a maior) feirinha da Europa. Imaginem ruas e ruas e mais ruas de feirinha hippie. Pois é. Um paraiso para as mulheres.

E eu tinha combinado de encontrar a Fernandinha (minha amiga brasileira) e o Fabio, namorado dela, justamente nesta feirinha. Sim, nesta feirinha, uma das maiores da Europa, onde havia mais ou menos umas três mil quinhentas e cinquenta e duas pessoas. Coisa muito facil hoje em dia, com celular. Não fosse o fato de que a pessoa aqui, apesar de ter deixado a campainha do celular no ultimo volume, não escutou nada. “Hein????? Vitrooooola!!!”

Pois é, mas Deus é pai e é brasileiro e quis que a Fernandinha me achasse no meio da muvuca mesmo assim. E foi um momento lindo quando escutei “Raaaaaaa” e virei para tras e vi a Fe! Que saudade!!!!

Do Rastro fomos para o Parque del Retiro, um parque simplesmente maravilhoso onde passamos a tarde inteira. Não tenho palavras para descrever o parque, é simplesmente lindo, enorme, maravilhoso. E o tempo ajudou à beça, estava um puta sol, céu azulzinho e até calor. Sem brincadeira, teve uma hora em que estava fazendo uns 25°C (não estou inventando, a gente viu no termômetro) e ficamos todos sentados à beira do lago so tomando sol (de roupa e tudo...) e curtindo. Depois ainda fomos tomar um sorvetinho e andar... Senti como se estivesse em férias, curtindo o sol, sem pressa, sem horario para nada... Foi muito bom, tudo o que conseguia pensar era que não queria voltar para Lyon. Fe, tem um lugarzinho para mim no seu apê?






Depois do parque, fomos ao Jardim Botânico, onde tiramos mais e mais fotinhos...





Enfim, passamos uma tarde “increible” com a Fernandoca e o Fabio. Obrigadão, vocês foram uns amores!!!

As duas “French girls” e eu voltamos para o hotel para uma descansadinha basica antes de sair à noite. No programa: PAELLA Y SANGRIA!!! Estavamos programando esta paella desde que chegamos a Madri... Huuummm...

A Sandrine, que ja morou um tempo em Madri, lembrou de um restaurante muito bom de paella. E foi para la que nos fomos!

A paella estava divina! Muito boa! E a sangria também.




Mas o mais engraçado estava por vir. Acho que colocaram alguma coisa na nossa sangria, porque com apenas dois copinhos, consegui ficar beeeem alegrinha! Trilili mesmo! E com a lingua solta, a ponto de confessar para as amigas que eu acho muito estranho o fato de que os franceses não abraçam os amigos e eu sinto falta de abraço (declaração mais bêbado-carente do que esta não existe). Mas esta historia do abraço é assunto para outro post...

Enfim, a trilili aqui começou a tirar foto de tudo, inclusive da cabecinha de um camarão que tinha sobrado da paella, camarão este que, a estas alturas do campeonato, ja tinha virado meu amigo e confidente (por isso que eu tirei a foto, queria ter uma lembrança do dito cujo).


O camarão amigo


E dai as três gracinhas voltaram para o hotel de metrô. So que estavamos tão alegrinhas que entramos na estação de metrô por uma catraca e continuamos andando (na direção errada) até passar por outra catraca. Quando nos demos conta de que, na verdade, tinhamos acabado de passar a catraca de saida da estação, ja era tarde... Tentamos voltar, mas nossos bilhetes não funcionavam. Como fazer então? Tinhamos que passar a catraca de volta para entrar de novo no metrô... Bom, so tinha um jeito: passar por baixo da catraca, é claro! E foi o que fizemos...

So que dai eu, que sou normalmente muito certinha, comecei a me achar a “ILEGAL” e rindo que nem uma tonta comecei a gritar que a policia ia vir nos pegar. E, pensando bem, gostei da ideia (os policiais espanhois são beeeeem bonitinhos). E dai juntava as minhas duas mãozinhas assim como quem esta algemada, olhava para as câmeras e perguntava: “Onde estão os policiais? Eles não vão vir prender a gente? Quero ser presa, cadê a policia?”. Lamentavel... So que na hora tava tudo muuuuuuito engraçado e cada frase que eu soltava, as meninas riam e cada vez que elas riam eu tinha mais vontade de fazer graça e assim foi. Voltei o caminho todo dentro do metrô perguntando se a policia não ia vir prender a gente...

Não, ninguém prendeu a gente. Ou porque os funcionarios do metrô viram que estavamos bêbadas ou porque eles não entenderam que eu estava pedindo para ser presa (eu estava falando em francês...).


Olha minha cara de completamente trilili no metrô!

Anyway, chegando ao hotel, me troco, deito na cama e ainda solto esta: “Laetitia, sera que da para você apertar o botão que faz o quarto parar de rodar?”

Mais gargalhadas.

E eu ainda não acredito que foram so dois copinhos de sangria que fizeram todo este estrago!!!

2 comentários:

très julie disse...

estou adorando as histórias da viagem! e louca de vontade de conhecer madri.

Unknown disse...

Essa história de bom humor matinal me fez lembrar de Natal quando vc ficou brava comigo por estar bem humorada no ônibus... mas já tinha passado meia horinha, então teoricamente vc não podia ter ficado brava comigo, rsrs... boas lembranças... saudades amiga!!
beijos